Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, março 31, 2013

A Queda da União Europeia





      

            A União Europeia está desmoronar-se. Esse desfecho é cada vez mais provável mas a sua origem não é de agora. Remonta aos seus primórdios, quando se criaram as regras que definiram o estabelecimento do Euro e aquelas que alargaram a União Europeia aos países de leste. A Europa vai-se tornando o epicentro dos problemas financeiros mundiais, mas cujas repercussões ainda não atingem as outras nações, a tempo de se protegerem. Contudo, o retrocesso civilizacional está em curso: a queda da Europa, tal como a queda da Roma Antiga, tem a mesma causa: a impossibilidade de conciliar as diferentes culturas dos seus países-membros.

            Quando Espanha e Portugal entraram na CEE, havia o perigo de não acompanharem o ritmo de desenvolvimento dos outros países. A vantagem era a proximidade com o centro da Europa e o facto de os índices de corrupção serem relativamente baixos e as instituições políticas e judiciais confiáveis, com uma separação de poderes bem instituída. No entanto, houve erros inaceitáveis. A atribuição de milhões em fundos estruturais de desenvolvimento sem a devida fiscalização e monitorização contribuíram para assimetrias sociais e regionais. Apesar das diferenças fiscais, laborais e sociais que existiam entre os países que constituíam a CEE, a prioridade foi dado ao apetrechamento de infraestruturas. Ninguém queria ouvir falar em federalismo; o dinheiro é que importava. 

            Com o tempo e a evolução de CEE para UE, o processo parecia imparável, mesmo que lento à luz dos cidadãos. Porém, o discurso oficial falava em “política dos pequenos passos”. Depois do desmoronamento da URSS, os novos países do leste batiam à porta da Europa, pedindo para os deixar entrar. Abria o debate sobre o que era a UE, sobretudo quando a Turquia manifestou grande interesse em nela aderir. Afinal, os pequenos passos davam lugar a uma corrida desenfreada para unificar politicamente uma Europa profundamente dividida e assimétrica. Compreende-se que a boa vontade dos governantes se sobrepôs ao bom senso político. Contudo, os países de leste eram diferentes entre si, o que obrigaria a um processo de adesão diferente do que fora feito com Portugal e Espanha. Mas não interessava: em 2004, aderiram de uma só vez 10 novos países.

            Se a República Checa e a Polónia adaptaram-se e cresceram, a Bulgária e a Roménia foram o oposto. Outro erro de visão estratégica. Nunca deveriam ter aderido à UE sem primeiro fortalecer as suas instituições políticas e judiciais e criar um rumo sustentável para as suas economias. Com a abolição das fronteiras, incentivaram ao fluxo migratório e, com ele, as redes mafiosas alimentadas pela pobreza desses países. A xenofobia europeia instala-se novamente - ilustrada pelos tristes episódios dos “Rome” em França. 

            Com a atual crise, os governantes europeus andam desamparados. Uns dividem esta União em duas categorias: os países do sul, laxistas e preguiçosos; e os países do norte, espartanos e sensatos. Dizer, como o Ministro das Finanças alemão, que temos inveja do sucesso da Alemanha traduz a inconsciência de quem devia zelar pela Europa como um todo. A secessão está em vias de acontecer porque a Europa já não faz parte da solução, mas sim do problema, enquanto vigorar a filosofia política que defende o ajustamento como um castigo a ministrar a quem não anda à mesma velocidade dos grandes. 

            Chipre foi mais uma vítima do pensamento alucinado e vingativo que paira em Bruxelas e na Alemanha. Quando a ilha aderiu à UE e ao Euro já era um paraíso fiscal. A sua posterior adesão somente serviu para alimentar a ganância dos grandes depositantes russos. Na altura, nenhum governante europeu se queixou desse problema, demonstrando, pelo contrário, falta de coerência e de respeito pelos ideais democráticos da Europa. A Europa enterrava os seus valores com a premissa de que bastava integrar qualquer país para que a transformação ocorresse como que por magia. Como se vê agora, um tremendo erro.

            Mais uma vez, o problema das discrepâncias inconciliáveis entre os países da União. Sejam elas, políticas, sociais, económicas e até culturais (ou sobretudo culturais), é impossível unir países sem antes ter dirimido essas diferenças. O facto de os países terem culpa pelas suas crises domésticas tornou-se irrelevante para o grande problema que a Europa doravante enfrenta.

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