Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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terça-feira, dezembro 20, 2005

Os manifestantes globalizados

Na semana passada, realizou-se em Hong Kong a sexta Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). O assunto mais debatido incidiu sobre a agricultura, tendo como ponto mais aceso da discussão o excesso de proteccionismo europeu e americano em relação a países em desenvolvimento com grandes recursos agrícolas como o Brasil. Como não podia deixar de ser, à margem da reunião, os activistas antiglobalização manifestavam-se nas ruas ora de forma pacífica, ora de forma violenta (cerca de 900 manifestantes foram apresentados em tribunal por perturbação da ordem pública). O que se tornou interessante foi observar as imagens das ditas manifestações em que muitos dos activistas vestiam roupas e adornos frutos da “maldita” globalização.

Há quem diga que a globalização começou no século XV, muito por culpa dos portugueses, aquando do famoso período dos Descobrimentos. Desde aí, culturas e civilizações outrora desconhecidas deram a conhecer à Europa uma perspectiva diferente do mundo e do ser humano. Muito se ganhou e também muito se perdeu. A maior diversidade alimentícia, a existência de novas plantas para fins medicinais enriqueceram, entre outros pontos, o Homem. Contudo, a ignorância aliada ao medo do “colonizador” levou-o a actos bárbaros que terá, em última e mais grave consequência, dizimado tribos indígenas quer da América, de Africa, ou quer da Austrália.

No século XXI, a globalização é um dado adquirido e, para alguns, um direito adquirido. Se a liberdade e a democracia são os factores sine qua non que propiciam os bens, a cultura às pessoas de todos os continentes, a Internet é o instrumento cada vez mais fundamental para a boa troca desses bens.

A globalização não pode ser encarada como uma inimiga do desenvolvimento humano e da paz. Pelo contrário, tem aproximado os povos, proporcionando oportunidades nunca dantes sonhadas. Se é verdade que não chega a todos e, em certos países, até prejudica os seus habitantes, não é menos verdade que não é ainda possível estabelecer de um dia para outro regras de funcionamento da dita globalização. Estas cimeiras mundiais servem para ajustar de forma diplomática condições para que todas as nações possam beneficiar dela em pleno. O que é preciso é encontrar um equilíbrio entre as necessidades de cada país e entre a solidariedade para com os países menos desenvolvidos. Critica-se muito o sistema de trabalho na China: excesso de carga horária laboral, salários muito baixos e falta de liberdade. Mas os operários chineses que trabalham vão aos poucos melhorando as suas condições de vida e, consequentemente, exigir cada vez mais do Estado chinês, pois ninguém que abdicar das benesses proporcionadas pela globalização. O investimento estrangeiro acabou por ser um motor de desenvolvimento do gigante oriental. Sendo um caso bastante complexo, não é de estranhar que, daqui uns anos, os chineses possam reclamar mais afincadamente a liberdade que existe nos países vizinhos e ocidentais.

O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial apoiam os países mais pobres. Mas não a qualquer preço. Estes últimos têm de preencher muitos requisitos para obterem os fundos, alguns têm a ver com os Direitos Humanos. Estas exigências têm de ser aperfeiçoadas quer na sua execução, quer na sua fiscalização. Tem-se verificado que algumas delas acabam por ser contraproducentes e fomentadoras de desconfianças por parte dos países solicitadores.

A globalização acontece todos os dias, nas compras, na alimentação, em suma, no dia-a-dia de cada cidadão do mundo. Sendo um facto incontornável, é preciso acabar com o mito da antiglobalização e trabalhar para que ela chegue a todos de forma igual. Acabar com o flagelo da pobreza não é só um imperativo moral; é também do interesse comum. A guerra e a pobreza andam quase sempre de mão dada.

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