Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, novembro 25, 2012

A morte da Ilha Terceira?




            No passado sábado, deitei-me a pensar na Base das Lajes. Deitei-me, relembrando tudo o que aprendi e vivi direta ou indiretamente com a base americana. Por intermédio de familiares que lá passaram parte das suas vidas ou, então, por causa das horas que dediquei nos estudos no âmbito do mestrado em Relações Internacionais, pensei na Base: nos terceirenses que lá trabalham, nas famílias que dependem dela, nas lembranças que ela suscita em cada canto desta ilha. 

Ninguém morreu, mas no sábado foi quase como se um médico tivesse apresentado um diagnóstico e esse diagnóstico dava como certa a morte do paciente, vítima de uma doença incurável, e que terá a partir de agora poucos anos de vida. 

Não se trata de um exagero. A possibilidade de a presença americana ser reduzida a um contingente residual - como foi anunciado na imprensa - terá graves repercussões na Terceira. Não se trata só de postos de trabalhos, de rendas de casas ou de calças levi´s mais baratas. Trata-se de dois povos que conviveram pacífica e jovialmente durante sessenta anos. Trata-se de um clima de excecionalidade que foi criado na Terceira graças à presença americana e devido aos seus contributos culturais, sociais e tecnológicos. São histórias e memórias que perduram nos americanos e açorianos que tornam esta relação ímpar. Por isso, a possibilidade do fim da base é como o anúncio da morte de um familiar. Todos acabam por perder algo. Todos ficam de luto.

            Qualquer leigo em matéria geostratégica percebe que o Atlântico é um mar seguro para os americanos e que, para além da necessidade de poupança, eles precisam de reorientar as suas forças para o Pacífico. No entanto, a geografia fala por si e os Açores são a única “ponte” entre o continente americano e o europeu. Ninguém sabe o que advirá no futuro em termos de conflitos militares. Um acordo bilateral não pode pender só de um lado em que um deles tem sempre as portas escancaradas para o outro. 

Os políticos portugueses podem atirar culpas uns aos outros ou podem unir esforços para atenuar o impacto negativo da decisão americana. Infelizmente, esperar por Lisboa deu no que deu.

Por isso, tendo em conta a proximidade que une açorianos e americanos, seria bom que o Governo Regional envidasse todos os esforços diplomáticos junto da comunidade portuguesa para que esta, por seu lado, pressionasse a administração americana a rever a sua posição. O lobby é uma prática corrente na política americana e tendo em conta que há vários políticos americanos com ascendência açoriana, para além de empresários e personalidades influentes na sociedade americana, não seria de todo despiciendo o Governo Regional gastar uns milhares de dólares nessa iniciativa diplomática. E o positivo é que a nova administração Obama nem sequer tomou posse.

Não me vou perder em elucubrações fantasistas sobre a possibilidade de a China estar interessada em substituir as forças americanas. A Terceira não é nenhuma prostituta à espera do cliente que mais dê. Nem me parece aceitável que a única iniciativa vinda das autoridades portuguesas seja o de exigir unicamente contrapartidas financeiras para indemnizar os trabalhadores, engrossar as contas da FLAD ou apetrechar militarmente a Força Aérea Portuguesa. 

A Terceira está a viver uma crise sem paralelo, como qualquer outra região do país. Acrescentar-lhe outra crise - como a que se avizinha - é condená-la a uma morte lenta, dolorosa, mas real. Todos nós, terceirenses, devemos ligar para a América e pedir um favor aos amigos e familiares que lá vivem. Ou o favor para que não deixem morrer esta terra ou para que nos arranjem um job em terras do Tio Sam.

domingo, novembro 18, 2012

Um novo ciclo para a Educação




            Após a reunião com o Presidente do Conselho Nacional da Educação, Vasco Cordeiro declarou que as políticas para a Educação precisam de evoluir uma vez que a fase das grandes obras escolares chegou ao fim. Comparativamente com outras regiões do país, os alunos e as escolas dos Açores ainda continuam com resultados insatisfatórios. Este será um dos grandes desafios para este novo ciclo político.

