Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, abril 16, 2006

O Antiamericanismo


Por vezes, a conversa de café toma contornos interessantes. Ao invés de discussões sobre futebol, discute-se política. Desde a nacional à internacional, os temas sobre a actualidade política tornam-se tão acutilantes como uma conversa mais azeda entre dois adeptos de clubes rivais. Lembro-me de uma discussão num café que frequento, aquando do início da guerra contra o Iraque de Saddam Hussein, em que o dono deixou de ser assinante do jornal PÚBLICO pelo facto de o seu director apoiar a acção dos Estados Unidos. 3 Anos volvidos, noutro local, com outras pessoas, ainda participo neste tipo de discussões em que, de um lado se encontram os antiamericanos que se dizem “antibush”, e do outro – como eu –, os apoiantes da visão americana do que é democracia.

Folheando os livros de História, não sei se podemos considerar o mundo actual como mais perigoso. Mas que vivemos num momento da História Mundial muito interessante disso não tenho dúvidas. A deposição do ditador Saddam Hussein foi um sucesso. Porém, o preço pelo que os iraquianos estão a pagar não me parece justificado. A acção unilateral dos Estados Unidos foi um erro. Apesar das mentiras da Administração Bush sobre as armas de destruição maciça, reitero que, se a ONU tivesse apoiado a intenção americana, a pacificação daquela região do Golfo Pérsico teria corrido bem melhor do que agora. Mas exigir que as tropas lá instaladas voltem para os seus países é uma ideia totalmente disparatada. O mal está feito. Deixar o Iraque nesta instabilidade, por sua conta, seria um autêntico crime.

O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, tem sido massacrado de forma justa, mas também injusta, pelos erros e mentiras cometidos. Os americanos vivem intensamente este debate de ideias. Da paródia à crítica mais séria, é interessante observar um país livre falar abertamente sobre os seus defeitos. Todos nós recebemos e-mails ou vemos na televisão momentos embaraçosos em alguns discursos do presidente americano. Se no princípio até tem piada, com o tempo torna-se enfadonho. Não vejo nenhum outro governante a ser gozado da mesma forma. Os discursos de Hugo Chávez sobre o “Mr. Danger” são hilariantes. O antisemitismo do presidente iraniano misturado com a sua vontade pacífica de ter energia nuclear é digno de registo para um contra-informação. Mas não. É mais fácil e mais seguro criticar um país que respeita e promove a liberdade de opiniões. A um país com leis e organismos transparentes é mais fácil identificar os seus defeitos e vícios. Mas é também mais fácil julgar quem corrompe a lei. A forma de viver americana é intrínseca à sua cultura. Como podem algumas pessoas exortar a diversidade cultural e ao mesmo tempo criticar a cultura americana? A “contaminação” da cultura norte-americana sobre os países no mundo, sobretudo europeus, não é uma imposição. Tomando alguns exemplo porque o espaço não mo permite mais para demonstrar o absurdo. Diz-se mal do imperialismo de Hollywood. No entanto, a maior parte dos filmes premiados nos Óscares é baseada em romances de autores europeus ou de momentos históricos vividos fora dos Estados Unidos. Os grandes clássicos da Disney têm por origem contos dos irmãos Grimm. Seria muito interessante ver uma versão cinematográfica de produção americana baseada no livro O Equador, de Miguel Sousa Tavares. Diz-se mal da cadeia de restaurantes Mac Donald, criando boatos sobre ela. No entanto, a qualidade alimentar é altamente controlada. Pelo contrário, há pouco, em Portugal, houve imensos restaurantes chineses que foram inspeccionados e que apresentaram irregularidades graves. As crianças e pessoas que fiquem obesas não devem culpar os restaurantes fast food. Culpem-se a si próprios. A moderação é um princípio básico para uma alimentação saudável. Mesmo assim, perante a pressão, a Mac Donald decidiu confeccionar pratos para os contestatários. Fez mal. Nunca vi ninguém obrigar um restaurante vegetariano a ter pratos de carne. Também não concebo o impedir alguém de abrir um espaço somente destinado a fumadores.

A economia dos Estados Unidos é denominada por alguns de capitalismo selvagem. Lá é muito comum as pessoas mudarem de emprego ao longo da vida. Não havendo direitos de adquiridos, os cidadãos tornaram-se mais ambiciosos, daí o seu espírito empreendedor. Os sindicatos são mal vistos pela população em geral e acabam por ter pouco poder de manobra. No entanto, comparando com a União Europeia (U.E.), o sistema americano parece ser mais bem sucedido. Os índices de produtividade são bem mais altos do que os da U.E. O desemprego dos jovens atinge os 21,7% em França, 18,9% em Espanha, um país pungente. Nos Estados Unidos encontra-se na casa dos 10,5%. Se analisarmos friamente as políticas do actual governo português, tudo aponta para um sistema que se aproxima da do americano mas que, maquilhado por apoios de ordem supostamente social, cria um fosso ainda maior entre os ricos e os pobres.

Nenhum país representa o paraíso. Nenhum país é perfeito. Mas alguns estão bem mais perto daquilo que o inferno representa do que outros. Eis a essência da diferença. Como pode um Homem que nasceu num país livre apoiar ou ter carinho por países que promovem o contrário da liberdade?

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