Chamem-nos bairristas
1. Muitos açorianos conhecem a
RTP São Miguel, mas todos os açorianos anseiam por ter uma RTP Açores. Não sei
qual o mais revoltante, se o centralismo de Lisboa ou a tentação centralista de
Ponta Delgada. A triste proposta de cobertura televisiva dos debates
autárquicos veio deitar por terra os últimos meses de unidade que tem havido
por parte dos açorianos em torno do canal regional de televisão.
Não é fácil administrar nove ilhas.
É óbvio que seria mais barato passar de nove ilhas habitadas para seis, quatro
ou três. Nos tempos que correm, não há ninguém que não defenda contenção nos
gastos públicos e rigor na gestão dos recursos do Estado. Mas o centralismo é a
solução mais fácil porque é preguiçosa. Num arquipélago, esta política pode
provocar danos sérios no equilíbrio entre as ilhas, pondo em causa a
sustentabilidade de cada uma delas, nomeadamente as mais pequenas.
No caso da RTP Açores, não se trata
de economia de meios, trata-se de um erro crasso por parte da direção de
programas. O que seria se propusessem aos candidatos à Câmara do Porto a
realização de um debate televisivo nos estúdios de Lisboa?
Nem imagino a frustração que deve
ser para os profissionais das delegações da Terceira e Faial. A Antena 1 Açores
tem o mérito de não cair neste erro, a custo de muito esforço e dedicação dos
seus colaboradores.
Contudo, existem outros órgãos de
comunicação social e instituições que podem colmatar esta falha. No caso da
cobertura da campanha para autárquicas, é possível recorrer a outros meios de
comunicação. Fica o apelo para que os candidatos e os órgãos de informação
locais encontrem uma alternativa condigna. Os debates são essenciais à
vitalidade da política e ao esclarecimento das populações.
2. Juntar o útil ao agradável.
Desde as últimas eleições
legislativas regionais que os Órgãos de Comunicação Social açorianos (OCS) têm
sido manietados pela Comissão Nacional de Eleições. Não houve debates entre os
dois principais candidatos por causa de uma leitura fundamentalista da lei
eleitoral. As próximas eleições autárquicas repetem o mesmo problema.
Há duas formas de os OCS encararem esta
contrariedade. Ou lamentam-se e deixam tudo como está ou tentam encontrar
formas originais de cobrir a campanha autárquica. Neste segundo caso, incluo o
trabalho desenvolvido pelo Diário Insular
cuja cobertura jornalística da campanha é digna de registo.
Para além do cuidado em conceder um
espaço a todos os candidatos dos concelhos de Angra e da Praia para que possam
expor as suas ideias e projetos políticos, tem havido um trabalho jornalístico
não só de acompanhar as variadíssimas conferências de imprensa, como também a
pertinência de indagar os candidatos sobre as questões mais relevantes dos dois
concelhos.
Num momento em que a Terceira se
sente cada vez mais abandonada, as suas Forças Vivas não têm deixado de dar provas
da sua determinação e resiliência.
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