Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

A utopia do Sr. Reitor

No programa televisivo “ O estado da região” da RTP Açores, que reuniu os dois últimos reitores da Universidade dos Açores e o actual, discutiu-se a história da universidade açoriana, bem como a sua viabilidade no momento da revolução do Ensino Superior nacional e europeu que se aproxima com o famoso Processo de Bolonha. Entre os discursos politicamente correctos que os “três Magníficos” se fizeram mutuamente sobre os seus respectivos mandatos, uma dúvida ficou a pairar no ar: Estará a Universidade dos Açores preparada para se integrar no Espaço Europeu do Ensino Superior?

A partir de um projecto de 1998 que perspectivava a constituição de um espaço europeu de ensino superior ratificado pela Alemanha, França, Itália e Reino Unido, nasce, em 1999, o Processo de Bolonha que alargou o âmbito do anterior projecto para 22 países da Europa, incluindo Portugal. De forma mais ambiciosa e virada para os desafios do século XXI, a declaração de Bolonha visa uniformizar o ensino superior em todo o continente europeu. Para tal, todas as universidades têm de reformular os currículos dos cursos já administrados, como também introduzir novos cursos adequados às necessidades de cada país. Uma das novidades mais visível é, por exemplo, a Lei de Bases que prevê que a Licenciatura corresponda a um período de três anos e o Mestrado de cinco anos. A declaração concede aos países envolvidos um prazo até 2010 para estabelecer as novas regras. O Ministro da Ciência e do Ensino Superior, Mariano Gago, declarou que Portugal estará pronto antes da data estipulada, pois já se prevê para o ano lectivo 2006/2007 o início desta “revolução académica”. O reitor da Universidade dos Açores, Avelino Meneses, declarou que, na instituição da região, o processo terá efeitos práticos em 2007/2008.

No debate televisivo da RTP Açores, o entrevistador perguntou ao actual reitor se a universidade respondia às necessidades de emprego para o arquipélago, salientando o facto de alguns cursos ministrados não possibilitarem nenhuma saída profissional. Avelino Meneses respondeu que a universidade não era nenhum centro de emprego, insinuando que quem estava ou pretendia entrar no ensino superior deveria ter como primeira preocupação a busca de conhecimento. Esta afirmação em nada corresponde com a filosofia da Declaração de Bolonha. A aquisição de conhecimento somente para um fim lúdico deixou se ser viável nos tempos de hoje. Qualquer estudante aspirante a “doutor” só tem um objectivo: ter sucesso na vida profissional graças ao curso que tirou. Mesmo aqueles que já possuem um curso universitário e ingressam novamente pretendem subir na carreira profissional. Aqueles que o fazem por mero prazer representam uma ínfima percentagem. O Processo de Bolonha, aliada à Estratégia de Lisboa, tem por objectivo o de criar o “espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo baseado no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e com maior coesão social”.

O pólo da ilha de São Miguel reúne todas as condições físicas para uma transição tranquila. Os outros pólos – Angra do Heroísmo e Horta – têm projectos e fundos para novas infra-estruturas, sendo assim uma grande oportunidade de (re)começar tudo de novo. O arquipélago e a tripolaridade da universidade não podem ser encarados como “castradores” relativamente às universidades do continente. Os objectivos têm de ser orientados criativa e ambiciosamente. As novas tecnologias permitem aproximar o distante de forma fácil e barata. Por isso, ao apostar nessas áreas do conhecimento, a insularidade deixa de ser um obstáculo. Não se pode continuar eternamente a formar especialistas em agricultura e em assuntos relacionados com serviços públicos. As ciências do mar e as tecnologias de comunicação e informáticas devem ser as prioridades para a Universidade dos Açores.
Nesta era da globalização, os verdadeiros adversários económicos dos açorianos são a China e a Índia.

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