            Para entrar num novo ciclo educativo é preciso avaliar o que foi feito até agora. É preciso manter os aspetos positivos alcançados - do estatuto do professor às questões ligadas aos currículos escolares - e reformular os aspetos que se revelaram negativos sem qualquer constrangimento ideológico. 

            No entanto, há um pressuposto que se deve ter em conta. Num momento crítico para Portugal onde finalmente se pretende debater as funções do Estado, os Açores não podem ficar fora dessa discussão e mais: têm, neste novo ciclo, a oportunidade de redefinir aspetos estruturais do “Estado” da Região. E aqui entra a pasta da Educação.

            Parte do insucesso dos nossos alunos se deve a questões culturais e sociais. Numa região eminentemente pobre, onde a escolaridade das famílias é, no geral, baixa, o insucesso e o abandono escolares tendem a ser igualmente proporcionais. As políticas educativas deverão então passar por garantir um ensino que crie oportunidades com base na expetativa dos alunos, nas necessidades económicas da Região com base na sua capacidade financeira. 

            Um ensino que se quer gratuito e obrigatório deve sê-lo na sua plenitude e não para constar da Constituição. Por isso, é inconcebível que se alargue a escolaridade obrigatória até aos dezoito anos, cabendo aos pais o dever de financiar os respetivos custos. Não se trata aqui de uma questão social, onde basta disponibilizar dinheiro aos mais carenciados para resolver o problema. Trata-se do princípio da universalidade. 

            Numa ideia nada original, já praticada na Alemanha ou na França, defendo que o ensino obrigatório deve ser gratuito para todas as crianças e jovens independentemente da sua proveniência social. Sejam ricos ou pobres, o Estado deve custear todas as despesas. Como exemplo, os manuais escolares devem ser gratuitos e fornecidos pelas escolas, sob a forma de empréstimo, a todos os alunos e em todas as escolas. Os escalões devem manter-se para a aquisição do material escolar, no transporte e nas cantinas. Mas, atenção, todas as famílias devem usufruir desse apoio social.

            Em termos curriculares, a aposta no ensino profissional é crucial para aumentar as probabilidades de os alunos terem sucesso no futuro, mas ela deve ter um enquadramento mais lato, não se cingindo apenas às escolas profissionais. As básicas devem ter condições físicas e humanas para fornecer um ensino pré-profissionalizante. Ensino este que deve ser facultado aos alunos a partir dos seus catorze anos, ou por opção própria, ou resultante dum insucesso escolar recorrente ou dum absentismo preocupante. Antes dessa idade, omisso o Ensino Especial, qualquer currículo alternativo é gerador de discriminação negativa.

            Até lá, a escola terá por missão identificar rapidamente quais os alunos com dificuldades de aprendizagem e criar estratégias de acompanhamento e de reforço da aprendizagem que passam por uma maior individualização do ensino. O ensino deve ser orientado não em função de utopias, mas sim em função da “matéria-prima” que se tem. Isto é, não se pode querer só doutores e engenheiros. Precisamos de uma mão-de-obra qualificada, diversificada e altamente especializada. O ensino técnico-profissional será a resposta adequada para a maior parte dos jovens açorianos. 

Não podemos continuar a “fabricar” licenciados para o desemprego; não podemos continuar a ter alunos que preferem ajudar os pais na lavoura ou, pior, ficar em casa porque a escola é uma seca. É preciso responder com a ferramenta certa que passa por adequar a escola às expectativas dos alunos.
Mas isto implica muitos gastos. Por isso, continuo a achar que o alargamento da escolaridade obrigatória foi como atirar a bola para frente, não tratando do essencial. Para que serve ter alunos desmotivados, faltosos e indisciplinados até aos dezoito anos? Talvez se devesse reponderar esta questão.

domingo, novembro 11, 2012

As empresas açorianas que desprezam a Terceira


1. Ao longo dos anos, as duas maiores empresas dos Açores com capital público - SATA e EDA – têm demonstrado pouca consideração para com a Ilha Terceira. A companhia aérea nunca manifestou grande interesse em explorar o potencial económico da Terceira e em responder às pretensões da população e dos agentes económicos. Por seu lado, a companhia elétrica parece ter desinvestido na ilha, tornando os seus equipamentos obsoletos ou desatualizados. Resultado: apagões frequentes, com o consequente prejuízo para cidadãos e empresários.

