Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

A minha foto
Nome:
Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, fevereiro 22, 2009

Alguém lhe diz para parar com esta merda?

Paraíso Perdido VI

Pobres e explorados
Os Açores são a região do país com menos população activa e, apesar da criação de emprego ser a conta-gotas, por mais que se esforce o governo em estimular as empresas e o empreendedorismo, 60% dos açorianos que trabalham auferem menos de 600 euros por mês.

Por mais desconcertante que seja saber-se que os rendimentos dos açorianos são os piores de Portugal, há um aspecto que me provoca alguma perplexidade. Os sinais exteriores de riqueza que os açorianos ostentam indicam precisamente o contrário: carros de alta gama, casas opulentas e estilo de vida folgada, com muitas viagens para o continente português e estrangeiro em classe turística. Alguma coisa está errada, não é? Ou será que os restantes 40% dos trabalhadores são ricos ao ponto de se permitirem ter dezenas de casas e carros numa mesma ilha? Será que os seus rendimentos lhes permitem andar constantemente de avião?

Este bem podia ser um novo mistério para os cientistas investigarem. Porém, atrevo-me a lançar duas hipóteses para explicar tal fenómeno. Na primeira, parte-se do princípio que os açorianos são muito espertos e conseguiram esse dinheiro através dos subsídios da União Europeia, pois os Açores são das regiões que mais fundos recebeu. A segunda parte do princípio que os açorianos são néscios e foram ludibriados pelos bancos ao recorrerem ao crédito fácil.

Na primeira, há que dar o mérito à esperteza saloia dos açorianos. Se for a segunda hipótese, então o governo regional tem um grave problema: o arquipélago está falido.

Sexo nas escolas
A Esquerda anda ao rubro: a disciplina de educação sexual vai finalmente integrar o currículo escolar. 12 horas por cada ano para ensinar e debater questões de sexo, já que os pais andam demasiados ocupados com os seus divórcios ou a suas vidas de adúlteros. Não vou ser mau: o trabalho ocupa também muito tempo. Desde pequeninos, na primária, lerão livrinhos com bonecos em posição de coito - celebrando uma das poucas coisas que ainda dão razão de viver -, até à secundária quando serão os próprios jovens estudantes a dar lições aos professores.


Olhando para a Escola e para os seus problemas, só posso rir-me desta nova iniciativa, pois entendo a fuga para a frente por parte do Partido Socialista. Se a escola já não é capaz de transmitir conhecimento, então, antes que os alunos deixem simplesmente de lá aparecer por não lhe ver nenhuma utilidade, faz-se como na televisão quando tem fraca audiência: mete-se conteúdos de sexo. Aliás, com os últimos episódios de insegurança nas escolas só se podia antever que, em breve, o sexo juntar-se-ia à violência; não andariam estes de mãos juntas.

Consciente de que os professores são agora paus para toda a obra, só acho que, neste caso, lhes deveria ser dado a possibilidade de declarar objecção de consciência para não leccionar a tão aguardada disciplina.


Questões fracturantes
Os debates sobre os casamentos entre homossexuais e sobre a eutanásia servem de passatempos àqueles que se fartaram de ouvir falar da crise. Por mim, sabendo de antemão o que isto vai dar, pela experiência com a questão do aborto, peço aos governantes para que sejam céleres na discussão e explícitos nos insultos de parte a parte. O que me interessa é que estas duas medidas sejam aprovadas rapidamente.

Quero que aprovem estas medidas simplesmente para acabar de vez com as questões fracturantes da Esquerda. Aprovem estas medidas rapidamente para discutirmos as verdadeiras reformas de que o país precisa. Os debates são bons, as perdas de tempo terríveis. Nestas duas questões, que mexem com a consciência de cada pessoa, muita da discussão não provocará efeito nenhum a não ser acicatar as pessoas e dividir o país. As questões de consciência são como os gostos: não se discutem.

Se estas medidas forem aprovadas, será que haverá mais questões fracturantes? Há pouco, ao passear pela rua, vi dois jovens a fumar um charro, perto de uma escola. Pois é. Esta é também uma questão fracturante…

sábado, fevereiro 14, 2009

Paraíso Perdido V


Um novo Conselho de Ilha

Como já se percebeu ao longo destes últimos anos, o actual Conselho da Ilha Terceira tem uma direcção ineficaz e conflituosa, cujos resultados são insatisfatórios para não dizer coisa pior. O melhor, para não ser acusado de maledicência fácil, será propor uma alternativa a esse Conselho.

Como tal, aceito o desafio e começo a pensar no tipo de alternativa que posso sugerir. Na realidade, até é fácil. Antes de mais, é preciso acabar com o estatuto de órgão consultivo. Depois, eliminar qualquer potencial conflito que possa surgir por questões político-partidárias. E, para finalizar, ser-se activo ou pró-activo (conforme a moda lexical), galvanizando as pessoas em torno de um bem comum: a ilha Terceira e as suas gentes. Estes são os três fundamentos que devem ser seguidos para criar uma alternativa séria e credível ao actual Conselho de Ilha.

Dito isto, só falta encontrar um nome. Por isso, aproveito para sugerir alguns aos meus caros leitores. A escolha pode não ser fácil, mas os nomes até podem ser complementares uns dos outros. Que tal AJITER, Burra de Milho ou Mar Bravo? Não me lembro de mais nenhum, mas se souberem, caros leitores, digam-me. Não deve ser assim tão difícil fazer melhor do que o Conselho de Ilha.


Eleições Autárquicas

Enquanto cidades, vilas e algumas juntas de freguesia se encontram em estado de sítio por causa de obras públicas de todo o género (tradição típica dos políticos portugueses quando estão em vésperas de eleições), os açorianos assistem com gozo aos primeiros ensaios gerais da nova dança de Carnaval, cujo enredo bem podia ter como título: “vota em mim que sou mais fixe.”

Nessa tragicomédia que inclui também o concurso “Quem quer ser mais demagógico?”, os candidatos reclamam a elevação da sua vila a cidade, da sua freguesia a vila e do seu bairro a freguesia. Para mim, a minha casa é meu reino e eu sou rei. Assim ninguém me bate.

No meio desta triste patetice, que as campanhas autárquicas sempre proporcionam, existe alguma expectativa legítima e interessante que os eleitores/munícipes podem revelar. Quem serão os candidatos do PS à câmara de Ponta Delgada e do PSD à câmara de Angra? No primeiro caso, mesmo se as movimentações políticas apontam cada vez mais para a escolha de Paulo Casaca enquanto candidato do PS, considero que será mais um mártir escolhido erroneamente para o cargo. Aliás, para Ponta Delgada, só vejo um candidato à altura de Berta Cabral: Carlos César. Sendo uma probabilidade impossível, o resultado das eleições não terá muitas surpresas. No segundo caso, o PSD tem um problema complicado. Na gíria futebolística, diria que concorrer para a câmara de Angra pelo PSD é como chutar para um PS de baliza aberta. Os erros acumulados pela edilidade socialista são tantos que a vitória parece fácil. Concorrer para o cargo torna-se então tentador, daí ainda nada se saber acerca da identidade do oponente social-democrata. A discussão nos bastidores do partido deve ser intensa, porém quanto mais tempo levar a escolher o candidato, menos tempo terá para elaborar um programa de boa qualidade e delinear uma estratégia para a campanha. Obviamente, não quero influenciar ninguém, mas já sei em quem não vou votar.



As pontes da recta da Achada

Muitos impacientam-se com a demora com que as obras da via rápida estão a decorrer, outros acusam os empreiteiros envolvidos por não saber a quantas andam e da mais provável derrapagem financeira que daí resultará. Eu devo ser dos poucos que aguarda com grande entusiasmo a conclusão desta obra de regime que mais irá contribuir para o progresso da ilha Terceira.

Pela primeira vez, ao contrário do que sempre aconteceu no passado, os açorianos da Terceira terão algo que não existe em São Miguel: uma estrada com pontes exclusivamente para vacas. Imagino o potencial turístico desta ideia fantástica: excursões ao Domingo para ver as vacas a passarem por cima, enquanto os visitantes tiram fotografias para recordarem mais tarde com a família da América. Imagino a abertura de uma nova rota aérea com a cidade de Nova Déli, na Índia, para eles verem como também aqui as vacas são sagradas. Estas são algumas das novas valências que a via rápida nos irá proporcionar. Mas será que alguém que já pensou seriamente no assunto?

sábado, fevereiro 07, 2009

Paraíso Perdido IV

A saga continua

Tal como o vírus da gripe das aves, o neo-separatismo alastra a grande velocidade pela região e parece que ninguém o quer parar. Tendo o novo Estatuto Político-administrativo dos Açores como incubadora e os políticos populistas como agentes contaminantes, esta nova vaga de autodeterminação açoriana promete fazer grandes estragos para a Nação. A culpa não é deles, verdade seja dita. A culpa é mesmo dos políticos do continente, mais interessados no imediato do que nas consequências futuras dos seus actos demagógicos.

Vem isto a propósito da nova moda taurina terceirense que consiste em pretender que a Sorte de Varas seja legalizada na região. O que mais me impressiona não são os aficionados que ambicionam esta autorização legislativa - por eles, às tantas, se houvesse morte do touro na arena açoriana seria o sonho realizado. Na verdade, o que me impressiona e revolta são os políticos que, reconhecendo não apreciar esta “arte”, valorizam esta manifestação cultural que, assumamo-lo ou não, implica o sofrimento de um animal.

Ninguém disse que uma civilização tinha um só caminho que implicasse unicamente o progresso. A História mostra-nos que muitas civilizações regrediram no seu processo de construção e consolidação, sobretudo por motivos religiosos e culturais. Não, não sou Verde, muito menos Bloquista, mas é este tipo de intenções políticas bárbaras que me faz compreender a razão pela qual existe tais partidos.

Vendetta

Sobre a polémica em que está envolvido José Sócrates, o que me parece importante destacar é que uma das mais altas figuras do Estado português se encontra refém ou de alguma cabala, ou então dos seus próprios actos mafiosos. Consciente da minha mediocridade enquanto investigador de polícia, nem sequer vou explorar a segunda hipótese. Mas a primeira, a tal teoria da conspiração, preocupa-me muito. Como pode o representante de um cargo tão vital para uma nação, como é o de Primeiro-ministro, com as vantagens e os privilégios que a função lhe dá, tornar-se tão indefeso perante ataques tão violentos? Perante uma situação tão grave, porque a própria segurança do Estado está em causa, como pode um Primeiro-ministro falar em “campanha negra”, como se estivéssemos perante entidades maléficas misteriosas, quando a sua obrigação seria a de denunciar ad hominem ou exigir que se investigue quem a faz?

No meio destas dúvidas, uma certeza: ou os autores das suspeições contra o Primeiro-ministro dizem a verdade, ou então que fujam. Uma boa vingança é sempre servida fria.

O quinto canal

Nos últimos anos, a televisão por cabo tem aperfeiçoado e diversificado a sua oferta, permitindo uma autêntica revolução nos lares portugueses. Contudo, os canais televisivos não vivem do ar e precisam de altas receitas publicitárias para sobreviver. Sendo Portugal um país pequeno, e por isso com uma vivacidade publicitária limitada, não se compreende que o Governo da República atribua uma licença para um quinto canal em sinal aberto. Os interessados que tiverem procedido a um estudo do mercado verificarão facilmente que todas as faixas sociais e etárias se encontram abrangidas pelos canais em sinal abertos já existentes. Os canais temáticos por cabo, cujo objectivo é abarcar a escolha do telespectador com vista a um nicho de mercado muito específico, colmatam as restantes lacunas. Por isso, fica por entender que margem de sucesso terá esse futuro canal.

Não obstante o desafio criativo e inovador que o quinto canal constitui para quem ficar com a licença, é de esperar que, por uma questão de comodismo, aposte infelizmente em programas telelixo que já abundam nos canais privados, nomeadamente na TVI.

domingo, fevereiro 01, 2009

Paraíso Perdido III

O precedente

Já o ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, o dera a entender: alargar a autonomia das regiões autónomas abriria um precedente perigoso para a Nação. Ainda mal recuperados da luta por causa do novo estatuto entre a Assembleia da República, com o compadrio do Governo da República, e o Presidente Cavaco Silva, eis que os neo-separatistas reivindicam, em alto e bom som, que se aplique integralmente a nova bíblia, hasteando doravante as bandeira azul e branca nos quartéis militares. A estes neo-separatistas só lhes falta agora andar com um “pin” da bandeira açoriana na lapela e cantar o hino açoriano todas as manhãs, de mão no peito. Mas esta nova moda regionalista não fica por aí. É vê-los igualmente na Assembleia Regional acusando a deputada do Bloco de Esquerda, Zuraida Soares, - com quem não tenho nenhuma afinidade, não fosse ela uma radical de Esquerda -, por ser “estrangeira”, de não possuir aquela sensibilidade que distingue a raça açoriana da portuguesa. Perante tamanha traição à pátria, o que se faz? Dá-se a independência aos Açores?

Os neo-separatistas bem sabem que, sozinha, a região não vai a lado nenhum. Mas se pedirem para ser anexada aos Estados Unidos, formando assim um novo estado, neste caso, têm todo o meu apoio. De facto, seria a primeira vez na longa história lusa em que alguns portugueses passariam de burro para cavalo.

2009: o ano das não-reformas

Desafio qualquer governo europeu, inclusive o nosso, para que encete reformas dos respectivos Estados. É vê-los a assobiar para o lado, distribuindo milhões aos nossos banqueiros e prometendo ajudar quem mais precisa. O problema é que, depois ter despejado tanto dinheiro nos bancos, quando há um ano atrás cada um destes apresentava lucros de vários milhões e atribuíam prémios de produtividade absolutamente obscenos aos seus gestores, ficou demonstrado que se eles precisam, então não há um cidadão que não precise de ajuda neste momento. Reformas que impliquem redução de pessoal na Função Pública? Nem pensar! Reformas que reduzam os direitos adquiridos? Esqueça.

Em 2009, esqueçam as reformas. Muito desemprego e conflitos dentro da sociedade que irão aumentar os níveis de insegurança e medo. Está tudo traçado para que regimes autocráticos se instalem no poder.

A minha veia talibã

Há anos atrás, o dia dos Amigos tinha um significado importante para os homens açorianos. A comemoração desse dia implicava rituais típicos de quem representa o bom chefe de família. Com os anos, as atenções viraram-se para a semana seguinte, isto é, o dia das Amigas. A tão proclamada igualdade de oportunidades entrou no léxico e as mulheres trataram de recuperar o tempo perdido. Na verdade, o melhor do dia das Amigas é o dia seguinte, quando vem à baila os escândalos da noite anterior com notícias sobre comportamentos um tanto ou quanto escandalosos de certas padroeiras tidas como donas de casa exemplares.

Se alguns homens decidiram boicotar o dia dos Amigos para se “solidarizarem” com o das amigas, outros põem as mãos à cabeça, pedindo auxílio divino para que o mundo volte ao que era dantes. Por mim, nesse dia, convidava alguns agentes da muttawa (polícia religiosa da Arábia Saudita) para que controlassem os impulsos carnais das nossas senhoras.

Se D. José Policarpo disse que, ao casar com um muçulmano, uma mulher metia-se num “monte de sarilhos”, subentendeu talvez que, para um muçulmano, casar com uma mulher dá-lhe um monte de vantagens.