Os políticos não criam empregos
É mais do que sabido que quem cria emprego são as empresas e os empresários.
Porém, vivemos tempos excecionais. Nestes tempos conturbados, as empresas
regionais vão fechando em catadupa, lançando milhares de pessoas para o
desemprego. A crise chegou tarde aos Açores, mas chegou com uma força
avassaladora. O Governo Regional tem tentado de todas as formas atenuar os
efeitos da crise, mas o setor privado dos Açores encontra-se moribundo.
A recuperação económica de qualquer país
ou região passa pela dinamização das suas empresas, nomeadamente quando produz bens
exportáveis, e, em consequência, pela criação de emprego. Há demasiado tempo que
os Açores têm dependido exclusivamente das iniciativas do Governo para dinamizar
a sua economia. A não ser algumas famílias abastadas que dominam certas áreas no
mercado regional, qualquer outra empresa privada não consegue vingar ou
resistir à atual conjuntura. Mesmo em termos de criação de emprego, se não
fosse com o apoio do governo, através dos vários programas de incentivo à
contratação, o flagelo do desemprego teria repercussões ainda mais dramáticas.
Para qualquer político, há um verdadeiro
dilema: por um lado, sabe que não cabe ao governo ou às autarquias criarem
emprego; por outro, tem consciência de que se não der um empurrão, as empresas
fecham e a crise agudiza-se.
Presentemente, passamos pela fase em
que o Governo Regional dá o tudo por tudo para proteger as pessoas da miséria.
Nos próximos tempos, veremos centenas de pessoas envolvidas em programas
sociais para exercerem funções nas secretarias regionais, nas autarquias, nas juntas
de freguesia e IPSS. Como se percebe, nada será produzido para ser exportado. Teremos
uma espécie de economia “zombie” em que as pessoas trabalham, auferem um
ordenado, mas pouco consomem a não ser o orçamento da Região.
Por isso, estes programas são uns meros
paliativos. Pelo seu caráter temporário (duração de um ano), grande parte das
pessoas que forem contratadas não exercerão uma função essencial. Será uma
forma de as manter ativas, garantindo-lhes assim um “salário” ao fim do mês. Até
lá, espera-se que algo aconteça que permita relançar a economia da Região, mas
sempre com a mão do Governo.
A economia dos Açores é demasiado focalizada
na oferta pública, dependendo assim do poder político e sujeitando-se, deste
modo, ao perigo da demagogia eleitoral. Em tempos de vacas gordas, não se
conseguiu alicerçar uma economia sustentável, baseada no setor produtivo, como
o agroalimentar ou o turístico. Chegamos ao ponto em que é praticamente
necessário começar tudo de novo. E pior ainda, o atual poder político vê-se obrigado
a renegociar direitos laborais que os trabalhadores perderam - como as 35 horas
- ou a alargar a remuneração compensatória, por forma a abrandar a estagnação do
consumo interno.
Torna-se difícil culpar quem quer
que seja pelo que está a acontecer. São louváveis as iniciativas do Governo Regional
em apoiar funcionários públicos e famílias que se encontram
em situação difícil, mas ao mesmo tempo, com essas ações corre-se o risco de o
setor público substituir-se ao privado, matando de vez a já tão débil economia
açoriana.
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