Complot
Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...
Acerca de mim
- Nome: Paulo Noval
- Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal
terça-feira, agosto 20, 2013
domingo, agosto 04, 2013
O mundo de Sofia
Sem cinismos, defendo que é
preciso deixar a ainda Presidente da Câmara de Angra, Sofia Couto, terminar o
seu mandato com toda a dignidade que ela merece.
Há quatro anos atrás, Sofia Couto
nunca imaginou que lhe seria entregue a dificílima tarefa de conduzir os
destinos do município de Angra. Era óbvio que numa situação dessas - invulgar
na história das autarquias portuguesas - Sofia Couto seria mais uma espécie de
presidente interina, a quem lhe caberia a gestão da edilidade, do que
propriamente uma autarca usufruindo de plenos poderes. O seu desempenho
político era assim limitado, mais por razões político-partidárias, nomeadamente
por pressão do partido que representa, do que por uma questão de legalidade,
essa sim, indiscutível.
Mesmo assim, a edil desempenhou o
seu cargo com grande sentido de estado: low
profile, recato nas decisões, procura de consensos com a oposição,
afastando qualquer tentação de mediatismo ou de abuso de poder.
Contudo,
a requalificação tumultuosa de ruas da urbe ou a renovação do Teatro Angrense
não podem ser consideradas obras do seu legado porque o seu mandato termina sem
essas estarem devidamente prontas. E é estranhamente isso que me parece
louvável.
Perante
as adversidades, rumando contra a maré, desafiando opositores externos e
internos, Sofia Couto assumiu a árdua tarefa de ser Presidente da Câmara de
Angra quando ninguém o quis, quando todos fugiram da responsabilidade como se
de uma praga se tratasse. No meio de tanto infortúnio, Angra até teve sorte em
“achar” Sofia Couto.
Sei que para muitos angrenses isto
não lhes diz rigorosamente nada, porque no momento do voto, importa é saber
duas letras do alfabeto e reconhecer o símbolo da rosa ou do punho.
Durante uns meses, Sofia viveu o
sonho, “malgré elle”, de ser
presidente da cidade-património. No momento do despertar, há que desejar-lhe
felicidades.
Luís Fagundes Duarte
Foi o primeiro político açoriano que
conheci pessoalmente. O segundo, também do PS, foi um grande cantor do Fado de
Coimbra, ainda fresco na política, mas de quem vaticinavam uma futura promessa
política. Acertaram. Já agora, o terceiro, este do PSD, Presidente da Câmara de
Ponta Delgada, Manuel Arruda. Um bom homem.
Eu,
ainda caloiro na UA, e Fagundes Duarte como Director Regional dos Assuntos
Culturais. Não foi só uma óbvia simpatia que me agradou, foi sobretudo a sua
humildade e bom senso. Apesar das discrepâncias ideológicas que fui sentindo ao
longo do meu crescimento enquanto cidadão “engagé”,
acompanhei o seu percurso político na Assembleia da República e, claro, os seus
escritos, ficando satisfeito por conhecer uma pessoa brilhante que me mostrou como
as diferenças podem ser salutares.
Quando foi nomeado para Secretário
Regional da Educação esbocei um sorriso de satisfação. Aliás, a mesma reacção de
aquando da nomeação de Nuno Crato para o mesmo cargo, mas na República.
Fagundes Duarte teve a coragem de
mudar decretos e procedimentos pedagógicos com os quais não concordava ou porque
estes tinham manifestamente sido comprovados como negativos ou então contraproducentes.
Fagundes Duarte fê-lo, sabendo que iria provocar inimizades dentro do PS. A
experiência e a sapiência têm sido a base da sua condução política. O
calculismo foi substituído pela genuína vontade de servir alunos e professores (sei
que é muita bajulação, mas para quem passa a vida a criticar, poder escrever um
texto laudatório é uma tarefa quase terapêutica).
Depois de anos de experiências
pedagógicas com os alunos açorianos e perante os parcos resultados obtidos, o
caminho só pode ser o do regresso ao básico, tal como acontece no continente.
Haja coragem para trilhar esse caminho.