Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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segunda-feira, setembro 28, 2009

Resultados das legisltavias nos Açores

O PS também ganhou nos Açores mas vai perdendo cada vez mais votos para os outros partidos. O PSD aproxima-se em relação a 2005 e quer o Bloco, quer o CDS vão duplicando o número de votantes.
O PSD não consegue ainda vencer por cá porque os seus candidatos não trabalharam sufiecentemente na campanha, porovavelmente por considerar que o resultado já estava garantido com a eleição dos dois deputados do costume. Eis o mal da não renovação. As pessoas não lutam devidamente pelos luigares a que se candidatam.
Pensar que estes resultados têm influência nas autárquicas parece-me em geral enganador. Nas eleições locais, as pessoas apostam sobretudo na pessoa e no seu projecto. Espero que haja surpresas positivas com mudanças em câmaras há já muito detidas pelos socialistas.

domingo, setembro 27, 2009

Paraíso Perdido T2C05



Governar com humildade
A vitória do PS, sem maioria absoluta, e com um reforço em termos de voto e número de deputados de todos os outros partidos, obriga-o a negociar todas as reformas que pretende fazer para os próximos anos. Com este resultado, quem ganha é o sistema democrático cuja balança do poder já não inclina para um único lado.

Há já quem diga que este governo não completará o seu mandato. Porém, o país precisa mais do que nunca de estabilidade governativa. Por isso, José Sócrates terá de ser humilde não só nas políticas que pretende empreender como imediatamente na constituição do seu governo e na atribuição de pastas ministeriais. Criar um governo com personalidades maioritariamente consensuais para a oposição deve ser um dos objectivos de Sócrates, isto se não quer entrar com o pé esquerdo neste novo mandato.

Se os portugueses deram a entender que se fartaram da maioria absoluta, é bom que se pare de equacionar uma possível coligação com o CDS ou com toda a esquerda, pois as diferentes concepções políticas são demasiado evidentes para permitir um entendimento duradouro. António Guterres conseguiu acordos pontuais em momentos cruciais, como em aprovações de Orçamentos de Estado. Por isso, respeitando o que os portugueses decidiram, todos os partidos terão de ser ouvidos na tomada de grandes decisões para o país. Contrariamente à sua personalidade, José Sócrates terá de criar uma cultura de negociação com a oposição.







Comentar os comentadores

Desde que os jornais optaram por terem a sua página online que existe, no fim de cada peça jornalística, um espaço para os leitores a comentarem. Obviamente, nas notícias mais polémicas, nomeadamente sobre política e futebol, os comentários são mais numerosos e contundentes. Quando se trata de artigos de opinião, transformam-se então em odes ao insulto pessoal.

Lendo os comentários, notamos que, ao fim de algumas linhas, o texto em si original deixa de ser discutido para dar azo ao devaneio dos comentadores e à troca de insulto entre eles. Na verdade, acabam por se comentar a si próprios, por vezes de forma engraçada, mas, na sua grande maioria, sob a forma de ataques pessoais e até com recurso à difamação de todo o género.

O mesmo acontece com os blogues. Aliás, a ideia dos jornais será, provavelmente, a de imitar a interacção que os blogues possibilitam. A meu ver, é muito duvidoso, pois grande parte dos pseudo-comentadores refugia-se no anonimato ou usa um pseudónimo impossível de identificar, o que acaba por diminuir o interesse desta iniciativa.

Por outro lado, é verdade que, de quando em vez, aparecem comentários e até análises interessantes por parte de leitores atentos e perspicazes, mas, neste caso, mais vale criar o seu próprio blogue para divulgar a sua perspectiva. Porque, desta forma, não serão misturados com os provocadores hipócritas, e porque também não acredito que os jornais continuem a divulgar brejeirices nos seus sites.





Não se pode criticar

Nalgumas mentes portugueses, criticar quem está no poder não é aceitável. Basta não concordar com o que algum político disse, com alguma obra anunciada ou inaugurada que certas pessoas acham necessário defender a suposta vítima do que consideram ser um ultraje.

Claro que na base da defesa está o contra-ataque, isto é, vai buscar-se o passado para mostrar que o “outro” era tão mau ou pior. Consegue-se assim desviar a atenção para outro campo e o que é criticado no presente deixa de ter importância. Pelos vistos, só podemos avaliar o que os políticos no poder fazem hoje só daqui dez ou vinte anos.

