A marca PS
Os placards do candidato do PS à
Câmara de Angra, Álamo Meneses, são agradáveis à vista, pois mostram locais
emblemáticos da cidade. Esta estratégia de campanha pouco usual acaba por
demonstrar o peso que o Partido Socialista tem na sociedade açoriana, porque,
se a foto do candidato não está presente, o símbolo do PS está lá bem patente.
Esta é a marca que os socialistas
ostentam com orgulho, porque muito açoriano assina de cruz, sem precisar de
conhecer realmente o candidato ou as suas ideias. Nos últimos anos, o concelho
de Angra tem vivido uma situação anómala. Em termos políticos, prevaleceu o
interesse partidário ao invés do concelho. Os angrenses sabem que a Praça Velha
tem servido de palco para a dança de cadeiras na presidência, onde a única
coisa que nunca falha é a lealdade para com o partido, disfarçada por um silêncio
constrangido, mas cúmplice. Há quem louve um partido político assim; eu cá
prefiro a liberdade na expressão de convicções e na manifestação de carácter.
Na Praia da Vitória, a marca PS já
não é tão relevante, porque o seu candidato, Roberto Monteiro, vale por si só.
Apesar da enorme margem de conforto nas hipóteses de recondução, Roberto
Monteiro tem pugnado por um discurso crispado contra as duas instituições mais
marcantes da cidade: as Forças Aéreas Portuguesa e Americana.
Discordo de uma tese que tem
veiculado sobre o alegado prejuízo que a Terceira tem sofrido pelo facto de
receber poucas escalas técnicas de aeronaves. Primeiro, considero que certas
pessoas deviam remeter-se ao silêncio neste e noutros assuntos porque defender
a ilha Terceira não pode rimar com demagogia, nomeadamente quando há eleições à
porta. Segundo, porque a presença militar portuguesa e, sobretudo, americana tem
rendido milhões à economia da Praia. Dos salários dos trabalhadores, aos
contratos para empreitadas e prestação de serviços, não me parece que haja
escalas técnicas que rendam tanto dinheiro. Ter uma base militar tem os seus
inconvenientes, mas as últimas décadas comprovam, pelo contrário, um enorme
proveito.
A actual crise, com a agravante da
redução de militares americanos, não pode alimentar um discurso revanchista
relativamente a quem tanto deu e fez por esta terra. Não se pode reescrever a
história da Base das Lajes ao sabor de estados de alma (tanta falta que faz um
Museu da Base).
Felizmente, ainda há quem não tenha
desistido e lute nos corredores de Washington e do Pentágono para defender a
nossa Base. Benditos lusodescendentes.
Perante um cenário negro, o Concelho
da Praia não precisa de uma Câmara forte, precisa é de uma oposição reforçada.
Os últimos quatro anos provaram que de nada vale ter um partido único a mandar
na autarquia, na Assembleia Municipal ou nas freguesias. Ninguém esquecerá
alguns episódios lamentáveis de compadrio, arrogância política e abuso de
poder. Não fosse o bailinho dos idosos o exemplo mais marcante e baixo dessa
situação.
Por isso, o facto de ter até agora
três candidatas (PSD, CDS e Bloco) é manifestamente uma sinal encorajador que
vai no sentido da necessidade de pluralidade democrática no seio da autarquia
da Praia. Aliás é tão encorajador que o facto de serem exclusivamente mulheres
nem sequer é assunto.
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