Os meus pais são Gays
Adoro os meus pais! Para mim, são muito carinhosos. Sempre me trataram bem, ajudaram-me na escola e deram-me tudo o que queria. Claro que quando eu faço asneiras, eles sabem ser severos. Agora que sou mais crescido, consigo perceber que por vezes não sou fácil de aturar, mas, como diz a minha avó: “é da idade!”.
Tenho catorze anos; não conheço os meus pais biológicos (vim de um orfanato) e fui adoptado, ainda bebé, pelo Tiago e o André. São Gays, casaram-se e decidiram adoptar uma criança. O destino ditou que seria eu o felizardo. Não tem sido fácil para eles e para mim ver os outros a olharem para nós como se fôssemos marcianos e a cochichar quando nos vêem de mão de dada, mas nunca me afectou muito. Eles souberam educar-me, preparando-me para isso e deram-me todo o seu amor, quando os meus verdadeiros pais me deixaram num cesto ao pé de uma paragem de autocarro. Eles é que são os meus pais e adoro-os.
É verdade que agora é mais comum ver pais e mães Gays. Já não me sinto tão diferente quanto isso. Na minha escola, já há vários alunos como eu. Até há pais que querem criar uma associação de encarregados de educação Gays. Mas os meus “velhos” dizem que é uma asneira, que só vai fazer com que os seus filhos se sintam menos integrados na escola. Gosto dessas discussões. Este ano, inscrevi-me numa lista para a Associação de Estudantes. Acho que tenho muitas ideias e gosto de participar em clubes e coisas do género. Não é por nada, mas estou no quarto ano de piano e sou cinturão laranja de Judo. Também pertenço ao Grupo de Teatro da escola. Quando for grande, quero ser médico e músico numa orquestra.
Em casa, ajudo nas tarefas domésticas. O que gosto mais é de fazer as camas e arrumar a roupa. Ultimamente, tenho falhado um pouco. Perco muito tempo no computador a jogar ou no Messenger com os meus amigos. O Tiago, que é o meu pai mais ríspido, zanga-se comigo mas o André está quase sempre do meu lado. Dantes, por culpa minha, eles discutiam em voz alta e eu ficava arrependido das minhas asneiras, começando a chorar. Era a única forma de eles pararem. Não queria, nem quero que eles se zanguem por minha causa. E quando imagino que se poderiam divorciar como os pais do meu melhor amigo, o João Paulo, fico com naúseas e até vomito. Não sei porquê. Ou sei, mas nem quero pensar nisso. Depois de eu chorar e pedir para eles pararem de discutir, ficamos mais felizes e aliviados. Gosto de os ver meigos um para o outro. À noite, ouço-os a “brincarem” no quarto. É a natureza! De manhã é ver as caras deles de felicidade: o amor é bonito…
O meu amigo João Paulo tem estado muito triste. Desde a separação dos seus pais, ora vai quinze dias para casa do pai, ora para casa da mãe. Tenho sido o seu amigo mais chegado. Mas ele não admite que está triste, grita comigo e até já me bateu. Mas eu compreendo-o e vou ser sempre o seu melhor amigo. Ele nunca gozou comigo por causa dos meus pais. É por isso que simpatizei logo com ele. Os meus pais gostam muito dele. Em casa, tratam-no como se fosse o meu “mano”. Ele não se importa. O pai do João Paulo fica reticente quando sabe que o filho está em minha casa. Ele tem uma mente perversa, mas nunca o disse ao J. P. Hoje, vou para casa dele, ou, melhor dizendo, da mãe. Temos de rever a matéria para o teste de História.
Ao entrar no apartamento, a D. Sofia, a mãe do João, recebe-me com um grande abraço. Gosto de sentir o seu corpo encostado ao meu. Nunca soube muito bem o que é uma mãe, mas as mulheres emanam um cheiro e um calor diferentes. A própria pele é tão suave. Olho para ela e cumprimento-a. Ela usa uma camisola tipo Top apertada e umas calças fato treino de Lycra. Sei que são as minhas hormonas a trabalhar, mas sinto-me atraído por ela. Gostava de a ver nua (se o JP soubesse…). Quando vou lá, ela tem sempre um bolo de chocolate à minha espera. É verdade que quando se separou do marido, deixei de ir lá a casa. Mas já passou e, desde aí, acho-a mais bonita. Já falei disso com os meus pais, pois tenho muito à vontade com eles e conversamos sobre tudo. Eles riem-se e dizem que eu deveria olhar para as raparigas da minha idade. Eu acho-as muito infantis, não me atraem. Há tempos, circulou um rumor na turma de que também era gay, tal como os meus pais. Para arrumar de vez com essa questão, engatei uma miúda do 10º ano e curti com ela em frente a todos. Nunca mais me chatearam. Estive com a Débora – é assim que ela se chama – durante umas semanas e acabou comigo depois de saber dos meus pais. Não me importei nada; o que queria tinha-o conseguido.
Às vezes, pergunto-me o porquê de ser homossexual. Eu acho que não sou. Conheço muitos, são simpáticos mas não percebo. Não sei porquê mas gosto mais de mulheres, mulheres feitas, não de raparigas. Já perguntei isso aos meus pais e eles dizem que é perfeitamente normal e que tenho de ser honesto comigo próprio. Quando eles tinham a minha idade, também tinham dúvidas, mas que não podiam dizer aos outros o que verdadeiramente sentiam porque dantes a sociedade era muito má e cruel. Ainda bem que já não é assim.
Esta noite, que farra! Tenho a casa só para mim! Os meus pais vão jantar fora, festejar o dia dos Namorados. Eles são muito românticos e muito apaixonados, apesar de todos estes anos juntos. Sinto-me muito feliz por eles. Adoro os meus pais!