Concordo que seja mais fácil dizer mal do que elogiar o bem que é feito. Digo-o com o à vontade de quem se tornou especialista na matéria. Porém, considero que, de um ponto de vista político-filosófico, qualquer pessoa que esteja no poder desempenha o seu cargo para o bem comum e não unicamente para proveito pessoal. Dito isto, se houver qualquer desvio desse padrão, deve-se chamar a atenção.

domingo, setembro 20, 2009

Paraíso Perdido T2C04




Votamos no Bloco de Esquerda?

Ao avaliar os candidatos políticos e respectivos partidos, a tendência tem sido de referir o seu passado para demonstrar os respectivos defeitos ou incongruências, reforçando assim a posição daqueles que tem o seu voto definido.

Nesta pesquisa de arquivos políticos, é fácil encontrar situações de má gestão dos dinheiros públicos - conscientes ou não – ou erros estratégicos nas reformas delineadas na maior parte dos políticos que são actualmente candidatos às próximas eleições. Isso para não enunciar alguns casos do foro pessoal que causam suspeição nos eleitores. O escrutínio feito pelas oposições, pelos médias e pela opinião pública ao desempenho de quem governa é mais fácil do que quando se avalia um funcionário público ou trabalhador do sector privado. É verdade que não faltam casos de abusos de poder e corrupção que estão a ser devidamente investigados pelas autoridades. É verdade que um responsável político prejudica muito mais a nação quando lesa o Estado do que um simples trabalhador comum. Mas ao irmos constantemente buscar os erros do passado para denegrir determinado candidato ou partido, também cometemos um erro.

Os dois partidos de poder, a saber PS e PSD, têm um passado quer em governos, quer em autarquias que comporta aspectos bons, mas também maus. Se esta afirmação é óbvia, não se compreende então por que razão se perde tanto tempo a discutir decisões do passado. Dito isto, será que os únicos políticos que têm autoridade política para falar são aqueles que nunca desempenharam cargos públicos? Será que só devemos acreditar nos chamados “políticos virgens”?

Deste modo, para ser o mais coerente possível, votar-se-ia no Bloco de Esquerda, por exemplo, pois é um partido que tem feito uma boa oposição e como nunca esteve no poder, merece, provavelmente, um voto de confiança. Por um lado, até gostava de ver como seria, não só por mera curiosidade como também para ver o lado mais obscuro, contraditório e até podre que os seus responsáveis possuem. Por mais que se queira encontrar pessoas diferentes na política, acabamos por ver vários lados de uma mesma postura política e pessoal perante a sociedade. De todos os modos, na política, não são só as pessoas que se candidatam. Na base de um partido está a sua ideologia. Aqui reside a grande diferença.

Para aqueles que simpatizam ou são filiados num determinado partido, não há dúvidas de que custa aceitar certos candidatos que, pelo seu carácter ou pelo seu passado, diminuem a força e a autoridade da força política na qual acreditam. Por isso, ou se aceita o partido e os seus responsáveis democraticamente eleitos como são ou então mais vale mudar porque não dá para viver com a consciência pesada, tentando omitir o que já foi feito, seja de bom ou mau.




O sistema funciona

O povo costuma dizer que devia haver eleições todos os anos, tendo em conta o número de obras que estão a decorrer neste período de campanha eleitoral. Este cinismo popular devia envergonhar qualquer pessoa com responsabilidades políticas, sejam elas a nível local ou nacional.

É indecoroso ver os políticos a darem, nesta altura, subsídios a associações sociais, desportivas ou culturais; a cederem terrenos às juntas de freguesia; a limparem as estradas; a renovar as vias de trânsito; a pôr mais canteiros de flores nas artérias principais das cidades e assim por diante. Há décadas que este sistema de “compra” de votos existe e instituiu-se de tal forma na sociedade portuguesa que já ninguém leva a mal, nem acha isso escandaloso.

Consoante encontrou-se uma forma de limitar o número de mandatos ou para que haja mais mulheres na vida política, também se devia criar maneira de limitar as inaugurações em períodos próximos de eleições ou então de proibir a atribuição de subsídios ou bens a entidades de interesse público na dita altura.





Tornar o mundo pequeno

Não é só com subsídios ou salários altos que se combate a insularidade e a desertificação das ilhas mais pequenas. Permitir que a qualidade de vida seja melhor do que nos principais centros urbanos deve ser a prioridade de um governo regional.

