O mundo de Sofia
Sem cinismos, defendo que é
preciso deixar a ainda Presidente da Câmara de Angra, Sofia Couto, terminar o
seu mandato com toda a dignidade que ela merece.
Há quatro anos atrás, Sofia Couto
nunca imaginou que lhe seria entregue a dificílima tarefa de conduzir os
destinos do município de Angra. Era óbvio que numa situação dessas - invulgar
na história das autarquias portuguesas - Sofia Couto seria mais uma espécie de
presidente interina, a quem lhe caberia a gestão da edilidade, do que
propriamente uma autarca usufruindo de plenos poderes. O seu desempenho
político era assim limitado, mais por razões político-partidárias, nomeadamente
por pressão do partido que representa, do que por uma questão de legalidade,
essa sim, indiscutível.
Mesmo assim, a edil desempenhou o
seu cargo com grande sentido de estado: low
profile, recato nas decisões, procura de consensos com a oposição,
afastando qualquer tentação de mediatismo ou de abuso de poder.
Contudo,
a requalificação tumultuosa de ruas da urbe ou a renovação do Teatro Angrense
não podem ser consideradas obras do seu legado porque o seu mandato termina sem
essas estarem devidamente prontas. E é estranhamente isso que me parece
louvável.
Perante
as adversidades, rumando contra a maré, desafiando opositores externos e
internos, Sofia Couto assumiu a árdua tarefa de ser Presidente da Câmara de
Angra quando ninguém o quis, quando todos fugiram da responsabilidade como se
de uma praga se tratasse. No meio de tanto infortúnio, Angra até teve sorte em
“achar” Sofia Couto.
Sei que para muitos angrenses isto
não lhes diz rigorosamente nada, porque no momento do voto, importa é saber
duas letras do alfabeto e reconhecer o símbolo da rosa ou do punho.
Durante uns meses, Sofia viveu o
sonho, “malgré elle”, de ser
presidente da cidade-património. No momento do despertar, há que desejar-lhe
felicidades.
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