    A SATA sempre foi criticada pelos preços proibitivos que pratica não só para os açorianos, como para os turistas. No entanto, na Terceira, a questão é mais profunda, prendendo-se com uma política centralista em prol de São Miguel, prejudicando os interesses e desvalorizando a importância da ilha Terceira. Desde a pernoita de aeronaves na Base das Lajes, dos horários de voos para o continente, das rotas para fora da Região, até à exploração das escalas técnicas, a SATA sempre despoletou desconfiança nos terceirenses.

    A EDA é outra empresa que está na mira dos terceirenses pela sua ineficiência, mas cujos danos são ainda piores do que a SATA, pois todos nós precisamos de eletricidade. Para além da tentativa fracassada na exploração geotérmica, temos agora os apagões que, em pleno século XXI, muitos achavam ultrapassado. Perante o prejuízo dos empresários e o descontentamento dos terceirenses, aparece um responsável da companhia a admitir os problemas estruturais dos equipamentos e redes e a necessidade de os renovar. No entanto, refere que os investimentos a fazer terão um custo para os cidadãos. Não deixa de ser estranho, pois a EDA é uma empresa com obrigações de serviço público e uma delas, talvez a mais importante, é fornecer eletricidade. O dinheiro que lucra das faturas elétricas e de outros serviços prestados deveria servir justamente para a manutenção e o investimento nos equipamentos necessários. O novo Governo Regional vai ter panos para manga para solucionar este problema.

Os políticos da Terceira andam ultimamente muito atarefados com a dança das cadeiras, quer no parlamento ou no governo, quer nos respetivos partidos. Por isso, o seu silêncio nesta matéria é ensurdecedor. O PS Terceira, cuja confiança dos eleitores lhes foi substancialmente renovada, deveria dar voz às reclamações dos seus concidadãos. Contudo, pela sua inércia, mais parece interessado em proteger os seus “camaradas” estrategicamente colocados nas referidas empresas.

2. A importância do Diário Insular

    Entre os anos de 2004 e 2010, tive o privilégio de escrever regularmente para o jornal A União. A extinção de um órgão de comunicação social é sempre uma machadada à liberdade de informação. Esperemos que haja em breve uma nova iniciativa jornalística.

    Nestes tempos de crise, onde inevitavelmente a liberdade das pessoas está condicionada, nomeadamente por causa da falta de empregos e na luta para não perder os poucos que ainda sobram, o DI terá um papel fundamental no escrutínio público não só do poder político como do poder económico e empresarial.

    O recente caso da EDA, denunciado pela Câmara de Comércio de Angra, com o pedido da auditoria externa e amplamente divulgado pelo DI, comprova a importância das forças vivas desta terra. Torna-se cada vez mais difícil contar com os políticos para resolver os problemas das pessoas. E desenganem-se aqueles que aplaudem a redução dos cargos políticos. Se o problema fosse esse, acabava-se de vez com os partidos e a questão ficava resolvida.

domingo, novembro 04, 2012

Novo ciclo, primeiras impressões




1. Vasco Cordeiro apresentou o seu governo. Os Açores iniciam um novo ciclo político. Como prometido, o governo é pequeno (promessa essa a que todos os políticos se agarram, à falta de cumprir aquelas que verdadeiramente interessam ao cidadão). Significa que, pela primeira vez, o PS dos Açores terá um parlamento forte, recheado de notáveis com larga experiência política e governamental. Para bem e para mal do próprio governo.