Por isso, é com contentamento que vejo o governo a possibilitar que os açorianos da Graciosa e de São Jorge tenham Internet gratuita em rede wireless. É preciso aproximar o mundo dos ilhéus e nada melhor do que usar as novas tecnologias para atenuar a sensação de isolamento. Obviamente, este processo deve ser alargado às demais Ilhas da Coesão, abrindo a hipótese de a televisão também ser fornecida gratuitamente.

Qualquer governante regional deve ter sempre em mente que viver em ilhas não deve ter custos mas sim benefícios.

domingo, setembro 13, 2009

Paraíso Perdido T2C03

A minha democracia é melhor que a tua

Há meses atrás, perante a alta taxa de abstenção nas eleições europeias, Carlos César denunciava, segundo palavras dele, a estupidez dos que não tinha votado e apelava à mudança do sistema eleitoral propondo a instituição da obrigatoriedade de voto. Na semana passada, no Faial, a boca do Presidente fugiu-lhe para a verdade e acabou por dizer que os açorianos tinham obrigação de votar no PS.

Ao contrário de muitos políticos que caem na armadilha da demagogia em tempos eleitorais, Carlos César junta-lhe uma pintada de autoritarismo, dizendo em quem os eleitores devem votar. Por mais que tente distanciar-se da boçalidade de Alberto João Jardim, Carlos César assemelha-se cada vez mais ele na forma como encara as suas funções presidenciais. Na sua perspectiva, pouco importa que se desloque nos comícios nas vestes de Presidente do Governo Regional dos Açores e faça discursos enquanto líder do PS Açores: os outros é que abusam do poder; ele é que tem razão.

Porém, é importante salientar que o Presidente do Governo Regional tem optado por um tom de voz bastante áspero e autoritário nestes últimos anos, provavelmente resultante da permanência prolongada do poder. Ao declarar que as relações entre as autarquias do PS e o Governo são melhores do que com as do PSD, ele acaba por dar razão a quem o acusa de condicionar a vida política açoriana. E o próprio partido que dirige, totalmente subserviente para com o seu líder, reforça a ideia da falta de oxigénio democrático. Mas este ponto não é novo. A novidade prende-se num maior descaramento com que esta forma de abuso de poder é utilizada. Todos os elementos do governo regional têm feito prova de falta de humildade, e mostram-se até amplamente convencidos de que tudo o que fazem é correcto. Neste sentido, acabam por desprezar as intervenções da oposição, caracterizando-a de ignorante ou acusando-a de ser contra a autonomia. E isto é grave porque se tornou sintomático de uma forma de estar na política açoriana.

Falar em ditadura é, no entanto, exagerado, mas quando se vê governantes com o mesmo espírito do rei francês Luís XIV “ a autonomia sou eu”, estamos a caminhar para uma perigosa autocracia disfarçada.



Envelhecer no poder

Elogiar um partido que esteve 20 anos no poder local, como Carlos César fez à edilidade da Horta, é sempre complicado. Concedo que foi com o PS no governo que se limitaram os mandatos presidenciais nas autarquias e nos governos regionais, mas é igualmente o PS que deturpa esta importante reforma eleitoral ao substituir os seus autarcas quando estes se tornam incomodativos ou demonstram incompetência para o cargo.


É fácil recorrer ao argumento de que o povo é que decide e, se escolhe sempre o mesmo, é porque concorda com o trabalho que tem sido feito. No entanto, a perversão do sistema democrático reside nesse ponto e isso tanto vale para a Horta ou para Angra como vale para a Madeira. Estar no poder adultera a forma como se encara a realidade e cria vícios e compadrios que dificilmente são ultrapassáveis.

Com a limitação de mandatos, pretendia-se cortar este potencial mal pela raiz. Porém, com a substituição de governantes ainda em mandato por elementos do mesmo partido alegando razões ambíguas, existe agora a possibilidade de subverter este sistema recentemente implantado. Se o PS criou, e bem, uma forma digna de lutar contra o caciquismo, também conseguiu rapidamente encontrar maneira de a desvirtuar.






Regresso às aulas com Obama

O discurso de Barack Obama dirigido aos estudantes americanos serve para qualquer estudante no mundo. Mesmo que o texto seja simples e óbvio na mensagem de encorajamento, o presidente americano consegue galvanizar e incentivar os alunos ao gosto pelo estudo e ao desejo de vencer na vida profissional.

No momento em que também se iniciam as aulas em Portugal, fica aqui um pequeno excerto de um discurso que ficará para a história: “Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.”

domingo, setembro 06, 2009

Paraíso Perdido T2C02


Os traidores do costume

O candidato do PS Açores à Assembleia Nacional, Ricardo Rodrigues, tem andado de tal maneira interessado no programa do PSD que quase não se lhe conhece propostas em defesa da região. De todos os modos, não precisa de apresentar nada: basta-lhe fazer o que Carlos César mandar, nomeadamente na altura da votação para o Orçamento de Estado.

O argumento que o deputado usa insistentemente sobre Ferreira Leite não tem ponta por onde se lhe pega, pois nenhum responsável político é contra as autonomias, muito menos contra os Açores. Dizer isso para tentar colher votos não é demagogia; deveria ser considerado crime por difamação. A questão do Estatuto Político-administrativo dos Açores provocou sérias mazelas na relação entre o Presidente da República e o Primeiro-ministro. Se a Constituição Portuguesa foi posta em causa por causa de certas alíneas constantes do referido estatuto, é bom que isso não tenha passado em branco. Também não compreendo que, passado menos de um ano após aprovação do mesmo, os políticos venham pedir ainda mais autonomia.

Para os políticos de curta memória ou para aqueles que acusam a Direita de menosprezar os Açores, nunca será de mais relembrar o que Jorge Sampaio disse em Ponta Delgada, no final do seu mandado presidencial. O ex-presidente bem alertou que seria difícil fazer uma nova revisão constitucional: "sem provocar rupturas incompatíveis com a natureza de um Estado unitário com as Regiões Autónomas".

Mas as críticas de Ricardo Rodrigues não acabam aqui. Compreendo que tenha receio que os Açores percam dinheiro com a lei das Finanças Locais. Aliás, corrigindo a frase anterior: compreendo que tenha receio que São Miguel perca dinheiro. Se no continente o governo tem sido acusado de centralismo, aqui também parece que a moda pegou. Bem gostava de saber quem constitui o Conselho de Ilha em São Miguel…





Verdade ou Propaganda?

De facto, não é só o centralismo que pegou de moda nos Açores. A propaganda, tão bem explorada pelos ditadores modernos, também parece ter bem pegado por estes cerrados.

Ver aquele cartaz com o projecto do futuro Hospital da Terceira em 3D à entrada de Angra, que na realidade só abrirá daqui 2 anos (se não houver atrasos), na mesma altura das eleições autárquicas é puro exercício de, podia dizer demagogia, mas prefiro escrever excrescência.

Contudo, compreendo que o governo tenha essa tentação: se alguns terceirenses precisam que lhe expliquem como circular numa rotunda ou numa via rápida, é normal que também caiam nessa impostura propagandística.



Votar no mal menor

A poucas semanas das eleições legislativas, não restam dúvidas de que se o PSD tivesse outro líder, as eleições já estariam ganhas para este partido. Noutras circunstâncias, a Direita já poderia cantar vitória. Isto porque o desgaste político do PS e de José Sócrates é enorme. Isto porque a Extrema-esquerda consegue índices de popularidade nunca vistos noutros países da Europa, isto porque, apesar de ter tido condições ímpares para fazer reformas estruturantes para o país, o governo somente conseguiu despoletar crispação social, asfixia democrática e desconfiança política.

Com base neste contexto, a Direita só não consegue impor-se porque de facto as suas figuras principais não convencem os portugueses. Esta é uma verdade inquestionável. O passado recente de Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite provoca desconfiança nos eleitores. Mesmo se a questão ideológica e a exploração política das diferenças de valores entre Direita e Esquerda ajudam as pessoas a formar uma opção de escolha, a dúvida sobre qual a melhor candidatura continua, mesmo assim, a pairar na mente de cada um de nós.

Muitos defendem que é melhor José Sócrates manter-se no poder quando comparado com a alternativa existente. Mas muitos outros defendem que o líder do PS não deve continuar a governar. Se, neste caso, existem partidos para todos os gostos, o voto de protesto não será, todavia, suficiente para impedir o PS de constituir governo. Por causa de todas estas interrogações, perspectiva-se uma participação forte dos eleitores nas urnas.

Há cinco anos atrás, O PS ganhou com maioria absoluta sobretudo pelo facto de as pessoas repudiarem as candidaturas da Direita de então, mas também graças à promessa dos 150 mil empregos. Desta vez, os eleitores escolherão o partido que consideram o mal menor para as suas vidas. A palavra esperança não fará parte do léxico português durante uns bons tempos.