Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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terça-feira, julho 24, 2007

Traições no PSD/Açores


Ultimamente, muito se tem discutido sobre a Direita em Portugal. O PSD e o CDS estão em crise, disso não há dúvidas. Esta crise assenta em dois pontos: por um lado, a crise ideológica. A Direita deixou de ter uma agenda política interessante e inovadora. A Direita anda a reboque das propostas de um governo socialista de centro-direita que ocupou o seu espaço político. Não tem margem de manobra e, acabando por concordar com a base reformista de José Sócrates, quando é crítica mais parece um partido de Esquerda. Por outro lado, há uma crise de liderança e esta é decisivamente a maior dificuldade que esses partidos estão a enfrentar.



O facto de serem sempre as mesmas figuras que lideram esses partidos acaba por afectar o voto popular. Não há um sentimento de confiança; por se manterem demasiado tempo nos altos cargos do partido, essas pessoas já não galvanizam e até produzem o efeito contrário. Já não se vota neles: vota-se contra eles; e as eleições de Lisboa são o mais recente exemplo disso. Toda este clima é propício às guerrilhas inter-partidárias. Contudo, os que se opõem às lideranças também se encontram em igual situação: são os mesmos do costume. Não havendo renovação, qualquer partido estagna. Um partido que estagna afasta os eleitores. Não há equação política mais certeira do que esta.



Nos Açores, apesar da distância geográfica, despoleta o mesmo tipo de guerrilhas. De facto, a natureza humana é a mesma. Alguns dirigentes do PSD/Açores, usando os problemas do PSD nacional como trampolim, acordaram de um longo silêncio para questionar a actual liderança de Costa Neves. Como é óbvio, as pessoas são livres de exprimir livremente o seu ponto de vista, mas tendo em conta que se trata do maior partido da oposição na região, que segue uma estratégia própria de combate ao governo com vista às próximas eleições legislativas regionais, estas críticas internas foram inconvenientes, inoportunas e com futuros efeitos negativos para o eleitorado. Existe lugares próprios – longe do ruído provocado pela comunicação social – para discutir as opções do PSD/Açores em termos de oposição, e esta fractura que se criou poderá ter efeitos nefastos para todos os dirigentes do partido laranja, inclusive para os ditos críticos.

A pluralidade de opinião é sempre saudável, logo que seja feita com seriedade. No entanto, os argumentos apresentados pelos críticos deixam muito a desejar. Alegam que a actual oposição feita por Costa Neves é frouxa e apresentam como alternativa Natalino Viveiros. Nas últimas eleições internas do partido, há dois anos atrás, foram exactamente os mesmos candidatos à liderança. Candidatos estes que provam a tal tese de falta de renovação de quadros e de gente nova, isto é, os mesmos do costume. Os críticos também questionam a continuação do presidente do PSD/Açores no actual cargo por ter sido constituído arguido muito depois da notícia ter vindo a lume. Perante isto, podia-se pensar que se trata do discurso do PS, mas não. Pertencem ao mesmo partido. Do exterior, estas acções e atitudes só levam a uma interpretação: a traição. Ainda para mais, quando o líder do Partido Socialista nos Açores, Carlos César, aquando da publicação da notícia sobre a condição de arguido de Costa Neves (e não muito depois), demonstrou publicamente a sua solidariedade para com ele, dizendo que era uma pessoa honesta – alguns poderão dizer que o cinismo tem dessas coisas. No PSD/Açores, não se ouviu nenhum notável a demonstrar o mesmo. Isto só prova que a liderança está fracturada, que o partido não está unido.


No fundo, há uma posição que tem alguma sustentação, mas que pecou por tardia, daí ser inoportuna. Se, legalmente, a condição de arguido não interfere na vida da pessoa em questão, em termos políticos já tem muito que se lhe diga. É, eticamente, muito complicado ser-se candidato à presidência do governo regional nessa condição jurídica. Para os que têm dúvidas, o pedido de demissão devia ter sido logo pedido e não agora. O Partido Socialista esfrega as mãos de contente e segue o seu rumo aproveitando para dar lições de como se deve fazer oposição. Assim, a “hecatombe” que se verificou em Lisboa poderá ter repercussões no meio do Atlântico.


No PSD Açores, alguns notáveis aguardam por um milagre. Esperam que alguém apareça e tome conta do partido levando-o à vitória nas eleições de 2008. Mas a política não é uma religião que tem o seu Messias. Na política, as coisas constroem-se devagar, com paciência, com consenso e, sobretudo, com lealdade. Sem dar esses passos, o partido ficará por largos anos na oposição.

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