O Plano para a Terceira
1.
O deputado Berto Messias entrou muito novo para a política, mas muito
rapidamente ascendeu no Partido Socialista, tornando-se um dos quadros mais
influente no panorama político regional. Contudo, não se pode dizer que é uma personalidade
consensual, pois tem sido acusado de não defender os interesses da sua terra e
de não enfrentar o centralismo de São Miguel. Não se sabe se por redenção ou
por influência dalguns camaradas continentais de Esquerda que têm criado novos
manifestos ou até novos partidos políticos, Berto Messias pretende promover um
ciclo de debates para repensar a ilha Terceira.
A iniciativa é louvável, mas experiências
anteriores mostram-nos que debater o desenvolvimento da Terceira não traz nada
de novo, pois os problemas estão mais do que diagnosticados e as soluções mais do
que encontradas. Na verdade, o que falta é ação.
Há também outra situação que
identifico e me causa perplexidade. Por mais que os cidadãos andem fartos dos políticos,
só a política é que resolve os problemas do país – neste caso, da ilha
Terceira. Então, por que razão Berto Messias quer assumir-se como cidadão
quando organiza tal evento? O dom da ubiquidade não existe. Para um assunto de
cariz essencialmente político (como é o debater o desenvolvimento de uma ilha),
o deputado socialista não pode arrumar o seu fato de político e vestir o fato
de treino de cidadão como se uma coisa não implicasse a outra.
Durante a campanha para as eleições
legislativas regionais, foram promovidos debates sectoriais donde surgiram conclusões
pertinentes. O Partido Socialista ganhou com um programa sufragado. Durante a
campanha para as autárquicas, foram promovidos debates sectoriais em cada um
dos dois concelhos da Terceira. O Partido Socialista ganhou em ambos com os
respetivos programas devidamente sufragados. Não acredito que, em nenhum desses
casos, Berto Messias tenha ficado de fora na elaboração desses manifestos
eleitorais. O mínimo ético que se exige é que os vencedores cumpram aquilo a
que se comprometeram no papel.
Tudo o resto não passará de conversa
bem-intencionada.
2. Plano de revitalização
económica da Praia da Vitória
Pode-se discutir muita coisa, mas se
não houver dinheiro nada feito. Vem isto a propósito das conversas que o
Presidente da Câmara da Praia da Vitória, Roberto Monteiro, manteve com Ministro
dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, acerca da Base das Lajes. Segundo foi
anunciado pelo edil, o Ministro diz que a República irá financiar um plano de
reconversão económica do concelho para fazer face ao downsizing da Base por parte dos americanos.
Nos últimos tempos, tem havido
notícias positivas sobre o assunto, e o facto de o governo americano aguardar
pelo Relatório de Avaliação da Consolidação da Infraestrutura Europeia até me
deixa otimista, porque pode haver uma reviravolta se concluírem que a ilha
Terceira tem, afinal, maior potencial para servir os interesses militares
norte-americanos.
Contudo, todos os terceirenses
perceberam que não é possível continuar a depender tanto da Base dos Estados
Unidos e que, como tal, seja preciso encontrar alternativas sustentáveis.
Por isso, urge oficializar o apoio
da República e constituir sem demoras o grupo de trabalho que irá elaborar o
dito plano. Já chega de medidas avulsas. Dos empresários, aos políticos,
passando pela Universidade, todas as mentes brilhantes desta terra devem
juntar-se para o mesmo fim.
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