O regresso da política
Após as eleições, a política
adormeceu nos Açores. Entre a constituição do novo governo de Vasco Cordeiro e
a sua tomada de posse, nada de relevante aconteceu a nível interno. A última semana
serviu para acabar com essa inércia.
Num ato de coragem política em prol
da Região, mas sobretudo numa demonstração de força e vitalidade, o PS Açores,
pela voz de Berto Messias, decidiu apresentar a fiscalização sucessiva do
Orçamento de Estado para 2013. O Orçamento apresentado tem suscitado dúvidas
constitucionais a diversas especialistas na matéria e personalidades dos vários
quadrantes políticos, incluindo aqueles que sustentam a maioria. Tendo em conta
a decisão do Tribunal Constitucional que condenou a forma como foram anulados
os subsídios de férias e Natal dos funcionários públicos no OE 2012, é normal
que este Orçamento, incomparavelmente mais austero, crie ainda mais reticências
do que o anterior.
Limitando-me a uma apreciação
política, por não dominar o teor jurídico da iniciativa, é importante que a mãe
de todas as leis não seja sucessivamente atropelada em nome de uma suposta questão
de interesse nacional. A diferença entre uma ditadura e uma democracia reside nesse
princípio: o respeito pela Constituição.
Sempre me fez confusão a importância
que as instâncias internacionais – e até o próprio governo português - têm conferido
às Constituições da Alemanha e da Irlanda para as questões europeias - das
quais os restantes países acabam por depender -, mas relegue a portuguesa para
segundo plano. O memorando e as sucessivas avaliações da Troika mandam cortar a despesa e reformar o país. Caberia ao
governo português fazê-lo respeitando as leis da Nação.
Já repararam como todos os políticos
aguardam ansiosamente pelo desfecho das eleições na Alemanha?
O PSD de Duarte Freitas
A tarefa do novo Presidente do PSD
Açores não será fácil, como bem o sabemos. Único candidato, simplesmente porque
a conjuntura não interessa a outros notáveis do partido, não deixa de ser
interessante observar como a apresentação de várias candidaturas à liderança do
PSD de São Miguel agite mais o partido do que propriamente a nova liderança
regional. Duarte Freitas não merecia tomar conta do partido nesta altura.
Apesar da sua relutância em
apresentar-se como um candidato a prazo, as próximas eleições autárquicas serão
a sua prova de fogo. Os prognósticos não são bons para o PSD, mas há a
possibilidade de surpreender. Apostar com candidaturas fortes para Ponta
Delgada, Vila Franca do Campo (Rui Melo não interessa) e Angra do Heroísmo deve
ser uma prioridade para que haja realmente condições para existir um
contrapoder nos Açores. A supremacia do PS Açores torna-se assustadora,
inclusive à luz dos próprios socialistas.
O
comunismo não morre?
O
líder do PCP Açores, Aníbal Pires, deu uma entrevista ao DI que classificaria
de “entrevista Calimero”. A vitimização é uma estratégia para os fracos que não
conseguem fazer vingar os seus pontos de vista junto dos outros.
O
mal não está nas promessas e nos jantares do PS e PSD, nem nas pressões, como
alega o comunista, pois sempre existiram. Sabemos como as propostas dos
partidos são, na maior parte das vezes, inconsequentes e demagógicas. Aliás, o
que propunha o PCP Açores na campanha eleitoral? Para além de rasgar qualquer
memorando, regional ou nacional, exigia, entre outros, um aumento do número de
deputados no Parlamento açoriano; a devolução dos subsídios de férias e de Natal
aos funcionários públicos; o aumento do salário mínimo e do complemento de
pensão; a redução a fatura da EDA e o fim das taxas moderadoras no SRS. Para
além do dilema ideológico de, por um lado, desejar a saída dos americanos da
Ilha Terceira, dá-se agora ao desplante de defender aguerridamente os
trabalhadores portugueses contra a decisão dos “imperialistas” em reduzir o seu
contingente militar.
Segundo
o camarada açoriano, só o comunismo é que entende o sofrimento do povo e os
outros partidos é que são uns demagogos.
Omitindo
países de sucesso como Cuba ou a Coreia do Norte, Aníbal Pires continua, mesmo
assim, sem perceber por que há tantos anticomunistas primários. A culpa é da
Democracia, camarada.
Um início auspicioso
O Secretário Regional da Educação,
Luís Fagundes Duarte, quer anular a aplicação de multas aos pais. É preciso
saudá-lo e encorajá-lo a matar com essa monstruosidade o mais depressa
possível.
O absentismo escolar pode ser
atenuado com o alargamento do ensino pré-profissional e profissionalizante, e a
indisciplina pode ser reduzida delegando mais poder às escolas na aplicação de
medidas sancionatórias.
Espera-se que a sensibilidade social
do Secretário Regional, manifestada em prol dos pais, se estenda aos
professores contratados. A situação está a tornar-se insustentável.
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