Geração de risco
O processo de democratização da escola, bem como o seu acesso gratuito e obrigatório, transformou a sociedade de hoje. No passado, pelo menos há trinta anos atrás – o que é recente –, só as elites sociais tinham condições económicas para levar à prossecução dos estudos dos seus filhos. Consequentemente, estes tornavam-se, por sua vez, elites da mesma sociedade. Este processo era parecido com a aristocracia: uma geração que se perpetuava nos lugares privilegiados por direito inalienável. Actualmente, temos pessoas de várias origens sociais, culturais e até étnicas que vingam na vida, desempenhando todo o tipo de funções na sociedade. Mas será mesmo assim? Quando se fala em sucesso escolar, será que todos têm as mesmas hipóteses que qualquer filho de professor, médico, engenheiro ou até ministro?
Em Portugal, o abandono escolar precoce é um “mal a abater”. Muitas razões levam à desistência da escola por parte de uma grande percentagem de alunos. Mas a razão principal resulta do insucesso escolar. Ter más notas leva ao desinteresse e vice-versa. Há, sem sombra de dúvidas, alunos com problemas de aprendizagem. As escolas dispõem de leis e professores preparados para este tipo de situações: ninguém deverá ficar excluído. No entanto, os alunos mais problemáticos não têm dificuldades de carácter cognitivo. Têm problemas de carácter social. Nesta situação, a lei é ambígua e os professores não estão devidamente informados e preparados para fazer face a um problema cada vez mais frequente nas escolas portuguesas e, diria eu, nos países industrializados.
Muitas escolas dispõem de psicólogos, mas carecem de assistentes sociais. São necessários profissionais especializados nesta área para prevenir o risco de insucesso nos estudos, e consequente abandono, que pode levar a implicações graves como o consumo de drogas ou a delinquência juvenil. Os pais, primeiros responsáveis pelos actos dos filhos, não sabem, não têm tempo, não se dão conta ou não fazem conta do que se passa em casa. Mas a primeira a sofrer as consequências de tal desvio de comportamento é a sociedade. O medo e a insegurança instalam-se. Contra isso, volta-se a reforçar a autoridade dos professores. Exige-se que o adolescente tenha mais responsabilidades e responsabiliza-se criminalmente os pais em caso de prática de actos ilícitos por parte do jovem. Estas ideias podem ser correctas, mas estão alheias do mundo que rodeia este jovem. Interessa saber que tipo de pais este jovem tem; que tipo de intimidade e confiança ele possui e partilha com a família. É também importante saber se existem ou não recursos económicos em casa para o apoiar nos estudos. Infelizmente, o Estado não está omnipresente para detectar todos os casos de famílias carenciadas e/ou problemáticas.
Os pais com posses e estatuto social escolhem as melhores escolas, públicas/privadas, onde os seus filhos podem estudar sem saber o que é o insucesso ou a violência na escola e onde a única preocupação é ter os melhores professores para que o seu desenvolvimento cognitivo seja bem sucedido, pois o sucesso na escola significa sucesso na vida. A televisão mostra a realidade que existe do outro lado do muro social. Mas, tal como um filme: quando desligamos, voltamos à nossa realidade, com a consciência de que aquilo que vimos no ecrã nunca nos acontecerá.
São dois mundos que se encontram, mas que quase nunca se chocam. De uma forma geral, todos os pais querem o melhor para os filhos, isto é, dar-lhes mais do aquilo que tiveram. O Estado tem sido o guardião dos direitos de igualdade de oportunidades dos jovens quando os pais não podem ou até quando estes nem sequer existem. Contudo, a vontade de nos tornar mais iguais, torna-nos cada vez mais diferentes.
Em Portugal, o abandono escolar precoce é um “mal a abater”. Muitas razões levam à desistência da escola por parte de uma grande percentagem de alunos. Mas a razão principal resulta do insucesso escolar. Ter más notas leva ao desinteresse e vice-versa. Há, sem sombra de dúvidas, alunos com problemas de aprendizagem. As escolas dispõem de leis e professores preparados para este tipo de situações: ninguém deverá ficar excluído. No entanto, os alunos mais problemáticos não têm dificuldades de carácter cognitivo. Têm problemas de carácter social. Nesta situação, a lei é ambígua e os professores não estão devidamente informados e preparados para fazer face a um problema cada vez mais frequente nas escolas portuguesas e, diria eu, nos países industrializados.
Muitas escolas dispõem de psicólogos, mas carecem de assistentes sociais. São necessários profissionais especializados nesta área para prevenir o risco de insucesso nos estudos, e consequente abandono, que pode levar a implicações graves como o consumo de drogas ou a delinquência juvenil. Os pais, primeiros responsáveis pelos actos dos filhos, não sabem, não têm tempo, não se dão conta ou não fazem conta do que se passa em casa. Mas a primeira a sofrer as consequências de tal desvio de comportamento é a sociedade. O medo e a insegurança instalam-se. Contra isso, volta-se a reforçar a autoridade dos professores. Exige-se que o adolescente tenha mais responsabilidades e responsabiliza-se criminalmente os pais em caso de prática de actos ilícitos por parte do jovem. Estas ideias podem ser correctas, mas estão alheias do mundo que rodeia este jovem. Interessa saber que tipo de pais este jovem tem; que tipo de intimidade e confiança ele possui e partilha com a família. É também importante saber se existem ou não recursos económicos em casa para o apoiar nos estudos. Infelizmente, o Estado não está omnipresente para detectar todos os casos de famílias carenciadas e/ou problemáticas.
Os pais com posses e estatuto social escolhem as melhores escolas, públicas/privadas, onde os seus filhos podem estudar sem saber o que é o insucesso ou a violência na escola e onde a única preocupação é ter os melhores professores para que o seu desenvolvimento cognitivo seja bem sucedido, pois o sucesso na escola significa sucesso na vida. A televisão mostra a realidade que existe do outro lado do muro social. Mas, tal como um filme: quando desligamos, voltamos à nossa realidade, com a consciência de que aquilo que vimos no ecrã nunca nos acontecerá.
São dois mundos que se encontram, mas que quase nunca se chocam. De uma forma geral, todos os pais querem o melhor para os filhos, isto é, dar-lhes mais do aquilo que tiveram. O Estado tem sido o guardião dos direitos de igualdade de oportunidades dos jovens quando os pais não podem ou até quando estes nem sequer existem. Contudo, a vontade de nos tornar mais iguais, torna-nos cada vez mais diferentes.
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