Complot

Este blogue nada tem de original. Fala de assuntos diversos como a política nacional ou internacional. Levanta questões sobre a sociedade moderna. No entanto, pelo seu título - Complot -, algo está submerso, mensagens codificadas que se encontram no meio de inocentes textos. Eis o desafio do século: descobri-las...

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Localização: Praia da Vitória, Terceira, Portugal

domingo, abril 26, 2009

Paraíso Perdido XIII

O azar das varas

Há alguns anos atrás (não muitos), estalou uma polémica durante as Sanjoaninas por causa do vestido da rainha das festas. A situação acabou por desencadear comunicados de imprensa, destaques nos órgãos de comunicação social regionais e até nacionais. Nas ruas, os terceirenses mal sabiam do que se passava. Contudo, a opinião publicada encontrava uma nova causa para dissertar sobre os valores que a rainha devia transmitir à populaça e a relevância que ela tinha no contexto local. Lá fora, a algumas milhas de distância, a polémica era encarada com gozo, porque provava o quanto a ilha Terceira tinha transformado a sua tão rica cultura popular em cultura pimba, preferindo discutir o acessório em vez do essencial. Era o reconhecimento do baixo nível a que a tão auto-proclamada capital da cultura açoriana tinha chegado.

O famoso debate que a questão da Sorte de Varas tem suscitado ultimamente na opinião publicada fez-me relembrar este triste e esquecido episódio. Em graus diferentes, reconheço, a Sorte de Varas é um assunto que, na verdade, a poucos diz respeito. Ainda para mais, no actual contexto em que se avizinham eleições cruciais quer do foro local ou nacional, esta discussão está sobrevalorizada, acabando por ser inoportuna. Mais uma vez, discute-se o acessório em vez do essencial ou mesmo vital, digo eu.

Está na altura de os terceirenses darem-se ao trabalho de reflectir e escrutinar o que os seus autarcas fizeram em prol da sua terra. Está na altura de analisar quem se apresenta a votos e de discutir livremente e sem preconceito quais as melhores opções, quais os melhores perfis para estar à frente de câmaras ou freguesias. Está na altura da sociedade civil pedir satisfações àqueles que até agora governaram, aprovando ou condenando o que foi feito até agora. Chegou a hora de se fazer um balanço, abrindo assim o caminho para a Democracia que o 25 de Abril propiciou.

Muitos, sobretudo os que têm a perder, ficarão satisfeitos com a discussão em torno da Sorte de Varas. Quanto mais se discute o acessório, menos tempo sobra para discutir o mal que foi feito à Terceira.

Um silêncio ensurdecedor

Falando em mal. Nos últimos tempos, há uma voz corporativa que me tem incomodado. Incomoda-me por não se fazer ouvir quando seria necessário. Refiro-me aos deputados do PS eleitos pelo círculo da Terceira. Há muito que a oposição tem pertinentemente acusado o Governo Regional de retirar poderes institucionais e reduzir a capacidade logística da ilha. O Partido Socialista da Terceira tem tido uma postura pouco digna a esse respeito porque não se pronuncia ou, se o faz, não tem repercussão. Não tendo uma posição claramente assumida, o PS Terceira perpassa a ideia de que, sobre a matéria, a sua posição “nem é carne nem é peixe”.

Poder-se-à pôr em causa o meu bairrismo bacoco, em nome de um interesse regional mais amplo. Porém, reitero o meu ponto de vista atirando de volta as minhas dúvidas: provem-me que o centralismo do Governo Regional não prejudica os Açores, nomeadamente a ilha Terceira; provem-me que, por exemplo, a ligação aérea entre o Pico e Lisboa não prejudica os terceirenses; provem-me que a concentração de aviões da SATA, de poderes e de instituições públicas em São Miguel só traz proveito para todos os açorianos e nenhum prejuízo; provem-me que a sensação de que há açorianos de primeira e outros de segunda não passa disso mesmo.

Este é o repto que faço aos deputados do PS Terceira que beneficiam do melhor púlpito para expressar a sua posição sobre o assunto, ou seja a Assembleia. Ou será que quando isto é discutido em sede própria, aquando das votações, os senhores deputados se retiram da sala porque não concordando, não podem, contudo, votar contra?

Enquanto uns optam por um silêncio que de despercebido passou a ensurdecedor, eu opto por usar a minha voz até que ela doa.

Por vezes, perder é ganhar

O futuro ex-eurodeputado, Duarte Freitas, conseguiu algo de insólito na política: ao ser despromovido, criou todas as condições para se tornar um grande líder. O próximo episódio da saga Duarte Freitas bem podia ter como título: “O novo líder parlamentar”.

Mas para isso, era preciso que o PSD Açores rompesse de vez com um passado que ainda o bloqueia.

sábado, abril 18, 2009

Paraíso Perdido XII

Os papagaios

Há papagaios que têm sorte. Basta fazer tudo o que lhes mandam que terão sempre comida à farta e lugar de destaque. Com a sua plumagem nobre até inspiram respeito, mas costuma ser só fachada. Desses papagaios não se vislumbra espírito de iniciativa: repetem o que aprenderam e empoleiram-se nos ombros de quem verdadeiramente manda só para parecer o que realmente não são. Por estas alturas de compromissos eleitorais, nunca vi tantos papagaios a saírem das suas gaiolas quando, há algum tempo atrás, não passavam de aves mudas.

Sempre me disseram que não há almoços grátis. Sempre me disseram que quando alguém dá alguma coisa é porque também pretende outra em troca. Como Amigo da Terceira, sempre reclamei por parte dos governantes a maior atenção e o maior carinho por esta terra.

