Angra a votos
Bem vistas as coisas, Angra do Heroísmo sofre de uma falta de visão estratégica há vários anos. A actual crise política não aparece agora por acaso. Ela tem origens mais profundas e distantes no tempo. Posso dizer que desde que Sérgio Ávila deixou o cargo de Presidente da Câmara de Angra rumo ao Governo Regional que a cidade património nunca mais voltou a ter o mesmo dinamismo.
Bem vistas as coisas, não foi Angra que ficou órfã de um político competente. Na verdade, apesar de ser ter mantido no poder, o PS Terceira nunca mais voltou a encontrar alguém que pudesse continuar com o legado que Sérgio Ávila deixara. Ficou um vazio. Os angrenses acreditaram nos socialistas, mas estes já não tinham mais nada de novo a dar aos angrenses.
O PS Açores, pela mão do seu presidente, Carlos César, via-se assim obrigado a intervir para que o segundo maior município dos Açores não caísse em mãos alheias. O antigo presidente, José Pedro Cardoso, dispunha de maioria, mas não conseguiu impor-se. O PS via-se obrigado a dispensá-lo. A actual Presidente, Andreia Cardoso, parecia uma lufada de ar fresco no panorama político terceirense, uma promessa futura do PS, mas o que se vê é que o erro de casting se manteve. Andreia Cardoso não está a corresponder às expectativas dos Angrenses.
Claro que agora torna-se mais fácil fugir a esta verdade incómoda, refugiando-se na vitimização ao acusar a oposição de prejudicar o concelho. Mas não é suficiente para explicar a verdadeira origem do mal: os angrenses estão fartos de ver a sua querida cidade estagnada no tempo.
A actual crise política não pode ser resolvida esperando que o mandato acabe no período regular, mantendo-se o actual imbróglio. Angra já não pode esperar mais. Se tivesse a certeza de ser reeleita, Andreia Cardoso ter-se-ia logo demitido pedindo, em eleições antecipadas, a maioria que lhe faz falta para acabar de vez com aquilo que chama de “incompetência da oposição”. Provavelmente, todo o PS de Angra percebeu que a situação é grave e que uma nova eleição pode significar a perda da câmara.
Contudo, as favas estão longe de ser contadas para o PSD de António Ventura ou o CDS de Artur Lima. Se provocarem eleições antecipadas, como irão gerir este desafio?
Neste provável cenário, covinha a estes dois partidos equacionar a hipótese de se coligarem de forma a aumentar significativamente as probabilidades de vencer as eleições com maioria absoluta. É importante realçar que os angrenses não perdoariam uma campanha eleitoral antecipada em que uma diversidade de candidatos alimentasse a crispação já de si insustentável, levando a um resultado parecido ao das últimas eleições. Angra precisa de uma maioria estável para que haja um cumprimento rigoroso do programa sufragado. Como se percebe pelas minhas palavras, o PS já teve oportunidades a mais que não soube aproveitar. Criou-se um caminho para que os outros partidos possam mostrar a sua visão para Angra. O tempo urge.
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