O dia D da FLA
Foi com particular emoção que
assisti às comemorações do septuagésimo aniversário do Desembarque dos Aliados
nas praias francesas para por fim ao regime Nazi. Emoção não só devido ao
simbolismo da data, mas também derivado das atuais convulsões entre a Rússia e
o Ocidente. Por cá, o dia foi dedicado à FLA onde se evocou um passado que se
antevia glorioso, mas cujo feliz desenlace foi negado por um conjunto de “traidores”
da pátria açoriana.
Como manda a tradição, a cada 6 de junho,
a FLA desperta
o “fantasma” da independência, recorrendo ao eterno argumento
do sufoco que a República supostamente induz
no arquipélago. Dizem os independentistas: “Não temos nada contra os
portugueses; o problema são os governantes”, que por acaso são eleitos pelos
portugueses.
Apesar
de discordar veementemente da ideia de os Açores se tornarem independentes,
considero que num país livre devem coabitar opiniões divergentes como até
conflituosas, logo
que o civismo nas intervenções e o respeito para com a lei sejam cumpridos. Até
defendo que estes grupos possam constituir um partido político para legitimar a
sua causa, o que estranhamente ainda não acontece. O PDA não conta.
Nas intervenções deste ano,
veiculadas pela Comunicação Social, a palavra “traição” e “traidores” surgiu
por diversas vezes. Como cidadão anti-independência, mas autonomista convicto,
senti-me atingido e não gostei. Traição é uma palavra demasiado forte para
acusar quem discorda de nós.
No início da intervenção da Troika, defendi de forma provocatória
que, após o fim do programa de assistência financeira, se deveria dar
voz ao povo açoriano e madeirense para se pronunciar sobre a questão
através de um referendo (na verdade, essa opção nem está contemplada na
Constituição Portuguesa). Por isso, num momento em que se discute tanto a
Constituição Portuguesa e quem zela por ela, este é o momento oportuno para
incendiar ainda mais a controvérsia. O meu voto “não” está garantido. E não é
difícil adivinhar qual a intenção da maioria dos ilhéus.
Contra
o insucesso escolar, marchar, marchar
Sinceramente, não percebo o Partido
Socialista dos Açores. Vai fazer 18 anos que está no poder e, de entre vários
problemas que não consegue resolver, o insucesso escolar, aliado ao abandono, é
aquele que mais estragos está a fazer nos Açores.
Não duvido das boas intenções dos
vários governantes socialistas que ao longo dos anos tutelaram a Secretaria
Regional da Educação. Não duvido das suas preocupações relativas ao assunto,
mas já passou demasiado tempo (18 anos!). Deram o melhor de si, mas não foi
suficiente.
No início do seu mandato, o atual
secretário, Luís Fagundes Duarte, defendeu que os problemas sociais,
nomeadamente a demissão dos pais na educação dos filhos, contribuíam fortemente
para a dificuldade de aprendizagem dos alunos.
Assim sendo, onde estão as medidas
que visam tratar desta problemática? De que servem os programas de apoio
escolar como o projeto Fénix, se em paralelo não há um trabalho de parental coaching, de promoção e
valorização da escola e da aprendizagem junto da sociedade? Pois é, leva tempo.
Já lá vão 18 anos. Como diz o outro, qual é a pressa?
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