Por isso, quando vejo o próprio Presidente do Governo Regional a lançar primeiras pedras para futuras obras e a anunciar futuros investimentos a curto prazo, só me posso regozijar com esse facto. No entanto, olho com atenção para quem o acompanha em tão solenes actos e percebo a razão da súbita preocupação para com a ilha.

Este é um dos defeitos da Democracia. E este defeito bem podia ter como lema: "político-papagaio; não faz nada, mas aparece de soslaio".

Assim sendo, interrogo-me: se os terceirenses não fizerem o que Carlos César lhes diz, subliminarmente, para fazer, serão eles castigados?

A pobreza mora ao lado

O Banco de Portugal deu uma deu uma notícia deveras aterradora: Portugal tem mais de dois milhões de pobres e os Açores, a par com a Madeira, são as regiões mais pobres do país.

Dá que pensar. Dá que pensar regiões que se advogam ser autênticos paraísos para quem as visita terem afinal pobres em cada esquina. Regiões que são politicamente autónomas, que recebem milhões em fundos europeus mas que na verdade só contribuem para criar ainda mais desigualdades na sociedade. Por mais iniciativas de cariz social que se crie - que culminam com o famigerado Rendimento Social de Inserção -, a pobreza não só desapareceu como aumentou. Se eu fosse Alberto João Jardim ou Carlos César tinha vergonha. Mais ainda, com vergonha, demitia-me do cargo.

Mas, afinal, porquê tanta revolta da minha parte se as pessoas estão felizes com o pouco que têm? Para quem quer mais, subsiste a solução de sempre: emigrar.

O cozinheiro de Saddam

O emigrante português sempre me surpreendeu pela sua natureza aventureira e, por vezes, descarada. Diz a imprensa que um açoriano, natural de São Jorge, foi cozinheiro de Saddam Hussein, no Iraque, na década de 80.

Em entrevista à Lusa, lá foi contando algumas das suas peripécias em terras árabes, mas sempre com o cuidado de não se alongar muito, pois jurou que iria guardar segredo do que lá viu. Ao ler o seu testemunho, imaginei-o na cozinha sorridente com a bandeira dos Açores ou de Portugal, mas não. Andava, o nosso açoriano, com a foto do ditador pregada na gola do casaco ou ao peito. Verdade seja dita, naquele tempo, a nossa selecção ainda não tinha nem o Scolari nem o Ronaldo. Mas o que me surpreendeu mais nessa entrevista, não foi a relação próxima que se criou entre a gastronomia portuguesa e Saddam Hussein, foi o fascínio que um ditador provoca nas pessoas. Aliás, será fascínio ou medo? O culto da personalidade que os ditadores cultivam é a prova de uma demência profunda que desencadeia nas outras pessoas sentimentos de adulação e até comiseração.

Quando Armando Sequeira lamentou a forma triste como Saddam Hussein tinha morrido, lembrei-me de outras milhares de pessoas que foram assassinadas sob a sua ordem e também lamentei. Mas, pelos vistos, não se deve comparar um mortal com um ditador.

sexta-feira, abril 17, 2009

Uma bofetada para mim e para todos

O aspecto físico sempre foi um dos factores predominantes em programas televisivos como os Ídolos.
O talento pode superar largamente esse requisito tão valorizado na nossoa sociedade, mesmo quando o resto é vazio.
Vi este vídeo e rendi-me. Aquela mulher não é bonita, tornou-se bonita quando ninguém dava nada por ela.

terça-feira, abril 14, 2009

Cuidado com a manchete


Talvez Diário Insular se tenha enganado ou tenha sido enganado pelo governo.


São dois milhões de obras a decorrer na ilha Terceira ou são dois milhões em obras a gastar para obras na ilha?

O Governo na Terceira

Para alguém como eu, que sempre fala sobre a Terceira, é com contentamento que vejo Carlos César a lançar primeiras pedras para futuras obras na ilha e discursos em que anuncia mais investimentos.
Num primeiro momento, diria: até que enfim que se lembrou deste ilha!
Num segundo momento, olho para a fotografia e vejo quem são os papagaios. Percebo então a razão pela qual todos estes investimentos aparecem em catadupa.
Ainda dizem que os outros - os da oposição - é que devem fazer jogo limpo.
Não. É tempo de pagar, e com juros, o que não se fez no passado.

sexta-feira, abril 10, 2009

A morte do atlântida ainda no parto

Quando Berta Cabral disse que, por ela, rompia o contrato com a Atlântida, face aos problemas vindos a lume graças à comunicação social, muitos a chamaram de irresponsável.
Agora que o governo decidiu mesmo fazer o mesmo, em que ficamos? Ambos irresponsáveis?
Se num contrato que não é respeitado por um dos lados, uma as cláusulas preveja a possibilidade de o cancelar, com direito a indemnização, não pode haver dúvidas sobre qual a posição a ter.
Abrir precedentes quando estão em jogo milhões de euros, e numa altura tão dramática para as pessoas, seria indecente e desastroso.
Convém parar e repensar o negócio de transporte marítimo, averiguando outras possibilidades. Na altura da campanha eleitoral, Costa Neves tinha uma ideia interessante que se afigurava mais rentável e realista.
Este mandato do PS começa bem mal e vislumbra o início da queda da era César nos desígnios da região. Obviamente, quem deu a cara foi Vasco Cordeiro, o próximo líder do PS Açores. Carlos César só aparece quando há notícias boas.
Diria agora: cuidado com o negócio dos aviões.