Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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terça-feira, fevereiro 21, 2012

A Cultura e os Artistas Açorianos



A cultura, no seu sentido lato, tem sido encarada pelo poder político de duas formas, ambas elas altamente ideológicas: por um lado, a Esquerda defende uma forte participação e presença do Estado na preservação e na promoção de todo o património material e imaterial, nos apoios financeiros a entidades e indivíduos que actuam no campo da cultura, como também na delineação de programas de oferta cultural para os cidadãos Tudo isto implica um investimento público em infra-estruturas e em meios logísticos. Para a Direita, por dar à cultura um sentido mais empresarial, esta defende uma menor participação do Estado, manifestando fortemente a sua oposição em relação atribuição de subsídios sem o controlo rigoroso de objectivos e de resultados.

Há pouco tempo atrás, o debate sobre a cultura nos Açores incidiu nos artistas açorianos e a necessidade de lhes dar maior projecção. É óbvio que existe um largo consenso sobre a matéria, pois todos defendem que se dê mais visibilidade e mais oportunidades aos artistas açorianos. Contudo, não me parece que a implementação de uma espécie de “cota” de artistas açorianos nas programações de carácter cultural – defendida pelo MR9, sob a forma de um abaixo-assinado - possa contribuir efectivamente para a divulgação dos artistas açorianos, nomeadamente no domínio das artes performativas.

Não me referindo ao património cultural e histórico da Região - por achar que é uma questão de cultura que merece tratamento diferente -, considero que a qualidade e a inovação devem ser os parâmetros exigidos, no mínimo, para qualquer política que promova os artistas locais. Neste caso, a meu ver, o Partido Socialista tem sido feliz nalgumas iniciativas. A aposta na formação dos jovens, potenciando assim o seu talento, deve ser uma prioridade do Governo, ao contrário da atribuição indiscriminada de subsídios, mesmo que insignificantes. Os Açores dispõem de infra-estruturas e de equipamentos que dão todas as condições para que qualquer pessoa possa crescer em termos artísticos. Porém, não é suficiente se não houver “mentores” culturais que ensinem as técnicas existentes ou que actualizem o que de novo se cria “lá fora”.

Tal como na Educação, a performance criativa, concretizada, entre outras formas de arte, pela dança, pela música, ou pela pintura, requer uma aprendizagem e uma abertura de espírito que choca com a insularidade. Por isso, entendo que os concursos de criação artística, os workshops e outras acções do género são fundamentais para potenciar o talento dos artistas açorianos.

Qualquer artista aspira vingar na sua área, o que muitas vezes implica uma dedicação a tempo inteiro. Neste caso, é preciso reconhecê-lo, os Açores tornam-se demasiado pequenos para acautelar tal ambição. Na esteira das políticas culturais e de juventude, penso que o próximo passo a dar será na atribuição de bolsas. É notório que ainda não existe critérios precisos, nem uma estratégia clara. Para além da sua pouca divulgação, as bolsas disponíveis estão dispersas em diversas Secretarias ou Direcções Regionais, acabando por se resumir a quantias pouco significativas, tendo em conta os custos que uma boa formação no continente ou no estrangeiro implica. Aqui, mais do que uma estratégia, é necessário proceder primeiramente a uma reformulação de competências nos cargos políticos afectos à cultura.

O Director Regional da Juventude, Bruno Pacheco, tem feito um trabalho salutar nesse sentido, mas, para que tal acontecesse, isso obrigou-o a entrar na esfera de actuação da Direcção Regional da Cultura. Emergiu, em consequência, um claro conflito de competências que no próximo Governo Regional não poderá existir. Será por isso preciso redefinir áreas de intervenção e de competências para as duas Direcções Regionais, sob pena de a Direcção Regional da Cultura deixar de fazer sentido existir já que, para além de estar sob a alçada da Presidência do Governo, até na preservação do património (jardins dos palácios), o seu Director, Jorge Paulus Bruno, não foi tido nem achado.

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