Vencer de baixo para cima
As autárquicas a nível regional
foram a confirmação do domínio avassalador do PS nos Açores. Se o domínio
socialista é absoluto, há outro bem maior e bem mais preocupante: o da
abstenção.
Sobre isso é preciso dizê-lo com
toda a frontalidade: numa região eminentemente pobre e pouco instruída, a
abstenção deve ser entendida como um sinal social que deve ser combatida com
uma aposta forte na educação das pessoas e na sensibilização para a sua responsabilidade
enquanto cidadãos. Enquanto os açorianos não derem a devida importância à
instrução, enquanto o seu sentido de liberdade for acomodado pela dependência
social do Estado, não haverá melhorias na participação eleitoral.
Contudo, do continente e algumas
freguesias da Região, há também sinais de esperança, pois as candidaturas
independentes não só aumentaram como venceram em concelhos relevantes.
É normal que o PS sinta regozijo
pelas suas vitórias sucessivas em eleições regionais - uma espécie de
“revanche” ao que teve de sofrer nos tempos de Mota Amaral. No entanto, Ribeira
Grande e Ponta Delgada mostram que o poder é volátil. Depois de uma derrota
estrondosa no ano passado, o PSD percebe que começar um novo ciclo, implica uma
reconstrução de baixo para cima, isto é, a partir do poder local. Conquistando
a confiança e a simpatia dos munícipes, só assim poderá crescer até uma perspetiva
ampla, de base regional.
Muitos interpretarão a “derrota
honrosa” do PSD como um sinal de que o seu líder está a prazo, relevando a
importância crescente de José Manuel Bolieiro, o novo Presidente da Câmara de
Ponta Delgada. No entanto, em termos eleitorais, a conjetura futura remete-nos
para o pior cenário, pois as próximas eleições (europeias e presidenciais) têm
um valor muito mais nacional do que as autárquicas. O governo de Passos Coelho,
a não ser que haja uma hecatombe, continuará o seu mandato até ao fim - refém
da Troika para gáudio do PS. O PSD
promete derrotas históricas a médio prazo. Pelo menos, que sejam feitas
reformas no país como deve ser.
Na Ilha Terceira
A coligação PSD/CDS para Angra era
extremamente arriscada. É fácil, agora, dizer-se que foi uma má opção. Prefiro defender
que foi a derradeira tentativa do PSD alcançar a câmara. A derrota deve-se por
duas razões: o candidato do PS tem um peso político bem maior do que os seus
antecessores e parece-me que a estratégia de comunicação da coligação foi
prejudicial. Angra precisa de estabilidade política. A não ser que sejam uns
grandes mentirosos, desta vez, os socialistas não falharão.
Na Praia da Vitória, não houve
surpresas, menos nas Lajes que será, nos próximos quatro anos, a aldeia “Asterix”
do PSD. Quero crer que esta situação não irá prejudicar os lajenses. Antes pelo
contrário, será um desafio para o poder dominante mostrar que a defesa do
concelho não se coaduna com guerrilhas partidárias.
A Terceira precisa de um governo
local forte e coeso. Álamo Meneses e Roberto Monteiro, a par dos deputados
eleitos à Assembleia Regional, terão um papel fulcral na defesa dos interesses
da ilha e na luta contra o centralismo do Governo Regional.
Declaração
de interesse: Integrei
pela primeira vez uma lista para eleições. Irei ocupar o lugar de vereador da
oposição na Câmara da Praia da Vitória. Agradeço à equipa do PSD que apostou em
mim e às mais de duas mil pessoas que votaram em nós. Como principiante na
política ativa, sinto um peso nesta responsabilidade e uma alegria enorme: amo
esta terra e sei que o progresso da Praia se deve muito a Roberto Monteiro.
Colaboração será a palavra de ordem.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial