Os inimigos da Terceira
Ao
longo dos anos, as duas maiores empresas dos Açores com capital público - SATA
e EDA – têm demonstrado pouca consideração para com a Ilha Terceira. A
companhia aérea nunca manifestou grande interesse em explorar o potencial económico
da Terceira e em responder às pretensões da sua população e agentes económicos.
Por seu lado, a companhia elétrica parece ter desinvestido na ilha, tornando os
seus equipamentos obsoletos ou desatualizados. Resultado: apagões frequentes, com
o consequente prejuízo para cidadãos e empresários.
A SATA sempre foi criticada pelos
preços proibitivos que pratica não só para os açorianos, como para os turistas.
No entanto, na Terceira, a questão é mais profunda, prendendo-se com uma
política centralista em prol de São Miguel, prejudicando os interesses e
desvalorizando a importância da ilha Terceira. Desde a pernoita de aeronaves na
Base das Lajes, dos horários de voos para o continente, das rotas para fora da
Região, até à exploração das escalas técnicas, a SATA sempre despoletou
desconfiança nos terceirenses.
Enquanto o governo Regional diz que aguarda
e desespera pela decisão da República relativamente às obrigações de serviço
público de transporte aéreo, a SATA lá vai sugando todos os tostões dos
açorianos ao abrigo de uma coisa chamada “estatuto de residente”. Levar entre
300 a 400 euros por uma deslocação ao continente ou mais de 200 euros para ir
para ir da Terceira para o Pico tornou-se tão rotineiro que já nenhum governo
ou político se dá ao trabalho de dar um murro na mesa, exigindo o fim desta indecência.
A
EDA é outra empresa que está na mira dos terceirenses pela sua ineficiência. Para
além da tentativa fracassada na exploração geotérmica, temos agora os apagões
que muitos achavam ultrapassado. Perante o prejuízo dos empresários e o
descontentamento dos terceirenses, aparece um responsável da companhia a reconhecer
os problemas estruturais dos equipamentos e redes e a necessidade de os
renovar. No entanto, refere que os investimentos a fazer terão um custo para os
cidadãos. Não deixa de ser estranho, pois a EDA é uma empresa com obrigações de
serviço público e uma delas, talvez a mais importante, é fornecer eletricidade.
Parte do dinheiro que lucra das faturas elétricas e de outros serviços prestados
deveria servir justamente para a manutenção e o investimento nos equipamentos
necessários.
A EDA anunciou que os recentes apagões
se devem à requalificação da central de Belo Jardim, admitindo, por isso, mais
cortes nos próximos meses. É de supor que, quando a obra estiver pronta, haverá
mais falhas no fornecimento de energia por causa dos testes e pelo material ser
novo e precisar das devidas adaptações. E, se essas desculpas esfarrapadas não
servirem, há sempre o argumento de que os cortes de energia se devem a “eventos
distintos”. Os terceirenses que tenham paciência ou que mudem de ilha.
O facto destas duas empresas deterem
o monopólio nas respetivas áreas de atividade constitui o motivo principal pelo
péssimo serviço prestado aos açorianos, e terceirenses em particular. O Governo
Regional demitiu-se do seu papel de mediador e regulador do mercado.
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