            A distribuição das pastas pelas três principais ilhas é, no meu ver, eficazmente proporcional à Região. Haverá, de certeza, super Direções Regionais. A coordenação política entre governo e bancada parlamentar do PS será fulcral para o sucesso deste novo governo. A decisão de manter Sérgio Ávila é inteligente, mas sobretudo de bom senso. Pelo menos, os açorianos não serão surpreendidos como os portugueses do continente, de cada vez que entra um novo governo, com a lengalenga de que “afinal, as contas estão piores do que pensávamos”. Outra vantagem do PS: uma lealdade política à prova de fogo. Mais do que a oposição, o próprio PS, em sede parlamentar, terá um papel acrescido na fiscalização e necessária correção de decisões do governo que sustenta quando estas se afigurarem prejudiciais para o arquipélago. O recato dos gabinetes e das reuniões internas permitirá esses “ajustamentos” políticos.

            Por mais fã que se seja de Vasco Cordeiro ou do Partido Socialista, ninguém pode negar o estado crítico em que se encontra a Região e as dificuldades que o governo enfrentará nesta conjuntura extrema. Ninguém está preparado para o que aí vem, simplesmente porque nunca aconteceu no passado. Temo que a oposição enverede pelo caminho mais fácil que consiste em estar sempre do contra e na pressão constante ao governo. Da extrema-esquerda, não haverá surpresas. Da Direita, os ressentimentos e vontade de protagonismo poderão obnubilar uma conduta que se espera mais responsável. 

            Os tempos serão muito difíceis. Tempos esses que exigirão consensos e unidade em questões essenciais, como o emprego, a coesão insular e a retoma económica dos Açores. 

2. Mais um novo ciclo para o PSD Açores

            Mais uma liderança que foi à vida. Duarte Freitas é o próximo que terá a honra de presidir o partido, mas igualmente num péssimo momento. Pegar no partido na atual conjuntura não é um privilégio; é um fardo e um jogo de paciência, de muita paciência. Aliás, o facto de ser um picoense o único candidato à presidência mostra o estado de espírito que reina no partido. 

No entretanto, o partido vai perdendo experiência política, pois governar é muito diferente de que ser-se deputado. As poucas câmaras municipais laranjas, onde de facto se exerce um cargo executivo, vão desaparecendo aos poucos. As próximas autárquicas serão reveladoras de como os açorianos encaram o PSD Açores.

3. Já a pensar nas autárquicas

            Pelos vistos, Ponta Delgada vai ter dois candidatos de alto gabarito: José Contente, pelo PS, e José Manuel Bolieiro, pelo PSD. A um ano das eleições, era bom que ambos os candidatos oficializassem a coisa de maneira a acabar com tabus. Apesar da estima pelo atual presidente da Câmara, acho que o candidato socialista parte em vantagem. 

            Na ilha Terceira, nomeadamente em Angra, ainda nada se sabe. Contudo, as perspetivas são bem piores, pois não antevejo nenhum candidato à altura dos desafios que a cidade património tem pela frente. Nem dum lado, nem do outro. Oxalá haja boas surpresas. Sobre a Praia da Vitória, não estou preocupado.

sexta-feira, novembro 02, 2012

XI Governo Regional dos Açores

Primeiras impressões:
Um mini-governo que me agrada com a presença de Luís Fagundes Duarte e Luísa Schanderl.

Ségio Ávila no mesmo posto, para bem e para o mal. Pelo menos, o discurso  "afinal está pior do que se pensava", usado recorrentemente pelos governos que tomam posse, não irá existir.

Para a Secretaria da Saúde, Luís Cabral é uma incógnita política. Bem pensei que fosse uma pasta para um gestor, tendo em conta as dívidas acumuladas nesse sector.

Este governo vai ter super Directores Regionais. 

quinta-feira, novembro 01, 2012

Interessante

a forma como alguns notáveis do PSD Terceira andam a despedir-se dos seus cargos (acho eu).

Vai haver renovação?