Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, maio 07, 2007

Golpe palaciano em Angra


Na semana em que se festejou a liberdade pelo país fora, aconteceu uma coisa insólita durante a assembleia da Câmara de Angra. "O grupo parlamentar socialista pediu [para não usar o verbo exigiu] que o presidente da câmara e o presidente da assembleia façam o ponto da situação em cada uma das recomendações aprovadas desde o início da legislatura e ainda não concluídas". No momento, a comunicação social percebeu a polémica que daí vinha e deu uma grande cobertura noticiosa do sucedido. Com o tempo, as coisas parecem ter acalmado. No entanto, neste caso o que parece não é. Na Câmara de Angra, pode estar actualmente a ser preparado um golpe de destituição do presidente José Pedro Cardoso.



Daquilo que aconteceu nessa assembleia é preciso retirar duas ilações. A primeira é que com essa tomada de posição os socialistas de Angra reconheceram que o executivo da câmara, nomeadamente o seu edil, está em apuros porque os resultados são insatisfatórios ou, diria eu, inexistentes. A segunda, que é mais grave, é que de um momento para o outro os parlamentares socialistas acordaram para a vida e para as funções para as quais foram eleitos que consiste em fiscalizar, contrapor e ajudar, já que são da mesma cor política, os responsáveis pela cidade. Se fosse a oposição a exercer este tipo de pressão seria perfeitamente normal se bem que injustificado, pois à oposição cabe-lhe o dever de fiscalizar todos os dias as políticas camarárias e não o de fazer ultimatos.



É óbvio que os angrenses estão completamente à margem destas intrigas políticas. O que querem é ver resultados práticos na resolução dos problemas do concelho, melhorias na sua qualidade de vida e pouco se importam com discussões de lugares ou chicanas partidárias. Porém, este problema levantado pelos socialistas é provavelmente a razão que explica o marasmo em se encontra a cidade património mundial. Se o executivo camarário é socialista, se os deputados que provocaram a polémica são igualmente socialistas então o que se passa? Estará o mundo virado de avesso?



Nas últimas eleições autárquicas para o Concelho de Angra, os eleitores tinham de escolher entre dois concorrentes. Pelo PSD tinham Carlos Costa Neves. Pelo PS José Pedro Cardoso que exercera altas funções camarárias na anterior legislatura inacabada de Sérgio Ávila. O que se viu nos resultados é que a população decidiu premiar o candidato socialista mais pelo trabalho feito por Sérgio Ávila do que propriamente pela pessoa eleita. Presentemente, vê-se que o actual presidente não é tão aclamado como o fora seu antecessor e que até constitui uma desilusão para quem votou nele. Logicamente, todo o executivo camarário do PS é responsável mas o presidente será quem dá a cara pelo falhanço desta câmara que se torna cada vez mais visível. Os socialistas, implicitamente, reconheceram o erro de casting na escolha do presidente. Todavia, em vez de demonstrar solidariedade institucional para com ele nos momentos difíceis, estão a desencadear uma espécie de assassinato político no centro da Praça Velha para que toda gente pense que o culpado é e só José Pedro Cardoso. Os angrenses precisam de saber a verdade porque, como disse anteriormente, se o concelho de Angra se encontra parado é porque estas manigâncias políticas estão a surtir efeito e a presidência camarária encontra-se entre a espada e a parede ou, melhor dizendo, entre a oposição e o PS.



No meio disto tudo, é preciso ter em conta que chefiar a câmara da segunda cidade mais importante dos Açores é também exercer uma espécie de liderança da ilha Terceira. Se a governação for fraca não só os angrenses são prejudicados como todos os terceirenses.



Numa conjuntura tão importante para a região como agora em que o centralismo cego do Estado e a subserviência interesseira do governo regional para com o arquipélago têm levado à concentração de instituições públicas para a ilha de São Miguel em detrimento das outras ilhas, a Terceira precisa de alguém que se afirme e se oponha a este ataque sem precedentes contra a distribuição equitativa de poderes e instituições regionais.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

A foto que ilustra o post já tem uns anos... Nota-se a diferença.Cada vez que mexem nesta Praça deixam-na pior do que estava... É uma bela Praça, é o coração de Angra que, tal como toda a cidade, parece estar votada ao esquecimento. Da Câmara, só não vê o seu estado quem não quiser.
P.

5:32 da tarde  

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