Tenho catorze anos; não conheço os meus pais biológicos (vim de um orfanato) e fui adoptado, ainda bebé, pelo Tiago e o André. São Gays, casaram-se e decidiram adoptar uma criança. O destino ditou que seria eu o felizardo. Não tem sido fácil para eles e para mim ver os outros a olharem para nós como se fôssemos marcianos e a cochichar quando nos vêem de mão de dada, mas nunca me afectou muito. Eles souberam educar-me, preparando-me para isso e deram-me todo o seu amor, quando os meus verdadeiros pais me deixaram num cesto ao pé de uma paragem de autocarro. Eles é que são os meus pais e adoro-os.
É verdade que agora é mais comum ver pais e mães Gays. Já não me sinto tão diferente quanto isso. Na minha escola, já há vários alunos como eu. Até há pais que querem criar uma associação de encarregados de educação Gays. Mas os meus “velhos” dizem que é uma asneira, que só vai fazer com que os seus filhos se sintam menos integrados na escola. Gosto dessas discussões. Este ano, inscrevi-me numa lista para a Associação de Estudantes. Acho que tenho muitas ideias e gosto de participar em clubes e coisas do género. Não é por nada, mas estou no quarto ano de piano e sou cinturão laranja de Judo. Também pertenço ao Grupo de Teatro da escola. Quando for grande, quero ser médico e músico numa orquestra.
Em casa, ajudo nas tarefas domésticas. O que gosto mais é de fazer as camas e arrumar a roupa. Ultimamente, tenho falhado um pouco. Perco muito tempo no computador a jogar ou no Messenger com os meus amigos. O Tiago, que é o meu pai mais ríspido, zanga-se comigo mas o André está quase sempre do meu lado. Dantes, por culpa minha, eles discutiam em voz alta e eu ficava arrependido das minhas asneiras, começando a chorar. Era a única forma de eles pararem. Não queria, nem quero que eles se zanguem por minha causa. E quando imagino que se poderiam divorciar como os pais do meu melhor amigo, o João Paulo, fico com naúseas e até vomito. Não sei porquê. Ou sei, mas nem quero pensar nisso. Depois de eu chorar e pedir para eles pararem de discutir, ficamos mais felizes e aliviados. Gosto de os ver meigos um para o outro. À noite, ouço-os a “brincarem” no quarto. É a natureza! De manhã é ver as caras deles de felicidade: o amor é bonito…
O meu amigo João Paulo tem estado muito triste. Desde a separação dos seus pais, ora vai quinze dias para casa do pai, ora para casa da mãe. Tenho sido o seu amigo mais chegado. Mas ele não admite que está triste, grita comigo e até já me bateu. Mas eu compreendo-o e vou ser sempre o seu melhor amigo. Ele nunca gozou comigo por causa dos meus pais. É por isso que simpatizei logo com ele. Os meus pais gostam muito dele. Em casa, tratam-no como se fosse o meu “mano”. Ele não se importa. O pai do João Paulo fica reticente quando sabe que o filho está em minha casa. Ele tem uma mente perversa, mas nunca o disse ao J. P. Hoje, vou para casa dele, ou, melhor dizendo, da mãe. Temos de rever a matéria para o teste de História.
Ao entrar no apartamento, a D. Sofia, a mãe do João, recebe-me com um grande abraço. Gosto de sentir o seu corpo encostado ao meu. Nunca soube muito bem o que é uma mãe, mas as mulheres emanam um cheiro e um calor diferentes. A própria pele é tão suave. Olho para ela e cumprimento-a. Ela usa uma camisola tipo Top apertada e umas calças fato treino de Lycra. Sei que são as minhas hormonas a trabalhar, mas sinto-me atraído por ela. Gostava de a ver nua (se o JP soubesse…). Quando vou lá, ela tem sempre um bolo de chocolate à minha espera. É verdade que quando se separou do marido, deixei de ir lá a casa. Mas já passou e, desde aí, acho-a mais bonita. Já falei disso com os meus pais, pois tenho muito à vontade com eles e conversamos sobre tudo. Eles riem-se e dizem que eu deveria olhar para as raparigas da minha idade. Eu acho-as muito infantis, não me atraem. Há tempos, circulou um rumor na turma de que também era gay, tal como os meus pais. Para arrumar de vez com essa questão, engatei uma miúda do 10º ano e curti com ela em frente a todos. Nunca mais me chatearam. Estive com a Débora – é assim que ela se chama – durante umas semanas e acabou comigo depois de saber dos meus pais. Não me importei nada; o que queria tinha-o conseguido.
Às vezes, pergunto-me o porquê de ser homossexual. Eu acho que não sou. Conheço muitos, são simpáticos mas não percebo. Não sei porquê mas gosto mais de mulheres, mulheres feitas, não de raparigas. Já perguntei isso aos meus pais e eles dizem que é perfeitamente normal e que tenho de ser honesto comigo próprio. Quando eles tinham a minha idade, também tinham dúvidas, mas que não podiam dizer aos outros o que verdadeiramente sentiam porque dantes a sociedade era muito má e cruel. Ainda bem que já não é assim.
Esta noite, que farra! Tenho a casa só para mim! Os meus pais vão jantar fora, festejar o dia dos Namorados. Eles são muito românticos e muito apaixonados, apesar de todos estes anos juntos. Sinto-me muito feliz por eles. Adoro os meus pais!
1 Comentários:
Olá, que texto magnifico desde um tempo venho procurando este tipo de texto, quando eu vi a data não posso negar, bateu uma certa curiosidade, você se pega lendo estes textos? Afinal ingressou numa universidade de medicina?
p.s.: Sou brasileiro, um excelente blog, e fiquei surpreso por o atualizar até os dias de hoje.
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