Uma agradável surpresa
Domingo passado, os portugueses presentearam o país com uma agradável surpresa. Elegeram Cavaco Silva para Presidente da República. Na verdade, e sem cinismos, apesar dos discursos dos principais candidatos de Esquerda que apontavam para uma possível segunda volta, o óbvio aconteceu. Mesmo o facto de Manuel Alegre ter ficado à frente de Mário Soares nas votações não constitui uma surpresa, pois as sondagens durante a campanha eleitoral apontavam essa possibilidade. Afinal, como disse Mário Soares: “as sondagens valem o que valem!”; e valeram mesmo. Interessa agora é analisar os resultados e tirar ilações.
Ao contrário do que alguns dirigentes políticos afirmaram, não foi a Esquerda que perdeu as eleições. Cavaco Silva ganhou as eleições porque convenceu o eleitorado de vários quadrantes políticos a votar nele. Dentro da própria Esquerda, houve algumas movimentações de voto. A título de exemplo, houve votantes que ora passaram do Bloco de Esquerda para os socialistas, ora de socialistas para a candidatura pessoal de Manuel Alegre. O eleitorado, que deu maioria absoluta ao partido socialista nas eleições de Fevereiro de 2005, preferiu desta vez proporcionar um equilíbrio de poderes, fazendo assim com que todo o espectro político nacional seja respeitado nas principais instituições democráticas do país: Esquerda no governo, Direita na presidência da república. É um gesto histórico, pois nunca antes acontecera e demonstra um sentido de maturidade democrática apurada. O maior partido de oposição, o PSD, já pode acabar com o “blackout” e fazer oposição como é sua obrigação. Não há dúvidas de que, com os resultados eleitorais, haja uma motivação maior para tal. A Direita precisa de acertar contas com a Esquerda por causa de alguns acontecimentos ocorridos durante estes últimos meses de campanha.
O discurso final de Cavaco Silva – bem como o cenário meticulosamente montado –, sem interrupções para gritos mais adequados para um jogo de futebol, foi elucidativo quanto à forma como vai desempenhar o cargo. A forma altiva e a pose de estado que evidenciou dão aos portugueses um sinal de confiança e de responsabilidade. A expectativa está criada; veremos em breve como Cavaco Silva vai concretizar a sua magistratura.
Quem precisa de fazer uma introspecção rigorosa destas eleições é o Partido Socialista. A divisão do PS por causa dos candidatos Mário Soares e Manuel Alegre feriu gravemente o partido, por mais que os seus principais intervenientes não o reconheçam. O lugar de Secretário-geral não está posto em causa porque José Sócrates é o Primeiro-Ministro com maioria absoluta. Mas a sua liderança dentro do partido encontra-se fragilizada. Os socialistas apoiantes de Manuel Alegre ganham uma voz redobrada no PS que terá de ser ouvida e respeitada em futuras reuniões políticas e no próximo congresso. Porém, alguns socialistas de renome, que apoiaram Manuel Alegre, exageraram a sua exaltação à candidatura inédita que apoiaram. Já que, segundo eles, com estas eleições se provou que os partidos se encontram descredibilizados, o melhor e mais coerente será o de sair do PS para constituir um movimento cívico de fundo.
Mário Soares saiu derrotado e até, em certa medida, humilhado destas eleições. Não está em causa “o dever cívico cumprido”, o que está em causa foi o ter sentido essa necessidade antes de anunciar a sua candidatura, no verão passado. Quando Mário Soares acusou a comunicação social de falta de parcialidade foi, na verdade, um reflexo de que a sua candidatura não tinha sido bem “digerida” pelas pessoas. O ex-presidente da república e o próprio partido socialista sentiram que tinha havido o que eu chamaria de um erro de “casting après la lettre”. O melhor é fazer como se Mário Soares nunca tivesse concorrido às eleições. Isto tudo não terá passado de um equívoco, ficando assim o único registo de um Soares “pai da pátria” na História Contemporânea portuguesa.
Como todos, quer políticos, quer cidadãos, desejam estabilidade temos então três anos meio sem eleições e de muito trabalho para a recuperação económica e financeira do país. Que a cooperação institucional comece.
Ao contrário do que alguns dirigentes políticos afirmaram, não foi a Esquerda que perdeu as eleições. Cavaco Silva ganhou as eleições porque convenceu o eleitorado de vários quadrantes políticos a votar nele. Dentro da própria Esquerda, houve algumas movimentações de voto. A título de exemplo, houve votantes que ora passaram do Bloco de Esquerda para os socialistas, ora de socialistas para a candidatura pessoal de Manuel Alegre. O eleitorado, que deu maioria absoluta ao partido socialista nas eleições de Fevereiro de 2005, preferiu desta vez proporcionar um equilíbrio de poderes, fazendo assim com que todo o espectro político nacional seja respeitado nas principais instituições democráticas do país: Esquerda no governo, Direita na presidência da república. É um gesto histórico, pois nunca antes acontecera e demonstra um sentido de maturidade democrática apurada. O maior partido de oposição, o PSD, já pode acabar com o “blackout” e fazer oposição como é sua obrigação. Não há dúvidas de que, com os resultados eleitorais, haja uma motivação maior para tal. A Direita precisa de acertar contas com a Esquerda por causa de alguns acontecimentos ocorridos durante estes últimos meses de campanha.
O discurso final de Cavaco Silva – bem como o cenário meticulosamente montado –, sem interrupções para gritos mais adequados para um jogo de futebol, foi elucidativo quanto à forma como vai desempenhar o cargo. A forma altiva e a pose de estado que evidenciou dão aos portugueses um sinal de confiança e de responsabilidade. A expectativa está criada; veremos em breve como Cavaco Silva vai concretizar a sua magistratura.
Quem precisa de fazer uma introspecção rigorosa destas eleições é o Partido Socialista. A divisão do PS por causa dos candidatos Mário Soares e Manuel Alegre feriu gravemente o partido, por mais que os seus principais intervenientes não o reconheçam. O lugar de Secretário-geral não está posto em causa porque José Sócrates é o Primeiro-Ministro com maioria absoluta. Mas a sua liderança dentro do partido encontra-se fragilizada. Os socialistas apoiantes de Manuel Alegre ganham uma voz redobrada no PS que terá de ser ouvida e respeitada em futuras reuniões políticas e no próximo congresso. Porém, alguns socialistas de renome, que apoiaram Manuel Alegre, exageraram a sua exaltação à candidatura inédita que apoiaram. Já que, segundo eles, com estas eleições se provou que os partidos se encontram descredibilizados, o melhor e mais coerente será o de sair do PS para constituir um movimento cívico de fundo.
Mário Soares saiu derrotado e até, em certa medida, humilhado destas eleições. Não está em causa “o dever cívico cumprido”, o que está em causa foi o ter sentido essa necessidade antes de anunciar a sua candidatura, no verão passado. Quando Mário Soares acusou a comunicação social de falta de parcialidade foi, na verdade, um reflexo de que a sua candidatura não tinha sido bem “digerida” pelas pessoas. O ex-presidente da república e o próprio partido socialista sentiram que tinha havido o que eu chamaria de um erro de “casting après la lettre”. O melhor é fazer como se Mário Soares nunca tivesse concorrido às eleições. Isto tudo não terá passado de um equívoco, ficando assim o único registo de um Soares “pai da pátria” na História Contemporânea portuguesa.
Como todos, quer políticos, quer cidadãos, desejam estabilidade temos então três anos meio sem eleições e de muito trabalho para a recuperação económica e financeira do país. Que a cooperação institucional comece.
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