Os filhos da Alemanha
Para inaugurar o novo ano, o governo alemão decidiu entregar um prémio de 25 mil euros a todas as suas concidadãs que, a partir de 2007, tivessem um filho. O objectivo desta medida consiste em voltar ao número de nascimentos igual à taxa que a Alemanha tinha logo após a Segunda Guerra Mundial. Actualmente, o gigante europeu encontra-se numa grave crise demográfica em que os índices de reposição da população nacional se encontram muito baixos. Quase que se pode dizer que os alemães estão em vias de extinção! Obviamente, o problema não é em nada igual à de certas espécies animais, pois o problema é de carácter socio-económico. Para muitos, esta medida é sedutora, no entanto, servirá os propósitos do governo da chanceler Angela Merkel?
Este problema não é sintomático da Alemanha, mas de todos os países europeus, inclusive Portugal. As actuais famílias optam por uma nova filosofia de vida, em que o sucesso pessoal é atingido com a ascensão profissional, com a obtenção de bens materiais e já não com a perpetuação de gerações. Se dantes os pais trabalhavam arduamente para que os filhos tivessem um futuro melhor, agora interessa o presente e a auto-satisfação; significa que é possível melhorar a própria vida e não resignar-se a ela e ao rumo que segue. Não se trata aqui de criticar esta perspectiva de vida; trata-se simplesmente de a constatar. As mulheres fazem parte da força laboral, artística, desportiva, científica, empresarial e política do mundo. A sua emancipação levou a que o conceito tradicional de família fosse redefinido. O próprio aumento dos divórcios, das famílias monoparentais ajudam também à reformulação deste conceito.
O Estado, que tem uma visão mais distante e prospectiva, reconhece que o actual caminho dado à satisfação unipessoal pode dar origem a problemas demográficos graves. Como substituir a presente força trabalhadora se não há crianças suficientes? Como pagar as futuras reformas se não houver trabalhadores suficientes? Muitos países, como o nosso, escolheram aumentar a idade de trabalho (dizem que é de reforma), sob o pretexto que as pessoas vivem mais. É uma verdade indiscutível. No entanto, em que condições estarão pessoas com 65 anos para desempenhar os actuais cargos que ocupam com os actuais 35 anos de idade? Uma coisa é recorrer à medicina para prolongar a vida, outra é recorrer às leis. A primeira tem efeitos paliativos; a segunda pode ter efeitos depressivos. Esta é uma opinião muito discutível, pois não há dúvidas de que na sociedade a utilidade é um sentimento que reforça os laços com a vida e entre as pessoas.
Contudo, a política encetada pelo governo alemão pode não corresponder àquilo que este deseja. Isto por uma razão simples. Não é com dinheiro que se moverá uma mulher ou um casal de prescindir das suas ambições pessoais. Se a possibilidade de ter um ou mais filhos diminui a hipótese de subir na carreira profissional, de ter um carro de alta gama ou uma casa melhor, então simplesmente não haverá filhos. Pode parecer duro, mas é assim que as coisas estão para o lado ocidental. Nunca o egocentrismo foi levado tão à letra!
O modelo nórdico que consiste em apoiar as mulheres durante e após a gravidez, permitindo-as trabalhar menos horas – sem prejuízo de salário ou do emprego – e passar mais tempo com a família é o caminho certo a seguir. Assim, consegue-se compatibilizar os dois pontos de vista: o pessoal e o nacional.
Mais uma vez é interessante reparar que a Alemanha e outros países se desdobrem em acções legislativas para estimular o nascimento de crianças e que Portugal esteja a votar a possibilidade de anulá-lo com o próximo referendo ao aborto.
Este problema não é sintomático da Alemanha, mas de todos os países europeus, inclusive Portugal. As actuais famílias optam por uma nova filosofia de vida, em que o sucesso pessoal é atingido com a ascensão profissional, com a obtenção de bens materiais e já não com a perpetuação de gerações. Se dantes os pais trabalhavam arduamente para que os filhos tivessem um futuro melhor, agora interessa o presente e a auto-satisfação; significa que é possível melhorar a própria vida e não resignar-se a ela e ao rumo que segue. Não se trata aqui de criticar esta perspectiva de vida; trata-se simplesmente de a constatar. As mulheres fazem parte da força laboral, artística, desportiva, científica, empresarial e política do mundo. A sua emancipação levou a que o conceito tradicional de família fosse redefinido. O próprio aumento dos divórcios, das famílias monoparentais ajudam também à reformulação deste conceito.
O Estado, que tem uma visão mais distante e prospectiva, reconhece que o actual caminho dado à satisfação unipessoal pode dar origem a problemas demográficos graves. Como substituir a presente força trabalhadora se não há crianças suficientes? Como pagar as futuras reformas se não houver trabalhadores suficientes? Muitos países, como o nosso, escolheram aumentar a idade de trabalho (dizem que é de reforma), sob o pretexto que as pessoas vivem mais. É uma verdade indiscutível. No entanto, em que condições estarão pessoas com 65 anos para desempenhar os actuais cargos que ocupam com os actuais 35 anos de idade? Uma coisa é recorrer à medicina para prolongar a vida, outra é recorrer às leis. A primeira tem efeitos paliativos; a segunda pode ter efeitos depressivos. Esta é uma opinião muito discutível, pois não há dúvidas de que na sociedade a utilidade é um sentimento que reforça os laços com a vida e entre as pessoas.
Contudo, a política encetada pelo governo alemão pode não corresponder àquilo que este deseja. Isto por uma razão simples. Não é com dinheiro que se moverá uma mulher ou um casal de prescindir das suas ambições pessoais. Se a possibilidade de ter um ou mais filhos diminui a hipótese de subir na carreira profissional, de ter um carro de alta gama ou uma casa melhor, então simplesmente não haverá filhos. Pode parecer duro, mas é assim que as coisas estão para o lado ocidental. Nunca o egocentrismo foi levado tão à letra!
O modelo nórdico que consiste em apoiar as mulheres durante e após a gravidez, permitindo-as trabalhar menos horas – sem prejuízo de salário ou do emprego – e passar mais tempo com a família é o caminho certo a seguir. Assim, consegue-se compatibilizar os dois pontos de vista: o pessoal e o nacional.
Mais uma vez é interessante reparar que a Alemanha e outros países se desdobrem em acções legislativas para estimular o nascimento de crianças e que Portugal esteja a votar a possibilidade de anulá-lo com o próximo referendo ao aborto.
1 Comentários:
Great work.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial