Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, setembro 26, 2010

Viajar barato pode sair caro



É impossível falar de transportes aéreos sem falar de turismo ou vice-versa. Vou tentar explorar estas duas vertentes em duas situações, tentando pôr-me na pele de um governante.


Em Abril deste ano, Carlos César surpreendeu tudo e todos ao anunciar a redução do preço das passagens aéreas para 100 euros. Já há muito que se reclamava por causa do custo excessivo das tarifas aéreas, mas nunca ninguém se tinha lembrado de estipular um preço. 100 euros foi a quantia escolhida pelo Presidente. O povo aclamou de pé como que a dizer “só mais um! (mandato) ”. Com este anúncio, a oposição bem podia arrumar as tralhas: o PS iria ficar no poder pelo menos mais vinte anos.


Com tempo, os açorianos perceberam que afinal não é bem assim e que no discurso houve entrelinhas e omissões. Às tantas, nem o Presidente sabia na altura como seria difícil “democratizar” as viagens de avião para todos os açorianos. Com o tempo, dei por mim a pensar se de facto o Presidente do Governo Regional não se terá arrependido da promessa que fez pelo facto de poder ser prejudicial para a Região. Passo a explicar-me.


Ao podermos viajar para o continente por 100 euros, não estaremos nós a pôr em perigo a economia local? Não haverá a possibilidade de as pessoas viajarem para o Porto ou para Lisboa só para fazer as suas compras, até com a possibilidade de ir e voltar no mesmo dia, fazendo com que o comércio local sofra prejuízos consideráveis? Não haverá a possibilidade de as cidades açorianas, e respectivas lojas comerciais, ficarem vazias aos fins-de-semana porque anda tudo a passear no Colombo ou no Norte Shopping?


Por isso, até compreendo que a restrição a um limitado número de lugares por cada avião com esse tarifário “low cost” seja uma opção mais sensata. Eu sei que parece absurdo, mas já ouvi disparates piores proferidos por quem não devia. Dou um exemplo.


Durante este Verão, assisti a um momento caricato na televisão entre uma representante do governo regional pelo sector turístico e o apresentador da RTP Jorge Gabriel. O apresentador manifestava o descontentamento veiculado por muita gente de que os Açores são um destino turístico pouco acessível para as bolsas das pessoas. A responsável governamental argumentou que o que se pretendia era qualidade (no tipo de turista, presumo eu) em detrimento da quantidade (vai-se lá saber o que isso significa). A conversa entre os dois ficava por aqui, mas fez-me lembrar os tempos em que Mota Amaral chefiava os desígnios da Região, defendendo o mesmo e em que o PS se opunha fortemente a esta perspectiva redutora do potencial turístico do arquipélago. Como se sabe, só com o PS é que se deu um salto em termos de afluência turística e na promoção dos Açores pelo mundo. Volvido este tempo, parece que demos um passo atrás.


É lógico que qualquer região do planeta queira turistas ricos, pacatos e simpáticos – e, de preferência, bonitos. No entanto, as coisas não funcionam assim. É também indubitável que a aposta do Governo Regional nos turistas oriundos dos países nórdicos não foi de todo bem sucedida. Apesar de terem um grande poder de compra, verificou-se que, omissa a aquisição do pacote turístico, grande parte desses turistas pouco gastou nas ilhas visitadas. Agora uma coisa é certa, com eles a natureza foi preservada.


O tipo de turista de Ibiza nunca será igual àquele dos Açores, mesmo que os custos de deslocação e alojamento sejam idênticos nas duas regiões. Nesse sentido, não há perigo em tornar os Açores um destino turístico mais barato. O perigo reside nalguns nativos que não têm o mínimo de respeito pela bênção que a natureza lhes deu.


Em suma, o turismo nos Açores evoluiu muito nesta última década. Mas os resultados estão aquém do desejado e do investido. Diversificar a oferta turística com a criação de cruzeiros marítimos parece ser uma estratégia acertada, mas, se até lá o Governo continuar com a falsa premissa da qualidade, o problema do preço continuará o mesmo.

sábado, setembro 18, 2010

Cunhas

Em 2003, no governo de Durão Barroso, dois ministros cairam por causa de uma cunha a uma filha de um dos ministros.
Era bom que a Secretária Ana Paula Marques se lembrasse desse triste episódio político.
A questão não está na legalidade (ainda para mais quando uma maioria regional do PS aprova o que bem entende); a questão é ética.
Quando Ana Paula Marques aprovou a nova portaria que incluiu o curso de pilotos de linha aérea nas bolsas de estudo - com o respectivo aumento, ela sabia que o seu filho iria beneficiar dessa alteração?

Ouvi dizer que houve eleições na JSD Açores

Cheira-me a esturro

A anulação da construção do troço para o TGV é muito duvidosa.
O consórcio de empresas Tave Tejo, que integra a empresa espanhola FCC, ganhou o concurso mas agora vê-se de mãos a abanar. Ainda para mais quando se sabe que vai haver um novo concurso para a mesma obra (um adiamento inexplicável então, pois não se sabe quando a crise irá acabar).
Já agora a Mota Engil terá uma nova oportunidade. Mas fica a dúvida se de facto a anulação se prende com as verdadeiras razões explanadas pelo governo ou se é uma forma de fazer com que a empresa do regime (Mota Engil) possa ficar com essa obra.
Em breve, a Polícia dará notícias sobre o assunto.

sábado, setembro 11, 2010

Estados Unidos da Europa?




O Conselho dos Ministros das Finanças e da Economia dos Países da EU (Ecofin) aprovou uma proposta da Comissão Europeia que visa analisar os orçamentos antecipadamente de cada país antes de estes serem aprovados a nível nacional. Por outras palavras, todos os países terão algo a dizer sobre os orçamentos nacionais para impedir o possível impacto negativo de certas propostas, tudo em nome do rigor e da transparência das contas públicas.


Em Portugal, só os partidos de Esquerda se insurgiram contra esta resolução, pois, segundo os próprios, a Constituição Portuguesa fica beliscada e os princípios da democracia são postos em causa. Esta é de facto uma questão política interessante para analisar e debater. Interessa perguntar até que ponto a União Europeia se pode imiscuir nos assuntos internos de cada país? Haverá realmente perda gradual de soberania com o reforço dos poderes fiscalizadores e de coordenação de Bruxelas?


Estas interrogações, que ganharam força com o Tratado de Lisboa e que reapareceram com esta resolução, levam-me aos arquivos da história, nomeadamente à fundação dos Estados Unidos em que houve uma discussão similar entre Jefferson e Adams, por volta de 1789. Muito resumidamente, Thomas Jefferson, sulista e esclavagista queria que o país se baseasse na vontade popular de cada Estado e por isso exigia um “governo central mínimo e sem poder de veto sobre os estados da União”. No seu lado oposto, Adams defendia um governo central forte para a segurança da liberdade. O primeiro pretendia uma confederação de estados; o segundo, uma federação. Tudo isto culminou com a Guerra de Secessão em 1865. Os federalistas venceram tanto no debate político como na guerra. Mas como se sabe, esta discussão mantém-se entre os Republicanos que exigem um estado mínimo e os Democratas que preferem um estado forte e reformador, nomeadamente nesta altura de crise.


Na Europa, o debate também se faz, mas como podemos observar é a Esquerda, que manifesta cepticismo em relação a esta forma de governo central desempenhado pela Comissão Europeia. No geral, a população e os principais partidos que governam têm dado sempre o aval a Bruxelas. E o que é estranho é o facto de este debate - sobre a possível perda de soberania de cada estado em prol da UE - não fazer parte da discussão quotidiana dos europeus. Parece que o que importa é o dinheiro que vem da Europa e o resto é conversa académica. Há, por outro lado, uma outra explicação.


Nesta crise que tende em perdurar, as populações perceberam que os seus governantes falharam não só na previsão dos acontecimentos, como posteriormente nas medidas implementadas para resolver a situação. O que se tem visto é que as populações, sobretudo dos países mais pobres, delegaram a sua confiança para Bruxelas e já não para Lisboa, Madrid, Roma ou Atenas. O povo europeu “pede” uma federação de estados. Contudo, os políticos europeus não lhes dão nem carne, nem peixe: dão-lhes um Tratado de Lisboa que permite que se continue a dar passos pequenos e muitas vezes em falso para o desconhecido.


Entretanto, os países mais ricos e estáveis da União impacientam-se com o arrastar dos países em dificuldades e a solidariedade interestadual vai dando de si. Pedia-se clareza aos governantes europeus: perante uma Europa menos unida e cada vez menos relevante no contexto mundial, que devemos fazer? Fingir que está tudo bem como está (com instituições, cargos e presidentes que nunca acabam) ou abrir as portas a uma federação de estados europeus?

sexta-feira, setembro 10, 2010

Dream Theater acabou


É oficial: Mike Portnoy deixa a banda. Como se percebe, não tem lógica os DT continuarem sem o seu fundador.


Aqui o testemunho de Portnoy apontando as razões da sua saída.


Estava a criar um grupo no Facebook fazendo lobby para que os DT actuassem no Rock in Rio 2012. O sonho acabou.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Salgalhada das SCUT

O Governo decidiu (e mal). Agora há que acarretar com as consequências.

Frase do momento

"Nenhuma sociedade pode escrever uma Constituição perpétua."
Jefferson

Momento importante em Cuba

As afirmações de Fidel Castro, a confirmarem ser verdadeiras, podem ser um momento importantíssimo para a mudança política a operar em Cuba.
Os Estados Unidos ajudarão sem sombra de dúvida a tornar um modelo comunista obsoleto e assassino para um modelo capitalista democrático onde a liberdade impera.
Estou a ver que afinal irei visitar Cuba mais cedo do que pensava

sábado, setembro 04, 2010

Pagas quando quiseres



Neste início do mês de Setembro, duas notícias chamaram-me a atenção pelas repercussões que podem ter a muito breve trecho. A primeira, de carácter nacional, diz que o governo autoriza a que várias empresas públicas se possam endividar mais do que o permitido pelo famoso PEC. A segunda, de carácter regional, tem que ver com as declarações de João Ponte, Presidente da Câmara da Lagoa, em São Miguel, e Presidente dos Municípios da Região Açores. O autarca defende que a aplicação de juros sobre as dívidas estatais vai prejudicar ainda mais as autarquias açorianas.



A relação entre estas duas notícias é óbvia e deveras preocupante. Como todos sabemos, o país já não consegue viver acima das suas posses. O endividamento é isso mesmo: viver acima do que se pode pagar. Lamentavelmente, o Estado não consegue dar o exemplo e acaba por autorizar a que certas empresas se possam afundar – e com elas o país – a médio prazo. Não faltam agora empresas a pedir ao governo para serem também excepção no que respeita ao endividamento. De facto, por que razão algumas podem e outras não?



Ao fazer aquela denúncia, o autarca açoriano revelou uma verdade aterradora. Ele é contra a aplicação de juros de mora sempre que uma autarquia se atrase a saldar as suas dívidas porque irão “acrescer” às dívidas existentes. Isto deixa incrédulo qualquer pessoa de bem. Não foi justamente com este propósito que se votou essa lei? Os juros de mora servem exactamente para obrigar o Estado a cumprir a lei, isto é, para que pague a quem deve a tempo e horas! É uma questão de moral, de ética. Qualquer cidadão que assumiu um crédito sabe que se não o pagar nos termos em que foi acordado, está tramado. Por que razão não havia de acontecer o mesmo a uma autarquia?



Ainda para mais, as dívidas das autarquias relacionam-se sobretudo com dívidas a fornecedores, pequenas e médias empresas que constituem a força empresarial do respectivo concelho. Como se sabe, na Região, o dinamismo empresarial depende grandemente do sector público, daí as palavras de João Ponte serem absolutamente inaceitáveis. Não se pode exigir mais dos empresários, não se pode apelar ao sentido empreendedor das pessoas, nomeadamente dos jovens, se não houver cumprimento de quem supostamente deveria servir de exemplos a todos.



Mas isto não acaba aqui. Há tempos, as câmaras de Angra e da Praia anunciaram a intenção de criar uma empresa intermunicipal. À primeira vista, em nome de uma gestão eficiente dos dinheiros públicos, a ideia parece salutar, sobretudo quando é dito que essa futura empresa municipal poderá intervir em diversas áreas para além da gestão dos resíduos sólidos da ilha. Falta agora saber se serão extintas algumas das actuais empresas municipais, evitando a redundância de funções e cargos. Contudo, o povo está farto de dizer que as empresas municipais rimam com tachos e cunhas.


Espero que, desta vez, esteja enganado.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Uma questão de moral que alguns autarcas teimam em não entender

As razões para tal discordância para com a lei são aterradoras: "João Ponte alerta para o facto destes juros irem "acrescer" às dívidas já existentes".
Isso já o sabemos, por isso é que se votou essa lei para ver se o Estado paga a tempo e horas! Ou será que não quer pagar?
O pior nisto tudo é perceber que centenas de empresas são prejudicadas. Não sei como querem incentivar ao empreendedorismo, ainda para mais numa região altamente dependente do Estado.