Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, janeiro 03, 2011

Carta aberta aos políticos açorianos de Direita



Espero que o Natal vos tenha corrido bem. Para mim, tal como para vocês, estas festividades são importantes, pois nelas estão presentes os valores mais sagrados que constituem a nossa essência política: a família, a partilha, a solidariedade e a esperança.


Escrevo-vos porque tenho algo de importante a anunciar. A Direita está a definhar nos Açores e é preciso dar a volta à situação. Para tal, é preciso fazermos uma introspecção e perguntarmo-nos o que é que nos está a correr mal. Os socialistas dominam a cena política regional. A nível nacional, sabemos que têm os meses contados; no entanto, na Região, parece-me que ao continuar assim, poderão manter-se no poder por mais cinquenta anos. E não, não estou a exagerar.


Ser-se contra os socialistas já por si é uma boa razão. Mas a Direita vale bem mais do que uma questão de amores e de ódios. O ideal socialismo é mau; a História vem-no provando. Mas infelizmente a Direita tem feito um mau trabalho porque tem medo dos preconceitos. A Direita portuguesa tem medo de assumir o que é e de defender aquilo em que acredita. Obviamente, a grande jogada da Esquerda é a de aproveitar e explorar este complexo, demonizando-a, ao ponto de a comparar à defunta ditadura de Salazar ou ao partido xenófobo do PNR. Por cá, atiram-nos com a treta de sermos contra a autonomia. Há muito boa gente a cair nesse logro. Por isso, deixem-se de preconceitos ou de ingenuidades. Até agora, a realidade tem mostrado que o jogo “sujo” da Esquerda só lhes tem beneficiado a eles, mas enterrado o país. Alguma dúvida sobre isso? Lembro-vos a famosa cantiga do Estado Social. Quanto mais apregoavam a imprescindibilidade do Estado Social, mais cortavam nos apoios, aumentando a pobreza e criando mais desigualdades. “A culpa é da crise internacional”, dizem eles. “Mentira”, respondemos nós.


Ao contrário do que veicula por aí, o PS Açores não é assim tão bom quanto se pensa. Os socialistas são espertos e apegados ao poder que é uma coisa séria - e perigosa. Como já se aperceberam, obras não faltam e subsídios não faltam. Contudo, as despesas aumentam a olhos vistos, a receita nem por isso. Como diz o povo, e com razão, não se pode viver por muito tempo acima das suas posses. Na verdade, o real problema dos Açores é a falta de emprego e de pessoas, pois são cada vez mais os açorianos a emigrarem para fora da sua ilha ou da Região. É este o busílis da questão. Para que serve construir infra-estruturas por todas as ilhas, se ao continuarmos assim, não haverá pessoas suficientes para usufruir delas? Para que serve levantar-se de manhã e seguir para o trabalho, quando há cada vez mais pessoas a receber todo o tipo de apoios sociais sem dar nada em troca e até sem precisar ou merecer esses apoios? Para que serve apregoar aos quatro cantos as vantagens da iniciativa privada se até os funcionários do Governo Regional mais abastados têm direito a um complemento de salário? Socialistas, atirar dinheiro para cima dos problemas não os resolve; adia-os!


Digam-me, camaradas de Direita: Nos Açores, o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior, pois o Governo Regional dá-se ao luxo de criar apoios sociais para os ricos e para os pobres, mandando a verdadeira classe média às urtigas. Vocês acham isso normal? Sei que muitos de vocês até concordam. Tal pena. Já agora, sabem por que não gosto dos socialistas (apesar de ter lá grandes amigos)? É porque, por mais que queiram distribuir igualitariamente a riqueza produzida, nunca acertam e só criam mais desigualdades e ressentimentos entre as pessoas. Têm dúvidas disso? Basta citar-vos o RSI, as SCUT ou a mais recente descoberta compensação salarial aos funcionários do Governo Regional. Eu também com o dinheiro dos outros faço milagres – até este acabar…


Pensando bem, Margaret Tatcher tinha razão quando nos anos 80 disse “The problem with socialism is eventually you run out of other people’s money”. Mais cedo ou mais tarde o que está a acontecer no continente alastrará para a Região. Não se pode sustentar uma Região - já de si frágil por natureza - eternamente com dinheiros públicos. O Estado cresce e alastra nos Açores, despertando o que há de pior na natureza humana: os favores e clientelismo políticos e o partidarismo único e sufocante. Mas, caros companheiros de Direita, o pior está para vir nos Açores. Em breve, o PS será corrido do Governo central. A Direita ganhará as eleições prometendo suor, lágrimas e muito sacrifício, porque se dantes se prometiam coisas para as pessoas, doravante ser-se líder político passará a significar tirar coisas às pessoas. Esta é a única maneira de pôr ordem fiscal no país antes que o mercado o faça de maneira ainda mais brutal. Já há muito que se diz que devemos mudar de vida. Esse momento chegou. Mas como dizia atrás, quando a Direita alcançar o poder central, o PS Açores atiçará os açorianos contra os de “Lisboa” à boa maneira Alberto João Jardim. Para a Madeira resultou, Carlos César já fez os primeiros ensaios com o Estatuto dos Açores e mais recentemente com a compensação salarial. Como se vê, por cá, a receita também pega. Eles têm o poder e quando se o tem, é difícil tirá-lo, mesmo na nossa Democracia. Vejam como se fala da recandidatura de Carlos César apesar da lei que limita mandatos. Meus caros companheiros, nunca pensei dizer isso, mas até nisso o Brasil nos passa à frente. Os brasileiros despedem-se com lágrimas do seu Lula, mas ninguém se atreve a fazer interpretações da lei para lhe dar mais um mandato. É preciso saber sair no tempo certo sem apego ao poder.


Em suma, para que a Direita açoriana não desapareça totalmente do mapa regional vai ter também de fazer jogo sujo. Os parceiros para esta missão serão o Tribunal de Contas, o Jornal Oficial e a Comunicação Social. Será preciso vasculhar as contas das autarquias e do Governo e denunciar qualquer movimento suspeito. Quando apresentarem propostas, recorram primeiro à comunicação social, explicando bem o que pretendem, convencendo jornalistas e restantes açorianos de que a proposta é boa. Os socialistas terão mais dificuldades morais em chumbá-las, apesar de o fazerem na mesma, unicamente por soberba. Por último, enquanto eles explorarão as fragilidades das pessoas para ganhar votos, nós exploraremos o ressentimento das mesmas. Acreditem, são cada vez mais os açorianos a acharem que só com o cartão socialista é que se consegue vingar na vida. Meus caros, sei que o que proponho é feio, mas nesta altura do campeonato não há outra solução perante esta asfixia crescente.

1 Comentários:

Blogger Rogério Paulo Pereira disse...

Bom artigo.

12:23 da tarde  

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