Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, fevereiro 09, 2014

O que temos feito pela nossa autonomia?




            Muitos consideram, e com cruel razão, que a autonomia da Madeira se encontra suspensa. Em aparente contraposição, os Açores são elogiados por apresentarem uma vitalidade autonómica exemplar, muito devido à sua situação financeira. Mas a realidade revela-nos uma grande discrepância entre as conquistas da autonomia na esfera jurídico-política e a melhoria na qualidade de vida dos açorianos. Por isso, se nos Açores a autonomia não está suspensa, ela é, pelo menos, virtual. 

            Volvidos anos de investimentos de todo o género, no progresso dos meios de transportes aéreos e marítimos, na aposta no “promissor” setor do turismo, na modernização dos serviços públicos, na melhoria nas áreas da saúde e da educação, no combate à pobreza e ao desemprego, chegados a 2014, os resultados são, no mínimo, dececionantes. 

Nalguns pontos, como o turismo ou na educação, os Açores precisam de voltar à estaca zero e começar tudo de novo. Será que foi tempo perdido? Evidentemente que para uma boa parte da população não foi. Contudo, para muitos outros, as últimas duas décadas não representaram nada a não ser o mesmo de sempre: uma dependência extrema dos serviços de ação social. Para milhares de açorianos, a palavra autonomia foi meramente sinónimo de emprego nas obras, bairro social, RSI e Pauleta a “voar” pela seleção. 

Falando contra mim, porque sou um dos beneficiários. A tão falada remuneração complementar, uma suposta vitória da autonomia, não é mais do que um paliativo à atual crise, que não fortalece a autonomia, antes pelo contrário, reforça a ideia de discriminação entre os insiders (funcionários e pensionistas públicos) e os outsiders. Como se pode defender que esta medida é uma vitória dos Açores quando há açorianos que a consideram injusta?

            Desde que começaram a receber os dinheiros da UE, os Açores têm-se comportado como um adolescente que recebe as primeiras mesadas. Gastou em extravagâncias, foi atrás de modas, mas nunca pensou no médio e longo prazo. O pai - como quem diz a República - foi dando o dinheiro sem nunca interferir; o tio rico da América - como quem diz a Europa - também ajudou à festa com grandes quantias, sem nunca pedir nada em troca. O dinheiro de pouco serviu para a emancipação do “adolescente”; mais depressa contribuiu para negar a dura realidade da vida. 

2014 é o ano de os Açores entrarem na vida adulta. É tempo de se emanciparem; é tempo de se criar condições para que a autonomia seja sobretudo económica, porque só assim existirá desenvolvimento e prosperidade. Não se pode continuar a depender tanto do exterior. 

E para isso, não é preciso aprofundar mais a autonomia – mesmo que a Região o mereça -. Precisamos de usar as ferramentas de que dispomos e sermos criativos o suficiente para renovar, ou quiçá, reinventar o conceito de autonomia. Mais não seja para provar aos outros e a nós próprios que não só podemos fazer diferente, como melhor do que o poder central. Muitos discordarão de mim, achando que não temos de provar nada a ninguém. Eu defendo que uma autonomia assim inepta não serve aos Açorianos.

Depois de andarmos anos e anos a questionarmo-nos sobre o que é que a autonomia podia fazer por nós, chegou o momento de perguntarmos o que podemos fazer pela nossa autonomia.

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