Ni hao Xi Jinping
A presença
do Presidente da China na Ilha Terceira merece toda a nossa atenção.
Compreende-se perfeitamente a expetativa que gira à volta dessa inusitada visita,
pois, num curto espaço de tempo, é a segunda vez que um líder chinês permanece
por várias horas na ilha. O lado especulativo da coisa aumenta e as várias
teorias sobre geoestratégia surgem em catadupa. Talvez fosse bom perguntar ao
Presidente Jinping a verdadeira razão da sua vinda.
Não
há dúvidas de que o Atlântico interessa a muita gente. Mas não sejamos
ingénuos. A presença militar chinesa na Terceira é inviável, porque a coabitação
entre duas potências mundiais num mesmo espaço é impossível. E mais, as nossas
afinidades com a América não se comparam com o histórico da relação entre os
Açores e a China: simplesmente, esta não existe. Por enquanto.
Uma
hipotética presença militar chinesa nunca iria animar a economia local; somente
iria contribuir para os cofres da República, mas a um preço elevado, porque a
Administração americana não deixaria passar incólume essa nova “parceria”.
Estamos
presos ao acordo bilateral com os Estados Unidos. Tal como nos casamentos,
estamos juntos para o bem e para o mal. Para o nosso bem, os militares
americanos não saem, mesmo que a redução dos seus efetivos tenha um impacto
muito negativo. Mas não deixa de ser relevante notar que a presença do
Presidente chinês reforça a ideia de que os Açores continuam a ser um local
geoestratégico de primordial importância. Num momento em que os americanos finalizam
o Relatório
de Avaliação das Infraestruturas Europeias, esta visita pode sensibilizar os
responsáveis do Pentágono e da Administração Obama para a problemática do downsizing na Base das Lajes.
Assim, ou continuamos a especular
sobre essa visita, criando cenários dignos de filmes de espionagem ou, então, podemos
refletir sobre os proveitos a tirar desta ilustre presença nos Açores.
Ao contrário da visita-relâmpago do
antigo Primeiro-ministro chinês Wen Jiabao em 2012 - a pretexto de uma escala
técnica -, a que se avizinha com o atual Presidente da China pode assumir o caráter
de uma visita de Estado. Tendo em conta a antecedência com que é comunicada, ela
permite assim que o Governo Regional, em colaboração com a República e as
autarquias da Terceira, possa receber o Chefe-de-Estado asiático com toda a
pompa que merece.
Os Açores devem aproveitar esta
oportunidade para exercer diplomacia económica. A Região precisa de
investimento como de pão para a boca e, como tal, não pode desperdiçar a
possibilidade de a China tornar-se um parceiro económico para potenciar o seu
desenvolvimento. Da Agricultura às energias renováveis, os Açores têm muito
para dar e a China muito para oferecer.
Nada melhor do que este desafio
diplomático para afirmar a autonomia dos Açores e testar a astúcia dos
governantes açorianos.
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