Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, junho 22, 2014

Ni hao Xi Jinping




            A presença do Presidente da China na Ilha Terceira merece toda a nossa atenção. Compreende-se perfeitamente a expetativa que gira à volta dessa inusitada visita, pois, num curto espaço de tempo, é a segunda vez que um líder chinês permanece por várias horas na ilha. O lado especulativo da coisa aumenta e as várias teorias sobre geoestratégia surgem em catadupa. Talvez fosse bom perguntar ao Presidente Jinping a verdadeira razão da sua vinda. 

            Não há dúvidas de que o Atlântico interessa a muita gente. Mas não sejamos ingénuos. A presença militar chinesa na Terceira é inviável, porque a coabitação entre duas potências mundiais num mesmo espaço é impossível. E mais, as nossas afinidades com a América não se comparam com o histórico da relação entre os Açores e a China: simplesmente, esta não existe. Por enquanto.

            Uma hipotética presença militar chinesa nunca iria animar a economia local; somente iria contribuir para os cofres da República, mas a um preço elevado, porque a Administração americana não deixaria passar incólume essa nova “parceria”. 

            Estamos presos ao acordo bilateral com os Estados Unidos. Tal como nos casamentos, estamos juntos para o bem e para o mal. Para o nosso bem, os militares americanos não saem, mesmo que a redução dos seus efetivos tenha um impacto muito negativo. Mas não deixa de ser relevante notar que a presença do Presidente chinês reforça a ideia de que os Açores continuam a ser um local geoestratégico de primordial importância. Num momento em que os americanos finalizam o Relatório de Avaliação das Infraestruturas Europeias, esta visita pode sensibilizar os responsáveis do Pentágono e da Administração Obama para a problemática do downsizing na Base das Lajes. 

            Assim, ou continuamos a especular sobre essa visita, criando cenários dignos de filmes de espionagem ou, então, podemos refletir sobre os proveitos a tirar desta ilustre presença nos Açores.

            Ao contrário da visita-relâmpago do antigo Primeiro-ministro chinês Wen Jiabao em 2012 - a pretexto de uma escala técnica -, a que se avizinha com o atual Presidente da China pode assumir o caráter de uma visita de Estado. Tendo em conta a antecedência com que é comunicada, ela permite assim que o Governo Regional, em colaboração com a República e as autarquias da Terceira, possa receber o Chefe-de-Estado asiático com toda a pompa que merece. 

            Os Açores devem aproveitar esta oportunidade para exercer diplomacia económica. A Região precisa de investimento como de pão para a boca e, como tal, não pode desperdiçar a possibilidade de a China tornar-se um parceiro económico para potenciar o seu desenvolvimento. Da Agricultura às energias renováveis, os Açores têm muito para dar e a China muito para oferecer. 

            Nada melhor do que este desafio diplomático para afirmar a autonomia dos Açores e testar a astúcia dos governantes açorianos.

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