O Concurso de Professores
O mês de Setembro é sinónimo de regresso ao trabalho ou à escola depois de merecidas férias. Porém, para uma classe de trabalhadores, os professores do ensino básico e secundário e educadores de infância, o mês de Setembro é sinónimo de frustração. Para muitos deles, é o mês em que renovam o seu contrato com o Centro de Emprego. Sendo na sua maioria profissionalizados, isto é, altamente qualificados para a sua função, porque é que este calvário se repete todos os anos? Será que o país gosta de cultivar a miséria, sobretudo as dos outros?
Este ano, o número de professores não colocados atinge os 40 Mil. Na sua maioria, jovens com idades entre os 22 e os 30 anos. Exercem a docência há pouco tempo ou até acabaram o curso no ano passado. Nalguns casos, existe a situação de pessoas com mais de 40 anos, com, pelo menos, 10 anos de serviço para o Estado. Em qualquer outra área profissional, a pessoa já pertenceria aos quadros da Função Pública, tendo, consequentemente, a sua vida profissional estabilizada. Mas quem fala em situação profissional estabilizada também lhe pode acrescentar emocional, familiar e financeira.
Milhares de pais investiram na educação dos seus filhos oferecendo-lhes condições para prosseguir os seus estudos na Universidade ou na Escola Superior, alguns à custa de muitos sacrifícios. Ter um filho ou uma filha licenciado(a) é sempre uma vitória para a família e para o país. No entanto, na área educacional, assemelha-se mais com o início do sofrimento e da depressão. Como é que se explica a um pai que é preferível ter o seu filho com o 12º ano a trabalhar num supermercado do que lhe pagar os estudos superiores porque não vai ter emprego?
O Ministério da Educação e as Secretarias Regionais da Educação devem ter a frontalidade e a coragem de dizer à população que o país precisa de X professores e que há Y de professores a mais que não poderão entrar na classe docente por esta se encontrar esgotada. O Ministério da Educação e as Secretarias Regionais da Educação devem ter a esperteza – porque é disso que se trata – para aproveitar de forma profícua os licenciados que ficam de fora do sistema de ensino, encaminhando-os para outras áreas profissionais relacionadas com as suas respectivas formações. Por sua vez, as universidades devem não limitar o acesso aos cursos relacionados com a educação mas sim fechá-los. Os docentes universitários dedicar-se-ão mais afincadamente nas suas investigações científicas.
O problema do excesso de professores em Portugal – noutros países da Europa, como a Inglaterra, há falta deles – tem raízes profundas. Com a proliferação de universidades privadas e escolas superiores pelo território sem um estudo detalhado sobre a viabilidade económica de cada instituição que abria, o Estado permitiu que alguns privilegiados obtivessem dinheiro dos Fundos Comunitários, inaugurando aquilo a que se chamaria de “revolução do Ensino Superior em Portugal”. Já que não havia restrições, a opção de quais os cursos a abrir era óbvia: cursos com custos reduzidos e cuja mão-de-obra é barata e acessível. Os cursos técnico-científicos implicam grandes gastos na compra de material, bem como na construção de laboratórios. As pessoas habilitadas para a docência eram insuficientes e muito caras. A escolha acabou por recair nos cursos humanísticos como os de Direito ou educação. Hoje, estamos a pagar por este erro crasso.
O Telejornal do dia 1 de Setembro anuncia, nos seus títulos, que uma empresa têxtil não abriu e que 90 pessoas ficam no desemprego. Na mesma manhã, 40 Mil professores fazem a bicha nos Centros de Emprego. Afinal, somos todos seres humanos, mas, pelos vistos, alguns mais do que outros.
Este ano, o número de professores não colocados atinge os 40 Mil. Na sua maioria, jovens com idades entre os 22 e os 30 anos. Exercem a docência há pouco tempo ou até acabaram o curso no ano passado. Nalguns casos, existe a situação de pessoas com mais de 40 anos, com, pelo menos, 10 anos de serviço para o Estado. Em qualquer outra área profissional, a pessoa já pertenceria aos quadros da Função Pública, tendo, consequentemente, a sua vida profissional estabilizada. Mas quem fala em situação profissional estabilizada também lhe pode acrescentar emocional, familiar e financeira.
Milhares de pais investiram na educação dos seus filhos oferecendo-lhes condições para prosseguir os seus estudos na Universidade ou na Escola Superior, alguns à custa de muitos sacrifícios. Ter um filho ou uma filha licenciado(a) é sempre uma vitória para a família e para o país. No entanto, na área educacional, assemelha-se mais com o início do sofrimento e da depressão. Como é que se explica a um pai que é preferível ter o seu filho com o 12º ano a trabalhar num supermercado do que lhe pagar os estudos superiores porque não vai ter emprego?
O Ministério da Educação e as Secretarias Regionais da Educação devem ter a frontalidade e a coragem de dizer à população que o país precisa de X professores e que há Y de professores a mais que não poderão entrar na classe docente por esta se encontrar esgotada. O Ministério da Educação e as Secretarias Regionais da Educação devem ter a esperteza – porque é disso que se trata – para aproveitar de forma profícua os licenciados que ficam de fora do sistema de ensino, encaminhando-os para outras áreas profissionais relacionadas com as suas respectivas formações. Por sua vez, as universidades devem não limitar o acesso aos cursos relacionados com a educação mas sim fechá-los. Os docentes universitários dedicar-se-ão mais afincadamente nas suas investigações científicas.
O problema do excesso de professores em Portugal – noutros países da Europa, como a Inglaterra, há falta deles – tem raízes profundas. Com a proliferação de universidades privadas e escolas superiores pelo território sem um estudo detalhado sobre a viabilidade económica de cada instituição que abria, o Estado permitiu que alguns privilegiados obtivessem dinheiro dos Fundos Comunitários, inaugurando aquilo a que se chamaria de “revolução do Ensino Superior em Portugal”. Já que não havia restrições, a opção de quais os cursos a abrir era óbvia: cursos com custos reduzidos e cuja mão-de-obra é barata e acessível. Os cursos técnico-científicos implicam grandes gastos na compra de material, bem como na construção de laboratórios. As pessoas habilitadas para a docência eram insuficientes e muito caras. A escolha acabou por recair nos cursos humanísticos como os de Direito ou educação. Hoje, estamos a pagar por este erro crasso.
O Telejornal do dia 1 de Setembro anuncia, nos seus títulos, que uma empresa têxtil não abriu e que 90 pessoas ficam no desemprego. Na mesma manhã, 40 Mil professores fazem a bicha nos Centros de Emprego. Afinal, somos todos seres humanos, mas, pelos vistos, alguns mais do que outros.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial