Vida de imigrante
A decisão do governo canadiano em deportar todos os estrangeiros que se encontrem em situação ilegal num prazo curtíssimo de tempo e de forma radical associada ao debate sobre a reforma migratória nos Estados Unidos mostram que a famosa expressão American dream morreu.
Estas novas questões fracturantes nascem do desagrado dos cidadãos nativos sobre os seus governantes por causa do aumento do desemprego e da exploração de mão-de-obra mais barata em detrimento da nacional por parte dos empregadores. Todos os dias, entre a fronteira do México e dos Estados Unidos são detidos centenas de mexicanos e até pessoas de outros países que tentam entrar ilegalmente pelas terras desérticas que separam os dois países. Um grupo de cidadãos americanos já formou uma associação “american patrol” para apoiar as autoridades na detecção e detenção dos tais “indesejados”. No Canadá, o governo decidiu expulsar todos os imigrantes ilegais dando-lhes um prazo muito curto para saírem do país. Esta situação, que interessa aos portugueses, é grave, pois muitos deles já vivem há vários anos tendo constituído família, possuindo habitação própria e outros bens de valor. Apesar de não terem documentação que lhes possibilita o reconhecimento do Estado canadiano, estes imigrantes têm contratos de trabalho com empresas e contribuem de forma positiva para a economia do país. É um momento dramático para estas pessoas que lutaram pela sua vida com muitos sacrifícios e que perdem tudo de um momento para o outro.
Muitos canadianos e americanos ficam seduzidos com estas decisões. É uma nova forma de racismo. Se dantes o racismo nascia da ignorância, agora cresce do medo. Nesta perspectiva, o estrangeiro tornou-se uma ameaça para o emprego dos cidadãos nacionais. Mas esta forma de pensar é uma ilusão perversa e errada. Não é com a deportação dos “sem-papéis” que estes cidadãos nacionais voltarão a ter emprego, porque não querem fazer o trabalho mais árduo e “sujo”. No entanto, como entender que os imigrantes, que se encontram a residir no país de acolhimento há vários anos, não tenham regularizado a sua situação?
É verdade que muitos governos, não só americanos como europeus, fecham os olhos sobre a forma como são integrados os estrangeiros nos seus países. Existe situações de autêntica exploração de seres humanos lembrando os tempos da escravatura. O controlo rigoroso na entrada de imigrantes e uma política social e humanitária na integração devem ser a prioridade de qualquer governo. Se ninguém consegue impedir alguém de sonhar, também não deveria impedi-la de lutar pelo seu sonho. O estabelecimento de quotas pode ser uma solução ainda que injusta, pois o critério de selecção é sempre discutível.
Mas para aqueles que já estão ligados ao país e que até criaram laços de sangue não podem ser rejeitados como se fossem produtos descartáveis. O Humanismo é uma característica intrínseca do Homem. Em tempos de globalização, ser-se cidadão do mundo representa o novo sonho que de americano passou a Global dream.
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