Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, janeiro 08, 2006

O Egosistema

2005 ficará na memória - até agora - como o ano dos grandes desastres naturais que a Humanidade enfrentou nos últimos séculos. O Homem que, em prol do progresso, tem desafiado as leis da natureza vê-se, de repente, confrontado com uma força esmagadora e incontrolável que o coloca numa posição inferior e submissa. Será um castigo ou, pelo contrário, uma consequência dos actos do ser humano sobre o planeta Terra?

Em Dezembro, O Tsunami fez 230 mil mortos na Ásia. Em Fevereiro, um sismo no Irão fez 612 vítimas e milhares de feridos e desalojados. Em Junho, as cheias na China obrigaram à evacuação de 2,5 milhões de pessoas. Em Agosto, o furacão Katrina destruiu toda uma cidade americana e fez 1228 mortos. Em Outubro, um sismo de alta intensidade abalou entre a Índia e o Paquistão, somando 74 mil perdas humanas. No meio de outras tragédias não referidas como as epidemias, para demonstrar que o mal não acontece só aos outros, é pertinente relembrar os incêndios que deflagraram em Portugal que, para além de ter feito vítimas humanas e animais, queimaram uma parte substancial do património florestal do país.

Ao ler este somatório de dados, a morte aparece como uma mera estatística, omitindo as outras vítimas que são as famílias, os amigos sobreviventes que também morrem um pouco com o desaparecimento de um próximo. Estarão estas calamidades naturais relacionadas com as alterações climáticas a que se tem assistido ultimamente?

Alguns cientistas alegam que as alterações climáticas são cíclicas. É muito fácil comparar determinado fenómeno climatológico ou até sismológico com os séculos anteriores. Porém, estas comparações são mais enganadoras e facciosas. É uma realidade inquestionável que o ar que respiramos é cada vez mais poluído, resultado das emissões de enxofre e da destruição da camada de ozono. Todos os países desenvolvidos e não só participam activamente em cimeiras do ambiente para mudar a forma de poluir, porque deixar simplesmente de poluir é algo de impossível e impensável. E aqui entram os egoísmos nacionais inconsequentes. Em 1997, na localidade de Quioto, mais de oitenta países assinaram um protocolo para reduzir até 2008-2012 em 5% as suas respectivas emissões de gazes que provocam o efeito de estufa. No entanto, passados todos estes anos, alguns países, dos quais os Estados Unidos, o maior poluidor, recusaram continuar com o protocolo, pois primeiro está a economia e o bem-estar actual do país e dos seus cidadãos.

Se não há prova da relação directa entre os actos poluidores do Homem e os desastres citados no princípio do texto, não há dúvida que o planeta tem sofrido modificações climáticas que se vêem a os olhos nus: Invernos rigorosos e verões muito quentes em países com clima ameno; o degelo dos glaciares dos pólos sul e norte; a escassez de água potável devido a períodos de seca prolongada são, entre outros, exemplos da insensatez de governantes e empresários que não conseguem olhar para lá do seu tempo.

Se continuar tudo na mesma, as previsões para 2025 são assustadoras. É verdade que muitos não estarão presentes para o ver, mas os filhos, netos e bisnetos não devem sofrer as consequências da irresponsabilidade actual.

Não vale a pena dar conselhos sobre os actos de reciclagem que cada um de nós deve fazer em casa. O problema já não se resolve assim. É preciso radicalismos. Queremos continuar a nossa vida como a temos ou parar para evitar que, como diz Bento XVI, “o homem da era tecnológica [corra] o risco de ser vítima da sua inteligência e dos resultados das suas capacidades inventivas”?

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial