A Europa não chega a tudo
Em Portugal, andamos tão obcecados
com a crise, de tal modo angustiados por não saber como será o dia de amanhã
que quase não nos apercebemos de como a Europa se vai definhando de dia para
dia. E não é pelas razões mais óbvias.
Pela sua proximidade com o
continente norte-africano, a ilha italiana de Lampedusa tem sido o porto de
chegada de dezenas de embarcações naufragadas, de migrantes fugindo de guerras,
da miséria dos seus países de origem, e que arriscam a vida e dos seus no meio
do mar mediterrâneo com a ínfima esperança de que a Europa lhes dará uma vida
melhor.
Este êxodo, que muitas vezes resulta
em tragédia e ao qual ninguém fica indiferente, tem levado a opinião pública a
indignar-se face às políticas europeias de imigração.
Na sua ânsia de expandir o seu
território, de abrir as suas fronteiras, de unificar nações social e
culturalmente diversas, a Europa acumulou tantos problemas que já não consegue
dar resposta a nada, perdendo-se nas suas contradições e ruturas internas.
São bem notórias as divisões entre o
Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e países como a Alemanha ou a França. Com
a crise das dívidas soberanas percebeu-se que a União Europeia é mais um
conceito do que uma realidade, pois os países afundam-se e, com eles, as suas
populações.
Bruxelas tanto quer imiscuir-se na
vida dos agricultores exigindo um tamanho mínimo para as gaiolas das galinhas,
como quer salvar a vida de milhares de imigrantes clandestinos como se não
existisse o problema do desemprego jovem ou a precariedade laboral. Que não
haja ilusões nem utopias: a Europa já não consegue tomar conta dos seus. Não pode
de maneira nenhuma tomar conta dos outros.
Perante
a subida dos nacionalismos, das tensões fronteiriças, das desigualdades económicas
e sociais e das fragilidades da moeda única, vislumbra-se uma nova Idade das
Trevas.
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