Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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sábado, maio 05, 2012

O fim da adolescência dos Açores



         
   Até agora, os Açores passaram por duas fases. A primeira, que se iniciou após a Revolução de Abril e que conferiu ao arquipélago a sua autonomia política, foi a fase da Infância. A segunda, com a ascensão dos socialistas à governação e o fortalecimento da União Europeia, foi a fase da Adolescência. 

            Nos primórdios da sua autonomia, as prioridades que se estabeleceram foram a de prover a Região com estruturas básicas para cada uma das ilhas. O atraso dos Açores era brutal, fruto do isolamento a que o Estado Novo lhe tinha votado. Faltava fazer tudo. 

            O PSD de Mota Amaral governava. A oposição era praticamente única e exclusiva da responsabilidade do PS. É verdade que existia uma relação forte entre os governos de Cavaco Silva e os das Regiões Autónomas, todas do PSD. Para o bem da Democracia portuguesa, o PS conquistava cada vez mais câmaras, preparando assim os seus altos dirigentes para altos voos que daí adviriam.

            Findos os mandatos de Cavaco Silva, António Guterres ascendia ao poder. O PSD acusava desgaste e o PS era uma lufada de ar fresco. Entretanto, Mota Amaral batia com a porta de forma inesperada. Carlos César ganhava as eleições. Os Açores despediam-se do seu primeiro ciclo político, da sua infância enquanto autonomia. 

            A União Europeia, fulgurantemente rica, permitia que os Açores dessem um salto no seu desenvolvimento económico e social. O mundo ficava mais perto, as tecnologias permitiam torná-lo plano e acessível às ilhas perdidas no meio do Atlântico. Isto já não era a Lua, era mesmo na Terra. O PS Açores conquistava tudo e todos, mas ao mesmo tempo, uma nova geração de políticos aparecia com ideologias distintas. Novos partidos ganhavam assento no Parlamento Regional. Parecia que a Democracia estava de boa saúde na Região. Mas, na realidade, não era bem assim.

            A Região importava demasiado, o seu PIB crescia pouco, mantendo-se como uma das regiões mais pobres da União Europeia. Os custos sociais aumentavam; o número de pessoas que viviam de apoios estatais e, em consequência sem atividade profissional, eram desproporcionados em relação a um arquipélago tão disperso e pouco populoso. Politicamente, havia um sufoco por parte do Governo Regional que se imiscuía demasiado na vida das empresas, tentando controlar todas as atividades económicas. A cunha e os favores políticos abafavam qualquer tentativa de autodeterminação empresarial. As famílias açorianas mais ricas e influentes ficavam de fora desse sistema, mas aproveitavam-se do seu poderio económico para crescerem ainda mais. Quando algo corria bem, era graças ao Governo. Quando algo corria mal, o Governo Regional reclamava junto do Governo da República. Se esse último fosse de Direita então os protestos eram a dobrar. A mensagem era simples: os Açores são uma região pobre e isolada, por causa disso, precisa de ser sempre ajudada. A República só tem obrigações, a Região somente direitos. A solidariedade deve sempre partir do continente, nunca ao contrário. E ai de quem se meta na vida dos açorianos. “Na Região, mandam os que cá estão!”

            Os Açores mais pareciam aqueles adolescentes mimados que pedem constantemente dinheiro aos pais, mas que nunca os deixam entrar no quarto. 

Entretanto, uma crise sem precedentes chegava a Portugal. E tudo mudou. 

            Os Açores tiveram anos para criar condições para serem mais autossustentáveis, em todos os aspetos. A autonomia política foi uma espécie de pacto de responsabilidade. O continente já não consegue sustentar as suas ilhas. O tempo da lamúria acabou. O tempo do discurso do coitadinho esgotou-se. O segundo ciclo político dá-se por encerrado. 

Os Açores vão precisar de se emancipar economicamente, porque a dependência financeira das verbas do Estado e da Europa criou vícios, preguiça, atitudes essas que não se coadunam com o verdadeiro espírito autonómico. E as dívidas contraídas põem em causa a liberdade política da Região. Por uma questão de sobrevivência, os Açores têm de depender cada vez mais de si próprios.

            Chegou o momento de os Açores entrarem na fase adulta. O terceiro ciclo político começa agora.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

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11:39 da manhã  

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