"Nós não nos enganámos, fizemos de propósito"
Esta frase é da autoria do deputado
socialista, Francisco Coelho, e foi proferida aquando do debate parlamentar para
justificar a dedução das horas extraordinárias no âmbito da remuneração
complementar. Após veemente contestação dos trabalhadores da EDA e perante a
pressão crescente de outros setores profissionais, o Governo Regional pretende
reavaliar a norma considerada injusta por toda a gente, menos pelo PS. Fica mal
a arrogância do deputado, como fica mal a forma errante como o Governo Regional
tem conduzido os Açores.
Nos últimos tempos, a prepotência do
Governo Regional e do PS só tem resultado em trapalhadas monumentais,
provocando tensões perfeitamente dispensáveis entre os trabalhadores da administração
e das empresas públicas regionais.
Do malogrado concurso de professores
à polémica sobre a remuneração complementar; da ilegalidade de um diploma à
falta de bom senso de um artigo (para não dizer má-fé), o PS falha nos aspetos
mais básicos da governação, e, perante as evidências, custa-lhe admitir o erro.
Após quase duas décadas no poder, esta atitude de prepotência não é de estranhar.
O que é estranho é o sentimento de orgulho ferido, de ressabiamento, cada vez
mais patente nas declarações e nas atitudes de certos socialistas no momento de
dar o dito por não dito.
Não deve ser fácil para o deputado
histórico do PS, Francisco Coelho, engolir este sapo, mas este Governo vai
perdendo qualquer pingo de credibilidade na sua relação institucional com a
oposição e com os parceiros sociais, porque assemelha-se cada vez mais a uma
agência de seguros: doravante, todos os intervenientes deverão ler com
redobrada atenção qualquer proposta de lei apresentada pelo PS. O princípio da
boa-fé morreu e o diabo esconde-se nos detalhes.
Perante estes recorrentes
ziguezagues, como pode o PS afirmar que os outros é que estão impreparados? Como
pode o PS achar que tudo o que faz está certo e que os outros estão errados?
Como pode o PS sujeitar-se a si e ao governo a este vexame que é o de afirmar
que tem sempre razão e depois corrigir o erro, mas nunca admitir que se enganou?
Num momento crucial para o futuro dos
Açores, os açorianos já não confiam na palavra do seu governo. A situação é tão
dramática que se chegou a um ponto em que a receita de atirar dinheiro para
resolver os problemas já não serve. Não deixa de ser extraordinário observar
que quanto mais o governo apoia as pessoas e as empresas, mais aumentam o desemprego
e a pobreza.
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