É sempre a mesma coisa com a Terceira
Há situações
que nunca mudam na Terra dos Bravos. Há problemas que, de tão recorrentes que
são, já ninguém espera que sejam resolvidos, pois fazem parte da tradição
local. Para citar aqueles mais mediáticos por dizerem respeito a um maior
número de terceirenses: é o problema da SATA, da EDA, do centralismo micaelense,
do trânsito em Angra e o problema das Sanjoaninas.
O tempo
vai passando, mas fica tudo como está. Fica-se pela crítica, singularidade bem
portuguesa. Afinal, se os problemas fossem resolvidos, o que restaria para
criticar?
Não há
terceirense que não diga mal da SATA, a companhia de bandeira que em tempos foi
orgulho dos açorianos. Não há terceirense que não tenha sido prejudicado pelos
frequentes apagões da EDA, empresa pública cujo monopólio tem levado a abusos,
e com complacência do Governo Regional. Não há mês em que a Terceira não é
informada de que São Miguel é quem manda, sempre em nome do suposto desenvolvimento
regional. Não há ano em que a polémica sobre o trânsito e a calçada de Angra
não surja e não despolete um aceso debate, finalizado com a interrogação: “como
tirar proveito do estatuto de cidade património?”
Todos os
anos, a tradição volta à linha. Festeja-se o São João e, claro, ouvem-se vozes
a criticar o modelo das Festas das Sanjoaninas. Para não falhar ao expectável,
o atual Presidente da Câmara sugeriu que era preciso rever o modelo das
Sanjoaninas. Nada de anormal, a não ser a indelicadeza de proferir tais declarações
ainda antes do início das Festas. Acabam e, como manda a tradição, faz-se
discussão na Praça Velha ou através do principal jornal da ilha. Os anos passam
e o resultado é o mesmo: blá, blá, blá, fica tudo na mesma (parece que este
ano, sim, vai haver mudanças. Nos outros anos também foi assim).
Provavelmente,
deve ser defeito meu por não ter nascido nesta linda terra, mas já não tenho
paciência para tais lamúrias. Participei nessas discussões, dei a cara e levei
por achar que os problemas supracitados são reais e fundados. Aderi a
movimentos e opinei sobre o assunto. De independente a militante partidário,
não me resignei e lutei pelas minhas convicções por achar que a Terceira
merecia mais e melhor.
Sempre
acreditei – e ainda acredito - que estes problemas não surgiram do nada e que têm
os políticos como principais responsáveis. Aqueles que nos representam a nível
local e regional não têm servido convenientemente os interesses da Terceira. Por
causa disso, usei o instrumento mais poderoso que uma Democracia pode fornecer
aos seus cidadãos, a saber, o voto. No entanto, nada mudou. Os terceirenses,
apesar das críticas e do desagrado que patenteiam ao longo do ano, preferem
manter tudo como está no momento da ida às urnas.
Pelos
vistos, impera um certo conservadorismo, na pior aceção da palavra. O receio de
mudar sobrepõe-se ao descontentamento vigente. Prevalece o sentimento de que
mais vale deixar no poder quem lá está do que dar oportunidade a outros. O
sistema está inquinado, por mais abanões que se deem.
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