Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, novembro 06, 2006

Angra, capital da calamidade?


Para o governo da república, como para o executivo autárquico de Angra do Heroísmo, Outubro de 2006 tem um significado especial: é o mês do fim do “Estado de Graça”. O primeiro por trapalhadas em catadupa, o segundo por inércia total. Para ambos, o descontentamento da população aumenta e a oposição ganha fôlego e argumentos para pôr em causa as acções governativas.

Em Angra, o crescimento da insatisfação popular podia ser datado, tendo como ponto de partida as últimas São Joaninas. Mas para outros, poderia remontar às últimas eleições autárquicas quando a maioria da população deu o seu voto ao PS em vez de o atribuir ao PSD. Numa conferência de imprensa do órgão concelhio e autárquico do PSD, a oposição chamou a atenção dos angrenses para uma questão premente que está a tomar proporções preocupantes. A cidade Património Mundial encontra-se num estado de degradação progressiva fruto do desleixo a que a Câmara Municipal a votou. Os exemplos dessa deterioração estão à vista de todos, mas, de tão resignada que parece a população angrense, ninguém repara ou, pelo menos, se queixa. Daí a obrigação dos partidos da oposição em prestar um serviço público essencial à democracia que é a de criticar, fiscalizar a acção executiva, apresentando sempre alternativas.

A câmara, pela mão do seu presidente, respondeu com uma ideia inédita. Supostamente, em vez de criar “um muro de lamentações alaranjadas”, Angra deve tornar-se a capital da hospitalidade. Se isto não é um insulto à população que elegeu este edil. Os angrenses têm assim tão mau feitio? Algum turista ou visitante se queixou por ter sido mal recebido? Era preciso esclarecer o fundamento desta proposta tão original, mas sobretudo infeliz. E porque não pedir aos moradores para limpar as ruas, tornando “Angra capital da limpeza”? Na verdade, há falta de ideias na vontade de renovar a imagem de Angra, dando-lhe um novo alento. A falta de dinheiro não pode servir de desculpas para não fazer nada. Mais uma vez, em tempos de crise trabalha-se com aquilo que se tem. Os serviços de manutenção, tais como de jardinagem, de reparação existem para alguma coisa.

Quem fica a perder pela falta de iniciativa não é só Angra, a Terceira também perde. Voltando ao fantasma de São Miguel, a discrepância entre as duas ilhas torna-se cada vez mais evidente. O turismo é um dos sectores de actividade que comprova este pensamento. Enquanto que na ilha verde – e noutras ilhas – o número de visitantes continua a aumentar graças à exploração de novos mercados, na Terceira este número diminui. As razões para tal decréscimo dizem tudo: o problema reside nos transportes e na animação. É verdade que os órgãos públicos não têm obrigação de fazer tudo. Contudo, na realidade insular em que nos encontramos, cabe às instituições públicas dar o primeiro passo, prepara o terreno, atrair os privados para investir na ilha.

No entanto, nem tudo está perdido. A edilidade da Praia da Vitória encontra-se no seu primeiro mandato e, como tal, gente nova com ideias novas tem muita vontade em reformar o seu concelho. Os resultados aparecem. Nas actividades culturais, na atracção turística e empresarial, todos estes sectores apresentam indicadores satisfatórios e em crescimento.

Até às próximas eleições autárquicas, os angrenses sabem que se podem deslocar à outra cidade se quiserem mais animação e melhor oferta turística. Em Angra, encontrarão as ruas vazias mas cheias de “hospitalidade”.

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