RTP Açores – A telenovela continua
Não deve existir maior consenso na
sociedade açoriana do que aquele que incide sobre a RTP Açores: o canal de
televisão faz parte do património da Região e não pode de maneira nenhuma desaparecer.
Já muito se opinou sobre o assunto,
desde que o Governo da República manifestou a vontade de privatizar a RTP. Se,
numa primeira fase, parecia haver um plano delineado, com o tempo verificou-se
que, na verdade, o Governo não tem estratégia nenhuma, pois mais de um ano após
o anúncio, a privatização não se consumou como ainda se encontra em fase de
estudos. Mas, no meio de todo este imbróglio, há um aspeto positivo: devido às
restrições impostas ao canal regional, a opinião pública açoriana sentiu
necessidade de debater o futuro da sua RTP.
Durante a campanha eleitoral, os
partidos tiveram a oportunidade de apresentar as suas propostas para um novo
modelo de televisão. Cumprindo com a promessa eleitoral, o Presidente do
Governo Regional reuniu-se com o Ministro Miguel Relvas, propondo-lhe a criação
de uma empresa regional que assegure o serviço público de televisão e rádio,
exclusivamente com financiamento da República e acrescentando-lhe as receitas
da cobrança da taxa audiovisual realizada nos Açores. Isto é, a ideia é que a
RTP Açores seja 100% regional, mas paga por Lisboa. O aspeto muito positivo da
proposta é a intenção de sufragar na Assembleia Regional os nomes para dirigir
a empresa, mediante a aprovação por dois terços dos deputados. Contudo, na substância,
a proposta é irrealista por ser demasiado ambiciosa.
As condições apresentadas não
obrigam a nenhum compromisso financeiro por parte da Região, nem sujeitam o
Governo Regional a qualquer responsabilidade perante o financiador. É exigir
demasiado e nada retribuir. Tomara eu que a proposta fosse aceite, tal como
Vasco Cordeiro a apresentou. As negociações prometem ser muito interessantes.
O processo de regionalização da RTP
Açores tem de ser feito para impedir a sua degradação, ou pior, a sua extinção.
É verdade que, a esse respeito, a República tem uma obrigação constitucional
perante as duas Regiões Autónomas, mas há muitas formas de condicionar essa
participação - sempre em prejuízo dos interessados, como se tem visto. Por
isso, cada Região deve assumir maiores responsabilidades, mas de forma faseada
e progressiva. Os Açores e a Madeira não têm atualmente capacidade financeira
para aguentar as despesas das respetivas empresas (presentemente, a RTP Açores
tem um orçamento de 10,5 milhões. Se adicionarmos a taxa audiovisual, são mais
2.5 milhões). Mas será possível fazê-lo a médio prazo depois de reestruturar a
empresa, criando uma nova forma de maximizar os seus recursos e de angariar
fundos financeiros.
Graças
à televisão por cabo, há cada vez mais canais temáticos produzidos em Portugal,
nomeadamente de índole regional. Um deles, o Porto Canal, foi adquirido pelo
Futebol Clube do Porto. Mantendo o teor generalista, associado principalmente à
Região do Norte, o canal tem um orçamento anual de 5 milhões de euros.
Este
deverá ser o caminho do nosso canal de televisão.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial