O novo sindicato dos professores
1. Como à primeira não
conseguiu, eis que o deputado do PPM, Paulo Estêvão, insiste em matéria de
contratação dos professores nos Açores. Já o Parlamento Regional tinha chumbado
a sua anterior proposta de alteração à atual lei. Desta vez, salienta a palavra
“açorianos” para persuadir os deputados a votar favoravelmente. A sua obsessão
- ou birra - mal disfarçada contra a Universidade dos Açores persiste, mas não
tem razão de ser.
Na
verdade, há uma questão que se coloca a um político que tem o privilégio de ser
o mais destacado dum partido cuja existência é quase anedótica no panorama
nacional: senhor deputado, não há assuntos mais importantes a tratar relativamente
às escolas açorianas?
Já
que fala em professores, não haverá necessidade de olhar para os contratados
(açorianos, continentais, formados na UA como em outras instituições superiores
do país) que há anos têm lecionado na Região e cuja situação profissional se
encontra num limbo? Por que razão os Açores continuam a necessitar todos os
anos de centenas de professores (sempre os mesmos) mas não trata de os integrar
na carreira profissional? Outra questão: por que será que a Secretaria da
Educação defende que há estabilidade no corpo docente quando, ao juntarmos as
centenas de contratados com as centenas de destacamentos, há praticamente meio
milhar de professores que todos os anos mudam de escola? Outra questão: Já que
o deputado prima pela excelência, por que não questiona a tutela sobre o
desinvestimento na formação contínua dos professores? Mais perguntas: como vai
a aplicação da escolaridade obrigatória quando se sabe que as CPCJ não têm mãos
a medir com os inúmeros casos de absentismo escolar? Como vão as políticas de
ação social escolar nesta conjuntura de crise quando a tutela continua a
apostar em infraestruturas de raiz num universo em que há cada vez menos
alunos?
Tantas
perguntas pertinentes que o deputado do PPM podia pôr à discussão na Assembleia
Regional. Mas não. Perde-se numa questiúncula descabida, ao invés de olhar para
o estado da arte do sistema educativo açoriano.
2. O que é que o Estado Social tem feito
por nós?
Ao longo dos últimos vinte e cinco
anos, o estado providência não foi só alargando a sua ação junto dos mais
necessitados, como também alargou o conceito do que é uma pessoa necessitada. Portugal,
que sempre fez do combate à pobreza a sua prioridade, criando todo o tipo de
apoios, subvenções, isenções, incentivos e outras medidas do género encontra-se
neste momento atrofiado e impotente perante o aumento da pobreza e, pior, face ao
surgimento de novos tipos de pobreza.
Comprova-se que, com políticas
essencialmente assistencialistas, se perpetua a pobreza e impede-se as pessoas
de ascender economicamente. O Estado português foi demasiado generoso mas pouco
eficaz. Temos mais gente a depender das subvenções do Estado do que a
contribuir para o Estado. Com o envelhecimento da população, não havendo
reposição demográfica e diante duma nova vaga emigratória que abrange todos os
quadrantes sociais, percebe-se que a situação é insustentável.
Apesar de a questão ser delicada na
atual conjuntura - em que tantas pessoas sofrem por causa da crise -, não deixa
de ser uma verdade inconveniente. Como se financia o estado social? Com
impostos altos para aqueles que trabalham? Com a redução dos apoios aos mais
necessitados? Com um misto dessas duas soluções? Tem-se visto que, mesmo assim,
não chega.
Não podemos entrar na asneira de
rotular os desempregados ou pobres de preguiçosos, mas não há dúvidas de que o
esforço deve ser de todos para que o estado social não impluda.
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