A Queda da Câmara da Praia
Não há dúvidas de que Roberto
Monteiro tem feito um grande trabalho na Praia da Vitória. Nutro admiração pela
forma como o Presidente da Câmara soube tirar proveito das potencialidades do
concelho e permitir assim o seu desenvolvimento. Basta ter olhos e um pingo de
seriedade para reconhecer o óbvio. Contudo, tudo tem um custo. E a fatura
chegou.
Foi apresentado oficialmente o
relatório final da auditoria do Tribunal de Contas à Câmara da Praia e as
conclusões são muito preocupantes. A dívida da edilidade tornou-se
insustentável - nalguns casos, há situações de ilegalidade no recurso ao
crédito – ao ponto de comprometer as gerações futuras, o que significa que
qualquer futuro investimento está seriamente comprometido para não dizer
proibido.
É verdade que a oposição sempre denunciou
esta situação. É verdade que a câmara sempre tentou demonstrar que geria com rigor
os seus recursos. O problema é que a câmara se tornou o exemplo perfeito do que
aconteceu no país: viveu acima das suas possibilidades. E o exemplo é tão
perfeito que, no verão passado, a câmara contraiu um empréstimo de mais de dois
milhões de euros para pagar dívidas a forncedores. Fazendo lembrar tantos
exemplos á la Cofidis, contraiu uma
dívida para pagar outra; este é um círculo vicioso cujo desfecho só pode dar
para o torto.
Muito se tem especulado sobre o
futuro de Roberto Monteiro. Na rua de Jesus, há quem diga que não se
recandidatará por questões de saúde, outros alegam uma birra por não ter sido
convidado a integrar o Governo dos Açores, outros ainda defendem que não se vai
apresentar a votos por causa das dívidas. Gostava de acrescentar outra
conjetura: acho que os partidos de oposição não devem apresentar candidatura
para o município, mas só para as freguesias. Em abono da verdade, quem se
endivida é que deve pagar.
A campanha eleitoral para as autárquicas já está em curso. Em vésperas de
eleições, este assunto será esquecido, pois, por obra e graça de Deus, dinheiro
não faltará para festas, apoios às sociedades e cabazes para as famílias. A
estratégia do PS não falha.
A jangada de basalto
O período de graça do governo de
Vasco Cordeiro está a chegar ao fim. Quem o diz não é a oposição, mas sim os
utentes dos hospitais, os fornecedores e os prestadores de serviço que
trabalham para a Administração Regional. O dinheiro está a faltar e o governo,
armado em bombeiro, tenta apagar as chamas atirando dinheiro para iludir o
problema.
Não vale a pena mostrar
contentamento com o que se passa. A ideia do “quanto pior para o governo,
melhor para a oposição” é perversa. Por cada erro do Governo ou dificuldade que
surja, há um açoriano que sofre diretamente na pele as consequências. A
oposição, nomeadamente o PSD, tem a obrigação de colaborar com o governo no
saneamento das dívidas e na retoma da economia da Região. Todos estamos no
mesmo barco, na mesma jangada de basalto.
Deus queira que os políticos
tenham juízo.
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