Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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domingo, janeiro 19, 2014

A ditadura dos bem pensantes de Esquerda




            Não há dúvida de que a sociedade portuguesa é bastante tolerante no que respeita às questões fraturantes. Em temas como o aborto ou o casamento homossexual, os portugueses mais conservadores defendem as suas ideias, mas até a um certo ponto. Chega-se ao limite quando um fundamentalismo com laivos de insultos ou até de agressividade começa a grassar. Acaba por vencer a ideia de que cada um é que sabe de si. A liberdade implica responsabilidade, predominando assim um sadio liberalismo nos costumes. É uma virtude nossa, uma conquista do nosso progresso civilizacional. Comparando com sociedade supostamente mais abertas do que nós, diria que Portugal é um dos países mais progressistas.

            Contudo, do outro lado - da Esquerda “moderna” -, não se tem visto uma atitude tão tolerante e aberta ao debate. Vimo-lo por diversas vezes: discurso insultuoso para com aqueles que pensam de forma diferente, nomeadamente os que defendem a família tradicional, que são contra o aborto e que têm a ideia dum Estado menos metediço na vida das pessoas. Para essa Esquerda bem pensante, pensar diferente deles é mau, antiquado e cheira a Estado Novo. Quem defende outros valores que dos deles é contra a liberdade e, como tal, é fascista. “Retrocesso civilizacional” é a expressão favorita dessa Esquerda quando trata de rebater os argumentos dos outros, porque para ela tudo o que possa remeter para o passado é um crime.

            Basta ver como o tema da coação é discutido na praça pública para perceber como está inquinada à partida e como é dominada agressivamente pelos bem pensantes. Com o tempo, deviam perceber que há matérias que não são passíveis de mudança nas mentalidades de outras pessoas. Se alguns aderem à causa, outra parte, por razões que mais têm que ver com ideologia ou pertença religiosa, não mudam e ponta final. Por isso é que existe uma Assembleia com deputados para debater e legislar sobre essas matérias.

            A Juventude Popular quis rever o atual modelo de escolaridade obrigatória. Fê-lo no local ideal, um congresso político onde, por princípio, se discute ideias políticas. Claro, do lado da Esquerda foi uma afronta, de que a Juventude Socialista se aproveitou para abanar com o fantasma de Salazar e insultar a JP. Até o estimável Pacheco Pereira, que nutre um ódio de morte a este governo e aos dois partidos que o sustentam, achou que era mais uma prova da cabala para privatizar o Estado português. A proposta e o debate foram logo inviabilizados.

Nas questões de sociedade, a Direita portuguesa é inábil porque perde-se entre os valores que defende, aqueles em que realmente acredita e as jogatanas políticas em que se vê metida. E em vez de deixar a Esquerda apresentar as propostas fraturantes e dar liberdade de voto aos seus deputados, garantindo sempre a pluralidade da opinião e promovendo de forma serena a discussão pública, a Direita lembra-se, de vez em quando, de dar ares da sua “modernice”. Porém, faz asneiras e acaba por dividir aqueles que costumam votar nela, caindo no ridículo junto da opinião pública. 

A grande manifestação de lucidez tem vindo do Vaticano, pela voz do Papa Francisco. É uma prova viva de que é possível conciliar uma visão católica da sociedade com a abertura progressista da mesma. Não se trata de uma Revolução de mentalidades, trata-se somente do respeito pela dignidade humana. E, acima de tudo, de tolerância.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

E será que devemos ser tolerantes em tudo? É a tolerância aceitável na sua totalidade?

12:18 da tarde  

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